06/09/2009

CRISTOVÃO COLOMBO

Retrato póstumo feito por

Cristóvão Colombo (Gênova [?][1] [2], c. 1437/1448Valladolid, 20 de Maio de 1506) foi um navegador e explorador europeu, responsável por liderar a frota que alcançou a América em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central

Origem e controvérsias

Embora existam graves controvérsias quanto à sua origem, a teoria mais aceite desde 1892 é a genovesa, com base em certos testemunhos que assim o referem desde o final do século XV.

No entanto, o primeiro testemunho sobre a sua origem foi nos dado por duas vezes em 1486 no livro de contas de Pedro Diaz de Toledo quando este se referia a Colombo por "El Portugues". Alguns autores referem-no também milanês, dado haver disputas fronteiriças entre os Estados de Milão e Génova à época de seu nascimento.

Actualmente, alguns autores levantam hipóteses tão distintas quanto ele ter nascido em Portugal[4], na Catalunha, no País Basco, na Galiza, na Córsega, na França e até mesmo na Grécia, atribuindo-lhe, entre esses, alguns ainda, ascendência judaica.

Segundo a teoria mais aceite, Colombo teria sido um tecelão de seda genovês, um homem simples da plebe[5]. Apesar dessa origem simples, Colombo teria bons conhecimentos de várias línguas (como o latim e o hebraico), de matemática, de cosmografia, de geometria, além de conhecer todos os instrumentos de marinha e navegação, a ponto de ter sido considerado por alguns como o mais instruído homem do mar em toda a Espanha[6].

Alguns historiadores têm procurado demonstrar que o navegador mentia propositadamente a Castela para ajudar Portugal e que tinha a ajuda de Américo Vespúcio nessa missão[7].

Casamento e descendência

A casa em que se pensa que Colombo possa ter residido, na ilha do Porto Santo, na Madeira.

Em 1479 Colombo desposou Filipa Moniz, residente no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da Ordem de Santiago[8] desde a morte do pai, Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do Infante D. Henrique[9], de ascendência presumivelmente italiana, de Placência, e um dos povoadores e primeiro capitão do donatário da ilha do Porto Santo.

Da união nasceu um filho em c. 1474-80, Diogo Colombo, nomeado pela Coroa Espanhola como 2º Almirante e Vice-rei das Índias.

A partir de 1485 Colombo reside em Castela. Chegando a Córdova com a corte, teve um caso amoroso, no Inverno de 1487-1488 com uma moça humilde por nome Beatriz Enríquez da qual nasceu, a 15 de agosto de 1488, Fernando Colombo. A esta moça deixa Colombo, no seu testamento, a renda anual de 10.000 maravedis, presumivelmente como compensação pelos danos causados à sua honra [10].

O projecto de Colombo

Portugal, à época, buscava uma passagem marítima para o Oriente, que lhe permitisse comerciar directamente com a Índia, de onde eram redistribuídas as especiarias oriundas das ilhas Molucas, a par de outros produtos de luxo. Via nesse projeto uma resposta cristã à hegemonia turco-egípcia, muçulmana, sobre a rota terrestre abastecedora da Europa, particularmente das cidades de Gênova e de Veneza.

Provável retrato de Colombo em pormenor de "Virgen de los Navegantes" pintado por Alejo Fernández entre 1500 e 1536, atualmente na "Sala de los Almirantes", no Reales Alcázares de Sevilla
(foto por Manuel da Silva Rosa)

Como alternativa a esse projeto, Colombo concebeu atingir as Índias navegando para o Ocidente, contornando o planeta. As suas ideias básicas eram:

  • a esfericidade da Terra; e que
  • os mares eram formados por uma única massa.

Durante a sua estadia em Portugal, Colombo correspondeu-se com Paolo del Pozzo Toscanelli. Nessa correspondência passou intencionalmente a Toscanelli uma estimativa (incorreta) de que a distância era mais curta que a aceite pela Junta de Matemática de D. João II. Este órgão aceitava a afirmação de Ptolomeu de que a massa de terras (a Eurásia e a África) ocupava 180 graus da esfera terrestre, com 180 graus de mar. De facto só ocupa cerca de 120 graus. Colombo teria usado os cálculos de Pierre d'Ailly, acreditando que a massa ocupada por terras era de 225 graus, deixando 135 graus de mar e atribuindo um comprimento menor ao grau de longitude terrestre; estes factos, em conjunto com o globo de Martin Behaim, teriam tido a virtude de convencer os castelhanos, no Concelho de Salamanca onde apresentou o seu projeto a um grupo de religiosos e leigos, a patrocinar a sua expedição. A circunferência verdadeira da Terra é de aproximadamente quarenta mil quilómetros. Colombo teria afirmado que era de trinta mil e seiscentos quilómetros, estimando assim que a distância ao Japão era de cerca de quatro mil quatrocentos e quarenta e quatro quilómetros.

Colombo conseguiu finalmente fazer aprovar o projecto da sua viagem junto dos Reis Católicos, após a conquista de Granada, com a ajuda do confessor da rainha Isabel de Castela. Os termos da sua contratação tornavam-no almirante dos mares da Índia a descobrir e governador e vice-rei das terras do Oriente a que se propunha chegar, em competição com os portugueses que exploravam a Rota do Cabo.

