Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
14/12/2020
FRANCISCO LOUÇÃ
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A vacina não cura a economia
O ano próximo, quando quer que as vacinas comecem a alcançar a maioria da população, será de desemprego e falta de procura agregada.
Ao chegar ao fim do ano, as previsões antecipam uma queda do PIB mundial de 4%. Ultrapassará a da recessão de 2009 e será a maior desde o fim da Segunda Guerra. Os cenários ‘curtoprazistas’ são, portanto, imprudentes e, aliás, estão agora a dar lugar ao cinismo: não houve destruição criativa, queixa-se um analista, que pena não ter havido falências em catadupa para estimular o mercado. John Cochrane, um monetarista radical da Hoover Institution, propõe que “se deixe os bancos falir, de forma ordenada. As pessoas, computadores, edifícios são vendidos a novos donos, com novo capital, e o negócio continua como sempre”. Não vai tudo continuar como dantes, mesmo que haja o risco de se repetirem os mesmos erros em que os decisores são vezeiros.
Primeiro erro: orçamentos curtos
O ano próximo, quando quer que as vacinas comecem a alcançar a maioria da população, será de desemprego e falta de procura agregada. Na incerteza, só as políticas públicas podem corrigir a procura deficitária, razão para o FMI calcular um histórico multiplicador de 2,7 (um milhão de investimento público provoca um aumento de 2,7 milhões do PIB), e assim sustentar as redes sociais de proteção. Mas vão faltar recursos. A queda de receita de IVA e outros impostos pode alcançar os 10 a 20%, segundo as projeções da instituições internacionais, e em 2021 ficaremos longe do nível do produto de 2019.
Os fundos europeus poderiam cobrir uma parte dessa necessidade. O problema é que, embora ainda não se saiba como será resolvido o imbróglio com a Hungria e Polónia, mesmo no caso mais favorável esse contributo será atrasado (o empréstimo para despesas de lay-off deveria ter vindo em junho e chegou no último dia de novembro) e é reduzido. Portanto, vai ser preciso contrair dívida, beneficiando dos juros negativos. O que o orçamento não pode é ser curto. Eis uma boa razão para um orçamento suplementar, para corrigir o já aprovado, que é estruturalmente contracionista. Não haverá uma segunda oportunidade para responder a tempo aos problemas sociais imediatos.
Segundo erro: especular
Se sair do mundo real e ler as notícias das bolsas, notará a euforia. O índice S&P500 subiu 13% em novembro, um mês de rios de leite e mel, e as principais bolsas europeias incharam em 21%. Se alguém ainda tem dúvidas sobre esta anomalia, é melhor tomar atenção: a bolha concentra-se nas empresas que fizeram e farão grandes lucros, como as de comunicações, de publicidade (a Google e o Facebook), de gestão de dados e de informação. As bolsas estão intoxicadas com boas notícias e assim vão continuar. Como escrevia um economista do século XIX, se o lucro de uma operação for 10% haverá alegria, se for 20% será a loucura.
Ora, a euforia é ignorante. Na incerteza atual, já se registam três a dez vezes mais incumprimentos de hipotecas, o que pesa nos balanços dos bancos, e o efeito de arrastamento em 2021 será maior. As provisões têm crescido, os bancos procuram fusões desesperadas, mas nada disso evita que nasça um mundo novo em que os principais poderes financeiros mundiais passam a ser agências de transferências e pagamentos, ou gigantes como a Apple. Mais uma vez, não há regulação financeira que os domestique.
Terceiro erro: ignorar problemas
Os restaurantes e o turismo vão reduzir-se por muito tempo. Por isso, haverá setores que não recuperam com a vacina. Como a economia portuguesa depende de alta intensidade de emprego em atividades com baixo valor acrescentado e vinculadas à procura interna, isso significa desemprego. Essa é portanto a prioridade, recuperar a procura que salva empregos.
IN "EXPRESSO"- 04/12/20
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3-A HISTÓRIA QUE NOS TOCA
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Comer fruta é saudável, exceto quando ao fazê-lo esquartejamos um dedo. Nos Países Baixos não há estatísticas, mas os cirurgiões plásticos garantem que há "vários casos por semana" e as "lesões de abacate" levaram a associação daqueles profissionais, NVPC, a emitir um aviso.
"O corte com uma faca muitas vezes corre mal, geralmente resultando em danos nos nervos", comenta Annekatrien van de Kar, cirurgiã plástica em Amesterdão.
"As consequências podem ser incómodas e permanentes. Infelizmente, os riscos são desconhecidos ou subestimados pelo consumidor. Quando procedem ao corte, os consumidores seguram frequentemente metade de um abacate na palma da mão. Se a faca deslizar do abacate durante o descaroçamento, ela espeta-se na sua mão. Além disso, vemos frequentemente que os nervos sensoriais dos dedos são danificados ou cortados. Por vezes, as pessoas até atingem um tendão", adverte Van de Kar.
A NVPC aconselha a retirada do caroço, ou semente, com uma colher. Num vídeo informativo sobre o método mais seguro, que a associação publicou no Yotube, é utilizado um descascador de abacate.
A NVPC espera que os supermercados e os produtores alterem as instruções que acompanham o fruto ou emitam um aviso.
Em muitos vídeos online, os cozinheiros também utilizam o método inseguro de descaroçamento com faca.
Os Países Baixos são o segundo maior importador de abacates no mundo e embora a maioria seja depois distribuída para fora do país, a sua popularidade tem aumentado, assim como o consumo (40% nos últimos cinco anos, segundo a Dutch News).
Epidemia nos EUA
Este acidente doméstico não é um exclusivo dos holandeses. Um estudo do ano passado publicado no American Journal of Emergency Medicine concluiu que 8 mil americanos sofrem todos os anos uma lesão relacionada com o abacate, ao ponto de falar em "epidemia" de lesões na mão. O documento apela à "educação sobre técnicas seguras de preparação do abacate e iniciativas de segurança pública, tais como rótulos de aviso, que poderiam ajudar a prevenir lesões graves no futuro".
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" -11/12/20
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𝑆𝐼𝑁𝑂𝑃𝑆𝐸: