03/01/2011

ALMORRÓIDA DISUASORA



Guarda prisional cria grupo cinotécnico 
para detectar droga e reforçar segurança

por Rosa Ramos

A GNR treinou 16 cães e oito guardas, durante 14 semanas, para que possam actuar junto das cadeias portuguesas

Durante 14 semanas, a GNR treinou 16 cães e deu formação a oito guardas prisionais que vão integrar o Grupo Operacional Cinotécnico do Corpo da Guarda Prisional. Os cães vão ser usados para detectar droga nas prisões, mas também estão treinados para ajudar a repor a ordem em caso de conflitos em contexto prisional, como o da semana passada, na cadeia de Custóias. Segundo Jorge Alves, presidente do Sindicato dos Guardas Prisionais, este grupo será inaugurado brevemente.

Uma das tarefas da equipa, cuja formação terminou no dia 23 de Dezembro, será evitar a entrada de droga nas cadeias. O sindicato espera que só a presença dos cães "à porta das visitas" seja responsável por que "metade das pessoas acabe por não entrar" nos estabelecimentos prisionais. O papel preventivo dos animais poderá ser estendido igualmente às entradas dos próprios funcionários das cadeias, uma vez que os cães também estão treinados para actuar no âmbito da manutenção da ordem. Assim, casos como o da cadeia de Custóias, em que quatro guardas prisionais tiveram de receber tratamento hospitalar, "poderão ser evitados", defende Jorge Alves, já que os cães "são um excelente meio auxiliar de segurança". Muitas vezes, sublinha o sindicalista, "o cão pode ser um elemento dissuasor muito mais persuasivo do que uma arma".

Dos oito guardas prisionais que integram o grupo cinotécnico, quatro ficarão em Lisboa e estão preparados para actuar a sul, enquanto os restantes serão deslocados para Santa Cruz do Bispo, na zona do Porto, e vão ocupar-se das cadeias a norte. Mesmo assim, a equipa está longe de ser a ideal. "Precisaríamos de quatro equipas em cada delegação, cada uma com quatro ou cinco homens, de forma que todos os estabelecimentos prisionais pudessem estar cobertos 24 horas por dia", admite o presidente do Sindicato dos Guardas Prisionais. Só existindo duas equipas, os cães vão ser utilizados, numa primeira fase, para intervir em situações em que seja preciso "fazer uma busca ou revistas, para encontrar material ilícito".

A criação de um grupo cinotécnico da guarda prisional foi proposta à Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) pelo sindicato há cerca de meio ano, apesar de já existir um protocolo assinado com a GNR para o treino de cães desde 1999. Da mesma proposta do sindicato fazia parte uma restruturação do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP), criado em 1995. "Para melhor rentabilizar os meios e o pessoal", a proposta previa que o estatuto do GISP passasse do actual, de divisão, ao de unidade especial - à semelhança do que acontece na PSP -, passando a chamar-se "Unidade Especial de Segurança Prisional" e ficando subdividido em quatro grupos.

Além do grupo cinotécnico, agora criado, foi proposto outro, vocacionado unicamente para a intervenção primária nas cadeias - em caso de motins, por exemplo. Um terceiro grupo seria especializado na remoção e no transporte de reclusos, bem como no acompanhamento de julgamentos considerados perigosos. O quarto grupo ficaria encarregado da parte logística e administrativa.

Actualmente, o "grande problema" do GISP, segundo Jorge Alves, é estar "muito virado para o acompanhamento de todo o tipo de reclusos, quando deveria estar virado apenas para intervenções pontuais e que representem grande perigo". Mesmo assim, e apesar de não saber se a reestruturação irá avançar, o sindicato defende que o grupo cinotécnico é já "um grande passo para o sistema" prisional. "Há quem defenda que o cão é um elemento que leva a que muitos reclusos fiquem sem visitas, e consequentemente percam vínculos com as famílias, mas é preferível combater o crime a permitir que ele aconteça", sublinha Jorge Alves.

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03/01/11

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