12/07/2009

3 - ABADIA DE ALCOBAÇA

COUTOS DE ALCOBAÇA
Planta dos Coutos de Alcobaça

O território cedido aos cistercienses e que, anteriormente, tinha pertencido aos mouros, provavelmente não tinha sido utilizado para a agricultura, devido às inúmeras guerras que se passavam nesse local. Os monges iniciaram de imediato o seu povoamento através da criação de granjas a partir das quais nasceram os coutos (lat. cautum: para segurança), uma espécie de comunidades que a igreja vigiava e dirigia. Estas comunidades nunca se encontravam a mais de um dia de marcha do Mosteiro. Com a passagem dos anos, os colonos locais foram adquirindo direitos de exploração próprios, sendo obrigados a prestar contas à abadia. As primeiras comunidades- como, por exemplo, a de Aljubarrota-, surgiram já nos anos de 1164/1167; as últimas foram criadas no século XIV. O único granja que perdurou até aos dias de hoje na sua estrutura básica é a Quinta do Campo, no Valado dos Frades no concelho da Nazaré. A granja já existia no século XIII, datando possivelmente do século XII, tendo sido criado através da secagem dos pântanos. A partir do século XIV, os monges criaram nesse sítio uma escola agrícola. Hoje em dia, os edifícios têm meramente um valor turístico.[4] A maior parte das localidades circundantes de Alcobaça e da Nazaré remontam ao tempo destas colonizações como nos testemunham as igrejas e as capelas construídas em primeiro lugar, assim como os pelourinhos que detinham a sua própria jurisdição. O abade de Alcobaça tinha o privilégio real de poder tomar decisões judiciais sem a confirmação do rei, pelo que alguns fugitivos ou mesmo, inicialmente, alguns criminosos, encontravam aqui protecção mesmo relativamente ao rei.[5] Deste modo, os monges cultivavam e povoavam rapidamente as terras e possuiam, através dos coutos, um domínio clerical e, simultaneamente, mundano. Já no século XIII, o Mosteiro possuia dois portos (Alfeizerão/São Martinho do Porto situados na Lagoa de Alfeizerão, e Pederneira, hoje uma parte da Nazaré), possibilitando aos monges a prática da pesca, a exportação de vinho e de sal, extraído das salinas da lagoa que existia desde a Pederneira (Nazaré) até poucos quilómetros de Alcobaça. Mais tarde, exportavam azeitonas e azeite, nozes, frutos secos e madeira. Em 1368 e em 1374, por meio de uma doação do rei D. Fernando, o domínio da abadia foi alargado com territórios perto de Paredes da Vitória e Pataias. Deste modo, passaram a fazer parte integrante do Mosteiro dezanove localidades, das quais treze se tornaram vilas, tais como Aljubarrota (1164/1167), Alvorninha ( 1210), Pederneira ( hoje Nazaré (1236/1238), São Martinho do Porto (1257), Paredes da Vitória (1282), Évora de Alcobaça (1285), Cela Nova (1286), Salir de Matos (provavelmente século XIII), Cós (1301), Maiorga (1303), Santa Catarina (1307), Turquel (1314), e Alfeizerão ( 1332, mas que já existia nos tempos dos mouros).[6] Esta estrutura de povoação marca, ainda hoje, o distrito de Alcobaça, possuindo esta, na maior parte das suas freguesias, de 2000 e 6000 habitantes, aproximadamente. Devido à grande experiência dos monges, os reis pediam-lhes o seu auxílio para a secagem de pauis noutras zonas do território português. Em troca do auxílio na secagem dos pauis por parte da abadia, ela recebia bens feudais .

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