A visita de Cavaco Silva a Praga foi um monumento à falta de sentido de Estado reinante na União Europeia. Logo no primeiro encontro oficial, esse elefante-em-loja-de-porcelana chamado Václav Klaus atirou-se aos países com défice excessivo (onde está Portugal)... A visita de Cavaco Silva a Praga foi um monumento à falta de sentido de Estado reinante na União Europeia. Logo no primeiro encontro oficial, esse elefante-em-loja-de-porcelana chamado Václav Klaus atirou-se aos países com défice excessivo (onde está Portugal). A crítica fazia sentido? Evidentemente… mas em privado. E como que a confirmar que não foi uma "gaffe", Klaus repetiria as críticas num encontro com empresários. Mas se Václav Klaus esteve mal, Cavaco Silva esteve pior. Embaraçado pelo ataque do seu homólogo, insistiu em incluir a "esquecida" Irlanda no grupo dos países com problemas orçamentais. Como que a lembrar que há mais prevaricadores, além de Portugal e Grécia. Cavaco parecia aquele aluno que, repreendido pela professora, contesta: "Mas eu não estou sozinho. O Zequinha também molhou a sopa". As falhas de Cavaco em Praga são uma surpresa num político com a sua experiência (foi 1ºministro durante dez anos e leva quase cinco de Presidência). Ao lembrar que Portugal e Grécia não estão sozinhos, o presidente nivelou por baixo a discussão dos défices excessivos e arvorou-se em julgador da situação financeira da Irlanda, esquecendo-se que essa função cabe aos mercados. Ora, o que os mercados estão a dizer é que estão pouco preocupados com a Irlanda, provavelmente porque o país está a fazer o trabalho de casa e… muito preocupados connosco (vá-se lá saber porquê, senhor Presidente!). Além disso, Cavaco parece ignorar que há grandes diferenças entre o tecido produtivo irlandês e o português. "Gaffes" a mais para um economista com a sua experiência. in "JORNAL DE NEGÓCIOS" 19/04/10 |
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