JOÃO QUADROS

Os grilos calantes Imaginem que, subitamente, havia um brutal terramoto com epicentro ao largo da nossa costa. Horas depois, o mar recuava quilómetros, o que era visto como um indício de que poderia estar prestes a acontecer um brutal Tsunami capaz de varrer... Imaginem que, subitamente, havia um brutal terramoto com epicentro ao largo da nossa costa. Horas depois, o mar recuava quilómetros, o que era visto como um indício de que poderia estar prestes a acontecer um brutal Tsunami capaz de varrer Portugal de lés a lés ( incluindo Olivença, só para mostrar aos espanhóis que Olivença é naturalmente nossa). A única pessoa que podia esclarecer a situação, e ajudar a salvar milhões de vidas, era o especialista em Tsunami - Doutor "qualquer coisa" -, mas que, infelizmente, era candidato pelo PP à junta de freguesia das ilhas desertas e, assim sendo, segundo a ERC, não podia vir à televisão. Graças a uma ideia peregrina da ERC, o nosso país passava a ser habitado apenas por perceves. Em Portugal, há muitas pessoas que só gostam de abrir a boca para mandar calar os outros. São os chamados: "grilos calantes". O nosso primeiro-ministro é um deles (talvez seja mais do género: formiga calante) . Sócrates é o inventor da: "Democracia respeitosa", conceito que mistura o dos filósofos gregos - governo do povo - com o pensamento dos seminaristas de Santa Comba Dão "o respeitinho é muito bonito, e ámen." À "democracia respeitosa", eu respondo com o "voto desconfiado"; voto só 0,5 no PS. A outra metade só depois de cumpridas as promessas. A palavra democracia gosta de andar sozinha e dá-se mal com qualquer atrelado. De entre os diversos sistemas políticos que há para escolha, pessoalmente, trocava de bom grado a "democracia respeitosa" pelo: "comunismo sensível", o "fascismo regabofe" ou até o "extremismo islâmico objector de consciência". Esta ética pobre e podre está toda no livro "A Queda de um Anjo", que é uma daquelas obras que merecia ser enfiada pela goela de muitos dos nossos dirigentes partidários. Há por aí muito Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda. Como diria o próprio Camilo: "vejam como nesta farsa da vida é ridículo o papel dos homens mais inteligentes". Assino por baixo, mas em letra irreconhecível porque não quero ter problemas com ninguém. PS . na crónica de Quarta-feira, erradamente, escrevi que o IVA sobre o CD era de - 21% , em lugar dos 20% a que, na realidade, é taxado este produto. A todos peço desculpa, e desde já me ofereço para pagar o prejuízo que possa ter causado aos leitores. Como não deve ser muito, faço como as Finanças fizeram este ano - a minha devolução de IRS, de tão insignificante, foi feita em pastilhas Gorila. Argumentista/humorista Assina esta coluna todos os dias durante o verão no "jornal de negócios"