07/02/2010

PAIVA COUCEIRO


Paiva Couceiro nos seus tempos de Angola.

Henrique Mitchell de Paiva Couceiro (Lisboa, 30 de Dezembro de 1861Lisboa, 11 de Fevereiro de 1944) foi um militar, administrador colonial e político português que se notabilizou nas campanhas de ocupação colonial em Moçambique e em Angola e como inspirador das chamadas incursões monárquicas contra a Primeira República Portuguesa em 1911, 1912 e 1919. Presidiu ao governo da chamada Monarquia do Norte, de 19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919, na qual colaboraram activamente os mais notáveis integralistas lusitanos. A sua dedicação à causa monárquica e a sua proximidade aos princípios do Integralismo Lusitano, obrigaram-no a alguns períodos de exílio, antes e depois da instituição do regime do Estado Novo em Portugal.


Biografia

Henrique Mitchell de Paiva Couceiro nasceu em Lisboa, filho do general José Joaquim de Paiva Cabral Couceiro, notável oficial de engenharia do Exército Português, e de Helena Isabel Teresa Mitchell, uma protestante irlandesa convertida ao catolicismo.

Destinado a fazer a carreira das armas, depois de fazer os seus estudos preparatórios em Lisboa, assentou praça em 1879 no Regimento de Cavalaria Lanceiros de El-Rei e ingressou na Escola do Exército, onde concluiu o curso de Artilharia em 1889.

Cobriu-se de glória e fama nacional, pela acção militar notável que conduziu em Humpata, no contexto da campanha militar de Angola (1889-1891), razão pela qual em Dezembro de 1890 foi agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada.

Voltou a distinguir-se na campanha de Melilla, no Marrocos Espanhol (1893).

Ajudante de campo do comissário régio em Moçambique, António Enes, teve acção notável nos combates de Marracuene e Magul contra as forças angunes do régulo Gungunhana, sendo em 1896 por isso proclamado benemérito da Pátria. A campanha de 1895 daria a Paiva Couceiro a Comenda da Torre e Espada (a sua terceira "Torre e Espada") e a medalha de Ouro de Valor Militar.

Foi apoiante de João Franco, o que em boa parte explica ter sido nomeado Governador de Angola em 1907, mantendo-se no cargo até 1909, realizando um vasto plano de obras de fomento. Comandou as campanhas militares de pacificação das regiões de Cuamato e dos Dembos.

Foi ainda ajudante-de-campo honorário do rei D. Carlos I de Portugal e seu oficial às ordens.

Comandou a incursão monárquica de 1911, participou na de 1912 e em 1919 proclamou a Monarquia do Norte, de curta duração, da qual foi o Presidente da Junta Governativa do Reino. Neste período foi activamente apoiado pelo líderes integralistas, entre os quais Luís de Almeida Braga (seu secretário) e António Sardinha. Na tentativa do Monsanto, em Lisboa, foi apoiado por Pequito Rebelo e Hipólito Raposo. Por este papel determinante nas incursões feitas pelos monárquicos e pela sua fidelidade à causa ficou conhecido entre os seus apoiantes por O Paladino.

Foi exilado pelo salazarismo em 1935 e de novo em 1937, por ter criticado publicamente a política colonial do regime.

Em 21 de Novembro de 1896 casou com D. Júlia Maria do Carmo de Noronha (1873 — 1941), filha primogénita e herdeira de D. Miguel Aleixo António do Carmo de Noronha, 3.º conde de Paraty, e de sua mulher Isabel de Sousa Botelho, filha de D. Fernando de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos (1849 — 1936), 2.º conde de Vila Real. Desse casamento resultou a seguinte descendência:

  • Isabel Maria do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro;
  • José António do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro;
  • Helena Francisca Maria do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro, freira na congregação das Doroteias;
  • Maria do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro;
  • Miguel António do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro, 4.º conde de Paraty.

Ao longo da sua carreira recebeu múltiplas condecorações, entre as quais:

Obras publicadas

  • Relatório de viagem entre Bailundo e as terras do Mucusso, Imprensa Nacional, 1892
  • Angola: Estudo administrativo, Tipografia da Cooperativa Militar, 1898
  • Artur de Paiva, A. Liberal, 1900
  • A Democracia Nacional, Imprensa Portuguesa, Lisboa, depositários França & Arménio, Coimbra, 1917
  • O Soldado Prático", Tipografia Silvas, Ltd, Lisboa, para as Edições Gama, Lisboa, 1936
  • Angola: dois anos de governo, Junho 1907 — Junho 1909, Edições Gama, Lisboa, 1948 [foi acompanhada pela obra de Norton de Matos, Angola: ensaio sobre a vida e acção de Paiva Couceiro em Angola que se publica ao reeditar-se o seu relatório de Governo Edições Gama, Lisboa, 1948].
  • Angola, história e comentários, Tipografia Portuguesa, 1948
  • Angola: Projecto de Fomento, Edição da Revista "Portugal Colonial", Lisboa, 1931
  • Subsídios para a Obra do Ressurgimento Nacional, Fascículo I - O Estado Nacional, Tipografia "Hesperia", Madrid, 1929
  • Subsídios para a Obra do Ressurgimento Nacional, Fascículo II - A Nação Organizada, Tipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro, Lisboa, 1929
  • Profissão de Fé (Lusitânia Transformada), Prefácio de Luís de Almeida Braga, Tipografia Leitão, Porto, para as Edições Gama, Lisboa, 1944
  • Experiência de Tracção Mechanica na Província de Angola, Imprensa da Livraria Ferin, 1902
  • Carta Aberta aos Meus Amigos e Companheiros, edição da Acção Realista Portuguesa, Biblioteca de Estudos Nacionalistas, 1924
  • Projecto de Orçamento do ano Económico de 1917/18 do Distrito de Angola, Loanda, 1900.
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