02/11/2010

ALMORRÓIDA TÓXICOLEGAL


Empresário abre loja de drogas legais no 
centro de Cascais onde “há melhores clientes”

A primeira loja de drogas legais nos arredores de Lisboa abriu portas em Cascais, um local escolhido pelo proprietário que optou pela vila por considerar que este é o sítio onde os consumidores têm mais poder de compra.

“Aqui as pessoas entram, olham, perguntam quando têm dúvidas e compram sem preocupações de preço”, afirmou à Lusa Luís Vitorino, proprietário e gerente da loja.

Localizada no edifício Baía, com janela aberta para o Largo Camões, esta é a primeira “smart shop” a abrir nos arredores de Lisboa e facilmente passaria despercebida não fosse a placa verde de um dragão com asas e a cuspir fogo a anunciar a “Imperium – Alucina a tua mente”.

Lá dentro, várias substâncias expostas em montras envidraçadas, desde ervas, sementes, cogumelos alucinogénicos, chás, incensos e afrodisíacos.

“Trata-se de produtos naturais, legalizados, com os mesmos efeitos do ecstasy ou LSD mas sem consequências negativas para a saúde”, afirmou convicto o responsável.

Com entrada permitida só a maiores de 18 anos, as portas desta “smart shop” estão abertas das 12:00 até às 24:00 e, apesar de estar em funcionamento há menos de um mês, o movimento é notório.

“Tem havido muita afluência de pessoas, a clientela é boa. Alguns vêm por curiosidade, outros estão informados e vêm direitos ao que procuram”, disse o gerente.

Um jovem, residente em Cascais, conversa com o proprietário à procura de um produto específico. Parece saber bem o que quer: “uma coisa que me ajude a relaxar, que seja forte, mas calmante. Nada de alucinogénicos”.

Luís Vitorino sugere a “Dragon”, a erva mais forte que tem, de três gramas e, por isso, mais cara (45 euros).

O cliente aproveita ainda para levar uns acessórios, mortalhas e filtros.

Entusiasmado com a abertura do novo espaço, o cliente agradece ao proprietário a oportunidade de a partir de agora poder comprar os produtos que deseja sem ter de se deslocar a Lisboa, prometendo “voltar mais vezes”.

Contudo, há quem não veja com bons olhos esta novidade em Cascais. Alice Cruz, de 50 anos, não concorda que o concelho incentive o consumo de drogas, ainda que sejam legais.

“Isto não tem nada a ver com Cascais, que é um local de tanta gente mais conservadora. No Bairro Alto ainda se percebe, porque é frequentado por mais jovens, estrangeiros e de vários estratos sociais, mas aqui não faz sentido”, sustentou.

Também Luís Vitorino disse já se ter apercebido dos “comentários menos agradáveis” em surdina de quem passa à porta do estabelecimento e dos “olhares de lado”.

“Há senhoras que olham para dentro da loja com um ar desconfiado e quando se apercebem do que está à venda fazem um ar reprovador”, adiantou.

Opiniões diferentes têm três jovens, entre os 24 e 26 anos, já clientes do novo estabelecimento de Cascais.

“É uma forma de abrir mentalidades, fugir às drogas ilegais, além de que é um negócio como todos os outros”, explicou à Lusa um dos rapazes.

“Antes tínhamos de ir a Lisboa, agora temos a loja mais perto. Para nós é vantajoso”, rematou o amigo.

Mas nem só de drogas vive a “Imperium”. Além de acessórios, como as tradicionais “chichas” marroquinas, estão ainda à venda peças de vestuário.

Com licença atribuída pela Câmara de Cascais e com fiscalização da ASAE, Luís Vitorino explicou que o processo para legalização do estabelecimento foi muito demorado, cerca de três anos.

Num cenário de cores suaves a remeter para uma ambiente “zen”, Luís Vitorino assegurou que a nova loja não se destina a um escalão etário específico, mas sim, a atrair todo o tipo de clientes.

Para a Associação Empresarial do Concelho de Cascais, a nova loja traz um conceito “controverso” e “polémico”, mas que não causa constrangimentos uma vez que respeita a legalidade.

“É um facto que não é um negócio normal, mas para nós, na ótica empresarial e comercial, desde que seja legal é bem vindo a Cascais”, disse à Lusa o presidente daquela associação Armando Correia.

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02/11/10

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