25/06/2010

JOSÉ DE PINA







A superioridade anormal da esquerda

Há menos de um mês, Cavaco Silva pediu aos portugueses que fossem para fora cá dentro. Mas, nas suas últimas férias, fez o contrário, foi para dentro e ficou de fora. Mas a culpa do presidente não ter comparecido ao funeral de José Saramago tem um nome: Açores! Estas ilhas sempre tiveram uma aura de mistério. Há quem defenda que são o que resta da mítica Atlântida. Eu acho que os Açores são a ilha da série "Lost". Neste fim-de-semana, parecia que estava a assistir à 7.a temporada, com Cavaco Silva e o açoriano Jaime Gama, as duas primeiras figuras do Estado, desaparecidas nos Açores, sem conseguirem de lá sair. Mas estas enigmáticas ilhas já estiveram na origem de outros casos de desaparecimento. O deputado Ricardo Rodrigues, que fez desaparecer dois gravadores a jornalistas da "Sábado", é açoriano. Foi com o açoriano Mota Amaral que as escutas de Sócrates, do caso PT/TVI, desapareceram do inquérito. De qualquer modo, Cavaco acabou por fazer aquilo que os esquerdistas pediram: separar a obra do homem. Quem foi a enterrar foi o homem e não a obra, essa continua viva. Tudo certo. Já na Assembleia, PCP e BE foram contra o voto de pesar ao poeta Couto Viana; não separaram a obra do homem. A esquerda não tem superioridade moral, tem superioridade anormal! Uma nota para aqueles que no funeral gritaram "a luta continua"; o que se deve dizer é "a vida continua", a não ser que se esteja num comício. Não era o caso, porque Jerónimo, apesar de ter saído da câmara municipal a sorrir e a agradecer os aplausos dos camaradas, não cerrou o punho direito.


in "i"

23/06/10

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