14/06/2010

JOANA AMARAL DIAS









Candidato do outro século


Para Cavaco Silva a prioridade sempre foi a popularidade. Por isso ignora o essencial ou insiste num discurso anti-políticos, falso (governou 10 anos) e perigoso. Mas, agora, vive para escapar à crise e ser reeleito. Vejam-se as declarações do 10 de Junho.

Este outro candidato poeta e patriótico falou da identidade algarvia e do seu "abraço permanente com o mar", revelando um desfasamento do Algarve actual como sucedeu com a recente exaltação do turismo doméstico. Sobretudo, contradizendo-se já que clamou pela coesão, mas destacou uma só região e apelou à "repartição dos sacrifícios", sabendo-se que os seus executivos muito aumentaram as desigualdades e que agora apoia os PEC. Aliás, o PR referiu-se à crise como inevitável, isentando de encargos os governantes (inclusive o próprio), como se a culpa fosse de (quase) todos em geral e de ninguém em particular. E afirmou, inconsequentemente, que "chegámos a uma situação insustentável", sem avançar soluções.

Eis um inquilino de Belém que defende férias "orgulhosamente sós", mas Algarve para pesca, que não tem nem responsabilidades nem alternativas e cuja política é imobilista e eleitoralista. Na presente situação Portugal desespera por um PR. E apenas leva com um candidato dos anos 80.

DOCENTE UNIVERSITÁRIA


in "CORREIO DA "MANHÃ"
12/06/10

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