10/10/2010

JOANA AMARAL DIAS




Da sua conta

Como todos sabem mas já poucos recordam, foi a ganância da banca, aliada à negligência da supervisão, que originou a crise. E foi o dinheiro dos contribuintes que salvou esses mesmos bancos.

Aliás, só o montante enterrado no BPP e BPN baixaria o défice em 2,7%. Mais. A maior fatia da dívida externa pertence ao sector bancário. Com uma diferença: essas instituições emprestam a 7% o dinheiro que, por sua vez, obtiveram a 1% do Banco Central Europeu. Mas os bancos recapitalizam--se também aumentando spreads, comissões e pouco IRC pagando. De novo, são os cidadãos a bancar a crise. Como se não bastasse, 93% do exigido esforço de mil milhões de euros em impostos será suportado pelos consumidores. Só 7% pelos bancos.

Perante este saque, o governador do Banco de Portugal não tem uma palavra sobre o contributo que a sua instituição, com as suas divisas, reservas, activos e ouro, poderia prestar. Já o presidente da Caixa Geral de Depósitos, que devia ser o primeiro a respeitar e fazer respeitar regras, logo avisou que serão os clientes a pagar essa pequena taxa sobre as instituições bancárias vagamente anunciada pelo governo, estimulando os privados a fazer o mesmo. Ou pior. Pois é. Estão a mexer à grande no seu bolso. E não há Estado que lhe acuda. Antes pelo contrário.

Docente Universitária

IN "CORREIO DA MANHÃ"
09/10/10
 

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