As quatro viagens ao Novo Mundo

Saindo do porto de Palos, por Evaristo Dominguez, no município de Palos de la Frontera.
Mapa com as quatro viagens de Colombo.
Ilustração do desembarque de Colombo em São Salvador nas Bahamas.

Colombo partiu em sua primeira viagem de Palos de la Frontera (Huelva, Espanha), em 3 de agosto de 1492, com três pequenas embarcações: a nau Santa Maria e as caravelas Niña e Pinta. Tocou na Grã-Canária e rumou para Sudoeste; três meses depois chegou a um ilhéu das Bahamas a que deu o nome de São Salvador. Continuando a navegar costeou Cuba (segundo os próprios cubanos [11] o nome é derivado da palavra Taíno, "cubanacán", significando "um lugar central") e chegou ao Haiti a que deu o nome de Hispaniola. Convencido de ter chegado à Índia deixou lá uma pequena colônia e regressou à Europa.


A sua segunda viagem iniciou-se em 1493, com três naus e catorze caravelas. Nela avistou as Antilhas e abordou a Martinica. Rumou depois para o norte e alcançou Porto Rico. Foi a Hispaniola onde a pequena colônia tinha sido arrasada pelos indígenas. Tendo ali deixado outro contingente de homens, navegou para o ocidente e chegou à Jamaica. Nessa viagem fundou Isabela, atual Santo Domingo, na República Dominicana, a primeira povoação européia no continente americano.

Para a terceira viagem, partiu em 1498, com seis naus, tendo chegado à ilha da Trindade depois de uma atribulada viagem. Rumando ao sul chegou a uma grande terra que pensou ser uma ilha, a que chamou de Gracia. Rumando ao norte chegou a São Domingos, cidade formada por Fr. Bartolomeu de las Casas. Ali entrou em conflito com o governador vindo, ele e o irmão a ser presos e enviados para Castela.

Na quarta viagem, saiu de Cádiz com quatro naus em 1502, propondo-se uma vez mais a chegar ao Oriente. Avistou a Jamaica e, depois de grande tempestade, chegou à Ilha de Pinos nas Honduras. Avistou depois as costas da Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Devido ao péssimo estado das naus teve de regressar a Hispaniola, de onde voltou para Castela.

Os últimos anos de vida

Colombo sempre atribuiu as suas viagens ao desejo de converter novos povos ao Cristianismo, uma crença que se intensificou com a idade. Reivindicou ouvir vozes divinas, e procurou que se organizasse uma nova cruzada para capturar Jerusalém. Usava as vestes de franciscano, e descreveu as suas explorações ao "paraíso" como parte do plano divino de que resultaria o último julgamento e o fim do mundo.

Por outro lado, exigiu da Coroa castelhana dez por cento de todos os lucros nas terras novas de que viesse a tomar posse, conforme o acordo antecedente com os Reis Católicos. Como Colombo já não governava "as Índias", o novo monarca rejeitou estas pretensões. Os seus filhos processaram a Coroa castelhana para obter parte dos lucros do comércio com a América, mas perderam a causa cinqüenta anos mais tarde.

Razoavelmente rico devido ao ouro que os seus homens tinham acumulado em Hispaniola e particularmente honrado pelos seus filhos, Colombo faleceu em Valladolid a 20 de Maio de 1506.

Andres Bernaldez, cronista dos Reis Católicos, amigo íntimo e confidente de Colombo, atribui-lhe a idade de 70 anos à época do seu falecimento. Teria, assim, nascido em 1436-1437.

Restos mortais

Túmulo de Colombo na Catedral de Sevilha.
Farol a Colombo na República Dominicana.

Em 1509 os seus restos mortais foram transladados para a capela da ilha Cartuxa, em Sevilha.

Por desejo do seu filho, Diogo Colombo, as ossadas foram levadas para a Catedral de São Domingos, em 1542.

Em 1795 a ilha Hispaniola foi conquistada pela França, e parte dos seus restos mortais terão sido levados para Havana, em Cuba.

Em 1877, foi descoberta em São Domingos uma caixa de chumbo com a inscrição "Varón ilustre y distinguido Cristóbal Colón", contendo fragmentos de ossos. Estes restos permaneceram na Catedral de São Domingos até 1992, ano em que foram trasladados para o Farol a Colombo, um grande monumento construído pelo governo dominicano, para conservar os restos do Almirante, e onde também se supõe que repousam ainda alguns dos restos mortais de Colombo.

Em 1898, durante a Guerra Hispano-Americana, outra parte dos seus restos regressou a Sevilha.

Em 2004 foi aberto o túmulo de Sevilha onde foram encontrados duzentos gramas de ossos (cerca de 15% do total), que análises feitas por arqueólogos e cientistas do DNA mitocondrial apontam que os restos mortais pertencem ao ilustre navegador.

Já foi pedida autorização às autoridades da República Dominicana para analisar o túmulo de São Domingos, autorização que foi rejeitada até ao momento.

wikipédia

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