24/04/2010

HUMBERTO DELGADO

General Humberto Delgado

Humberto da Silva Delgado (Brogueira, Torres Novas, 15 de Maio de 1906Villanueva del Fresno, 13 de Fevereiro de 1965) foi um militar português da Força Aérea que corporizou o principal movimento de tentativa de derrube da ditadura salazarista através de eleições, tendo contudo sido derrotado nas urnas, num processo eleitoral fraudulento[1] que deu a vitória ao candidato do regime ditatorial vigente, Américo Tomás.


Os primeiros anos

Frequentou o Colégio Militar, onde recebeu o número 156, cujo curso concluiu em 1922. Em 1925 entrou na Escola Prática de Artilharia, de Vendas Novas. Participou no movimento militar de 28 de Maio de 1926, que derrubou a República Parlamentar e implantou a Ditadura Militar que, poucos anos mais tarde, em 1933, iria dar lugar ao Estado Novo liderado por Salazar. Durante muitos anos apoiou as posições oficiais do regime salazarista, particularmente o seu anticomunismo.

[editar] A carreira militar

Representou Portugal nos acordos secretos com o Governo Inglês sobre a instalação das Bases Aliadas nos Açores durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1944 foi nomeado director do Secretariado da Aeronáutica Civil. Entre 1947 e 1950 representou Portugal na Organização da Aviação Civil Internacional, sediada em Montreal, Canadá. Foi procurador à Câmara Corporativa entre 1951 e 1952. Em 1952 foi nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos Representantes Militares da NATO. Promovido a general na sequência da realização do curso de altos comandos, onde obteve a classificação máxima, passa a Chefe da Missão Militar junto da NATO. Regressado a Portugal foi nomeado Director-Geral da Aeronáutica Militar.

Na oposição ao regime

Os cinco anos que viveu nos Estados Unidos da América modificam a sua forma de encarar a política portuguesa. Convidado por opositores ao regime de Salazar para se candidatar à Presidência da República, em 1958, contra o candidato do regime, Américo Tomás, aceita, reunindo em torno de si toda a oposição ao Estado Novo.

Monumento de homenagem ao General Humberto Delgado, da autoria do escultor José Rodrigues, inaugurado a 14 de Maio de 2008 na Praça Carlos Alberto no Porto.

Numa conferência de imprensa da campanha eleitoral, realizada em 10 de Maio de 1958 no café Chave de Ouro, em Lisboa, quando lhe foi perguntado por um jornalista que postura tomaria em relação ao Presidente do Conselho Oliveira Salazar, respondeu com a frase "Obviamente, demito-o!". Esta frase incendiou os espíritos das pessoas oprimidas pelo regime salazarista que o apoiaram e o aclamaram durante a campanha com particular destaque para a entusiástica recepção popular na Praça Carlos Alberto no Porto a 14 de Maio de 1958. Devido à coragem que manifestou ao longo da campanha perante a repressão policial foi cognominado «General sem Medo». O resultado eleitoral não lhe foi favorável graças à gigantesca fraude eleitoral montada pelo regime.

O exílio e a morte

Em 1959, na sequência da derrota eleitoral, vítima de represálias por parte do regime salazarista e alvo de ameaças por parte da polícia política, pede asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio neste país.[2] Convencido de que o regime não poderia ser derrubado por meios pacíficos promove a realização de um golpe de estado militar, que vem a ser concretizado em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e outras posições estratégicas importantes de Portugal. O golpe, porém, fracassou. Pensando vir reunir-se com opositores ao regime do Estado Novo, Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola em Villanueva del Fresno, em 13 de Fevereiro de 1965. Ao seu encontro vai um grupo de agentes da PIDE, liderados por Rosa Casaco, que o assassina bem como à sua secretária.

Depois do 25 de Abril

Em 1990 foi nomeado, a título póstumo, Marechal da Força Aérea. O seu corpo está no Panteão Nacional

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