05/07/2009

D. SANCHO II



D. Sancho II
Monarca de Portugal

D. Sancho II, rei de Portugal

Ordem: 4.º Monarca de Portugal
Cognome(s): O CAPELO
Início do Reinado: 25 de Março de 1223
Término do Reinado: 4 de Dezembro de 1248
afastado da governação a partir de 24 de Julho de 1245
Aclamação: Coimbra, 1223
Predecessor(a): D. Afonso II
Sucessor(a): D. Afonso III
Pai: D.Afonso II
Mãe: D. Urraca de Castela
Data de Nascimento: 8 de Setembro de 1209
Local de Nascimento: Coimbra
Data de Falecimento: 4 de Janeiro de 1248
Local de Falecimento: Toledo, Castela
Local de Enterro: Catedral de Santa Maria, Toledo
Consorte(s): D. Mécia Lopes de Haro
Príncipe Herdeiro: Infante D. Afonso (irmão)
Dinastia: Borgonha (Afonsina)

D. Sancho II (cognominado O Capelo por haver usado um enquanto criança; alternativamente, é também conhecido como O Pio ou O Piedoso), quarto rei de Portugal, nasceu em Coimbra a 8 de Setembro de 1209, filho do rei Afonso II de Portugal e da rainha D. Urraca de Castela.


Vida antes do reinado

Sancho II viria a chefiar um reino que atravessava uma profunda crise económica que já se tinha feito sentir nos tempos do seu avô Sancho I, devido a uma série de factores conjunturais e locais, como as más colheitas e consequente subida de preços e fome, ou a escassez dos frutos de pilhagens e saques a potências inimigas nos últimos anos do seu reinado. Daí que em 1210 tenhamos registo de Sancho I, juntamente com Vasco Mendes terem recorrido à pilhagem da quinta de um dos seus próprios paisanos, Lourenço Fernandes da Cunha, para enriquecer os cofres reais. Esta acção não parece ter sido isolada, e virá a repetir-se, seguindo o exemplo real.

Neste ano conturbado crê-se ter nascido Sancho II (1210), provavelmente entre os dois últimos meses. O jovem Sancho esteve, pelo menos durante esses primeiros anos do reinado de Afonso, debaixo da tutelagem dos seus vassalos Martim Fernandes de Riba de Vizela e Estevainha Soares da Silva, casal nobre ligado por parentesco aos Sousa e aos de Lanhoso. Martim tinha sido alferes do rei em 1203, posição que manterá até à morte deste, para subir, com Afonso II, ao mordomado, no mesmo ano em que este assume a Coroa. Parece contudo morrer em 1212, deixando Sancho, que não podia ter mais de 2 anos, a cargo de sua mulher Estevainha. Em 1213, através de uma doação feita por Estevainha a um mosteiro, sabemos que o jovem Sancho se encontrava doente. Embora não se saiba ao certo, é provável que Sancho tenha sido criado em Coimbra, na região do Entre Douro e Minho, e que sua ama tenha sido Teresa Martins, filha de Estevainha.

No verão de 1222, Afonso II "já não confirma os diplomas por sua mão, uma manifestação inequívoca de incapacidade", e Sancho, o infante herdeiro, estava ainda a um ou dois anos da idade da róbora. Numa perspectiva destas, o futuro do reino português era, a um ano da coroação de Sancho II, incerto, pelo menos o da linha de Afonso II. Façamos referência ainda a Martim e Pedro Sanches, um o filho bastardo de Sancho I; o outro seu meio-irmão. O primeiro tinha feito uma investida militar contra Braga e Guimarães, desbaratando a hoste real em 1220 e assim dando o exemplo para que, em Junho de 1222, Afonso IX de Leão tomasse o castelo de Santo Estêvão de Chaves, o segundo foi promovido ilimitadamente na corte leonesa aquando da morte do seu irmão Afonso II. Ambos foram revestidos de tenências de terras muito perto das fronteiras portuguesas, e ambos representaram uma ameaça permanente nesta conjuntura para a sobrevivência independente do então ainda jovem reino português.

Reinado

Sancho subiu ao trono em 1223 e foi sucedido pelo irmão Afonso III em 1248 (embora tenha abdicado em 1247, só após a sua morte Afonso se declarou rei).

Por altura da sua coroação, Portugal encontrava-se envolvido num sério conflito diplomático com a Igreja Católica. Seu pai, o rei Afonso II, havia sido excomungado pelo Papa Honório III, pelas suas tentativas de reduzir o poder da Igreja dentro do país. Sancho II assinou um tratado de 10 pontos com o Papa, mas não fez muita questão em passá-lo à prática, dando mais atenção à Reconquista da Península Ibérica. Sancho II conquistou várias cidades no Algarve e no Alentejo tendo, para tal, muito contribuído a acção da Ordem de Santiago. Esta Ordem militar recebeu como pagamento dos serviços prestados diversas povoações, tais como Aljustrel, Sesimbra, Aljafar de Pena, Mértola, Aiamonte e Tavira.

Sancho II provou ser um general capaz e eficiente, mas no campo administrativo mostrou-se menos dotado. O rei manteve-se sobretudo interessado pelo lado militar do seu reinado e assim abriu o flanco para disputas internas e intrigas da nobreza. Com a situação da Igreja bastante comprometida, o bispo do Porto Martinho Rodrigues fez uma queixa formal ao Papa, que no século XIII detinha poder de colocar e retirar coroas conforme os seus interesses. No concílio de Lião de 1245, o Papa Inocêncio IV, através da bula Inter alia desiderabilia e Grandi non emmerito' excomungou e depôs Sancho II, considerando-o um «rex innutilis» (ou seja, que não sabia administrar a justiça no seu reino), tendo ordenado aos Portugueses que escolhessem um novo rei para substituir o herege.

Em 1246, o irmão mais novo de Sancho, Afonso, então a viver em França como Conde de Bolonha, foi convidado a ocupar o trono real. Numa assembleia de prelados e nobres portugueses, reunida em Paris, D. Afonso jurou que guardaria e faria guardar todos os privilégios, foros e costumes dos municípios, cavaleiros, peões, religiosos e clérigos seculares do reino. Afonso abdicou imediatamente das suas terras francesas e marchou sobre Portugal. Apesar de não ter perdido nenhuma das batalhas contra o seu irmão, a pressão da Santa Sé levou Sancho II a abdicar em 1247 e a exilar-se em Toledo onde morreu a 4 de Dezembro de 1248. Julga-se que os seus restos mortais repousem na catedral de Toledo.

Descendência

Sancho parece ter sido consorciado (segundo a historiografia tradicional, nunca casado, dado não ter havido dispensa papal da consanguinidade, pelo que o casamento seria sempre nulo) com uma nobre biscainha, Mécia Lopes de Haro, da qual não gerou filho algum — de resto, a historiografia esforçou-se por afirmar que o rei era inapto não apenas para o exercício do governo, como também do ponto de vista físico, dizendo ser impotente. Por não haver gerado filho legítimo algum que lhe sucedesse, a coroa acabou necessariamente por recair num colateral — neste caso seu irmão mais novo Afonso III.

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