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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
23/03/2023
LUÍS OSÓRIO
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O almirante Gouveia e Melo
está perdidamente apaixonado por si próprio1Não tenho nada contra militares.
Aliás, não só não tenho como a minha referência ética na história da democracia é António Ramalho Eanes.
Isto para não falar no 25 de Abril - foram militares que o fizeram e entre eles há homens extraordinários como Ernesto Melo Antunes ou Salgueiro Maia.
Posto o tema em perspetiva quero então falar um pouco de um homem que me começa a assustar.
Disse coisas que indiciavam uma vaidade que era quase soberba, uma ambição que era quase desmedida, um conjunto de opiniões que eram quase dogmas.
Li na altura, mas não comentei.
Como gosto de dizer este é um país do adversativo "Mas". Não me apeteceu criar ruído há volta de pormenores quando no essencial o homem estava a fazer um trabalho decisivo.
É hoje Chefe de Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional e tornou-se assustador.
Porque aquilo que via como secundário passou a ser a mola impulsionadora de uma ambição claramente política.
Gouveia e Melo deseja ser candidato à Presidência da República.
Vê-se pelo que diz, pelo modo como diz, pela forma como se posiciona.
Quando desancou 13 militares que se recusaram a embarcar no navio Mondego para uma missão de acompanhamento de um navio russo, quando o fez expondo-os à humilhação pública, quando o fez para que o país percebesse que ele, ao contrário de outros, sabe dar um murro na mesa, sabe impor autoridade e sabe como se manda...
... quando o vi a fazê-lo, quando o vi a falar do Presidente da República que, sendo Comandante Supremo, nem por isso o inibe de pensar pela sua própria cabeça...
Mas sei que se apenas ele e André Ventura fossem candidatos, eu votaria em branco.
Porque os dois me assustam de maneiras que parecem diferentes, mas não o são na essência.
À luz do que hoje se sabe é muito interessante reler a entrevista que deu a Felícia Cabrita e Marta F. Reis no jornal I, em 2021.
O nosso almirante disse este conjunto de pérolas:
Talvez o óbvio: que é mesmo de ter medo, que é mesmo para ficar assustado. Eu não o menorizo.
* Jornalista
IN "TSF" -21/03/23 - #POSTAL DO DIA#.