Indiferentes a José Sócrates
Faz-me impressão as casas com assinatura do engenheiro-técnico José Sócrates serem, pelo que vi ontem no Público, sistematicamente medonhas. Como pode o autor desta sustentada poluição visual ter chegado a ministro do Ambiente?
Faz-me impressão o generoso José Sócrates - à época presidente da concelhia do PS na Covilhã, líder da federação do partido em Castelo Branco e deputado eleito pelo distrito - alegar em sua defesa ter elaborado estas 21 pérolas da engenharia civil beirã a pedido de amigos, sem receber um tostão… Como se assinar projectos "por cunha" e, pelo que parece ser sugerido, "de cruz", fosse actividade isenta de crítica e totalmente insuspeita!
Faz-me impressão o primeiro- -ministro José Sócrates insistir em atirar-se ao jornalismo: as notícias sobre a tentativa de controlo da comunicação social são "mau jornalismo". As notícias sobre o que fez ou não fez no Freeport são "mau jornalismo". As notícias sobre a licenciatura na Universidade Independente são "mau jornalismo". As notícias sobre a compra da casa onde vive são "mau jornalismo". As notícias sobre as obras como engenheiro-técnico são "mau jornalismo".
O que será, afinal, "bom jornalismo" para Sócrates? As notícias sobre fraudes na compra de submarinos, no tempo do Governo Durão e Portas?
Faz-me impressão ter a Câmara da Guarda negado aos jornalistas o acesso aos seus arquivos. E faz- -me ainda mais impressão os tribunais demorarem três anos a decidir o indiscutível direito da comunicação social a ter acesso a documentos oficiais de uma simples autarquia, produzidos na longínqua década de 80.
Mas, contraditoriamente, faz- -me impressão ser possível ter mais do que uma interpretação jurídica sobre uma legislação aparentemente simples, de 1985, que define os limites do regime de exclusividade do deputado. Então não é claro, lendo a dita lei, ao contrário do que escreve o Público, que o deputado abrangido por essa exclusividade pode fazer, na sua "vida civil", o que lhe apetecer, desde que não cobre dinheiro? Para aquele jornal e, imagino, para os juristas politizados que nas próximas semanas ouviremos dissertar sobre o tema, pode ser que sim e pode ser que não… Como sempre, não há leis claras em Portugal!
Tudo isto me faz impressão, mas, pelos vistos, não impressiona os leitores. A maioria segue a sua vida, às vezes protestando, é certo, mas sem mudar o sentido de voto, como se vê pelas eleições ou pelas sondagens… Compram é menos jornais.
Faz-me impressão o generoso José Sócrates - à época presidente da concelhia do PS na Covilhã, líder da federação do partido em Castelo Branco e deputado eleito pelo distrito - alegar em sua defesa ter elaborado estas 21 pérolas da engenharia civil beirã a pedido de amigos, sem receber um tostão… Como se assinar projectos "por cunha" e, pelo que parece ser sugerido, "de cruz", fosse actividade isenta de crítica e totalmente insuspeita!
Faz-me impressão o primeiro- -ministro José Sócrates insistir em atirar-se ao jornalismo: as notícias sobre a tentativa de controlo da comunicação social são "mau jornalismo". As notícias sobre o que fez ou não fez no Freeport são "mau jornalismo". As notícias sobre a licenciatura na Universidade Independente são "mau jornalismo". As notícias sobre a compra da casa onde vive são "mau jornalismo". As notícias sobre as obras como engenheiro-técnico são "mau jornalismo".
O que será, afinal, "bom jornalismo" para Sócrates? As notícias sobre fraudes na compra de submarinos, no tempo do Governo Durão e Portas?
Faz-me impressão ter a Câmara da Guarda negado aos jornalistas o acesso aos seus arquivos. E faz- -me ainda mais impressão os tribunais demorarem três anos a decidir o indiscutível direito da comunicação social a ter acesso a documentos oficiais de uma simples autarquia, produzidos na longínqua década de 80.
Mas, contraditoriamente, faz- -me impressão ser possível ter mais do que uma interpretação jurídica sobre uma legislação aparentemente simples, de 1985, que define os limites do regime de exclusividade do deputado. Então não é claro, lendo a dita lei, ao contrário do que escreve o Público, que o deputado abrangido por essa exclusividade pode fazer, na sua "vida civil", o que lhe apetecer, desde que não cobre dinheiro? Para aquele jornal e, imagino, para os juristas politizados que nas próximas semanas ouviremos dissertar sobre o tema, pode ser que sim e pode ser que não… Como sempre, não há leis claras em Portugal!
Tudo isto me faz impressão, mas, pelos vistos, não impressiona os leitores. A maioria segue a sua vida, às vezes protestando, é certo, mas sem mudar o sentido de voto, como se vê pelas eleições ou pelas sondagens… Compram é menos jornais.
in"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
06/04/10
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