Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
31/07/2020
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XLI~MEGA FÁBRICAS
3-PEDRAS DE PORTUGAL
FÁBRICA DE MACEIRA-LIZ
1932
1932
* "MEGA FÁBRICAS" não tem apenas a ver com a grandeza da unidade de produção mas também com a excepcional qualidade do produto.
** As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
FONTE:
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DANIEL DEUSDADO
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Exportar bombeiros mortos-
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
31/07/20
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Exportar bombeiros mortos-
decreto sobre a nossa pobreza
Este ano morreram oito e nos últimos 40 anos já foram 229, segundo o Observador. Porque morrem tantos bombeiros em Portugal? É um pouco como perguntar aos bombeiros de Chernobyl porque morreram tantos depois da explosão na central nuclear. É fácil de perceber que tiveram de acudir a um fogo com radiação fora da escala humana - não tinham escolha e, portanto, sucumbiram centenas, sem apelo nem agravo.
Ontem Chaves ardia, esta semana Oleiros ardeu sem parar, antes foram outras localidades, amanhã haverá mais. Na nossa memória estarão por muitos anos Pedrogão, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos (17 de Junho de 2017). Mas também o 15 de Outubro do mesmo ano, com fogo por todo o Norte e Centro. Num só ano, 117 vítimas civis.
Estive esta semana a filmar em Trás-os-Montes, no meio de sobreiros, na zona de Macedo de Cavaleiros. Estavam 37 graus e a humidade relativa era de 18%. Os pés queimavam, mesmo com calçado resistente, e o ar estava irrespirável. Portugal tem vivido dias de calor quase insuportável. Estamos literalmente a arder.
Portanto, se quisermos mudar para evitar maiores tragédias, temos de fazer algo. Os extremos climáticos estão à vista, diariamente.
Começo por dizer que não defendo a perda de rendimento dos pequenos proprietários que têm eucaliptos ou pinheiros, mas como dizia um autarca de uma região a arder, não se pode adiar mais o emparcelamento por decreto (e dividir a riqueza por todos). Quer isto dizer que não podemos continuar a deixar milhares de hectares povoados por estas duas espécies em contínuo, porque estes fogos há muito ultrapassaram a escala humana. Isto apesar de se notar uma enorme determinação e melhores técnicas desde que o Governo criou a Agência para os Fogos Rurais e colocou na liderança Tiago Oliveira, um extraordinário especialista em incêndios que abandonou o conforto de uma empresa de celuloses para liderar um serviço público essencial.
Um homem pode fazer alguma diferença, mas não faz toda a diferença. Sobretudo porque mudar a paisagem portuguesa demorará décadas, principalmente quando vivemos um jogo de ilusões
Na prática, Portugal não muda. Ainda recentemente, o Conselho de Ministros aprovou mais um investimento de alguns milhões de euros, de fundos europeus e nacionais, para ampliação de uma fábrica de papel próxima de Viana do Castelo. Tal como continuam a ser apoiados milhões de euros para a melhoria da produtividade dos terrenos de eucalipto. Ora, sem medidas em contraciclo, é como se continuássemos a manter o veículo a toda a velocidade na direção do abismo. Só há intenções, mas de facto nenhum Governo quer assumir perdas de receitas e empregos nestas indústrias predadoras.
No entanto, há um custo permanente: o fogo já expulsou a maioria das pessoas para o litoral e dizimou ecossistemas. Agora só falta matar quem ainda lá está, ou vitimar bombeiros pela escala do que lhes sucede e desorienta.
Isto está silenciosamente previsto no nosso modelo de sociedade que olha para cada dano do fogo como uma consequência colateral menor - neste caso, enfim, bombeiros... risco do ofício... Quando, na verdade, o que está a arder é o país, há décadas, e isto não vai acabar. A temperatura é cada vez mais extrema e só por milagre não ardem áreas mais vastas.
Habituamo-nos a este pobre modelo de desenvolvimento baseado nesta floresta industrial. A esmagadora maioria da população, como está no litoral, preocupa-se zero e não obriga os sucessivos Governos a mudar. E os bombeiros que morrem não são pessoas "importantes", não fazem parte do nosso panteão civilizacional, não suscitam uma indignação de massas.
Em paralelo, 250 milhões de euros por ano são gastos no combate a fogos como custo público. Claro, a prometida lei para criar uma taxa sobre estas indústrias (e apoiar o combate a incêndios) vai dando voltas, mas há zero euros cobrados até hoje.
A pergunta que está à vista há muitos anos é esta: cada um destes 229 bombeiros que perdeu a vida nos últimos 40 anos pesa quanto em exportações? Qual o valor dos 117 civis que tombaram em 2017? Quantas mais vítimas são necessárias para que se usem, de uma vez por todas, os milhões europeus e mudar, histórica e definitivamente, a paisagem portuguesa? Podemos viver sem isso? Não podemos. Mas só mudamos impulsionados por tragédias cada vez maiores.
31/07/20
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α “ғαмίlια” de qυeм ɴα̃o тeм ɴιɴɢυéм
30/07/2020
2-Catadores de Materiais Recicláveis
SUSANA CONSTANTE PEREIRA
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Incêndio no canil de Santo Tirso:
a anunciada tempestade perfeita
Os fatores ‘inusitados’ que confluíram para o pior cenário que agora se revelou, remontam a pelo menos 2017, altura em que foram feitas as primeiras queixas relativas a este canil ilegal de Santo Tirso.
Incêndio no canil de Santo Tirso: a anunciada tempestade perfeita
52 cães e dois gatos morreram no passado dia 18 de
julho, num incêndio ocorrido num canil ilegal em Santo Tirso. Há
notícias de agressões por parte das forças de segurança às pessoas que
tentaram entrar no canil para salvar os animais. Consta que o argumento
para a ausência de intervenção e o impedimento de auxílio foi o da
propriedade privada, que se sobrepôs à salvaguarda de vidas animais. Uma
petição foi criada durante aquele mesmo dia a pedir “justiça pela falta
de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo
Tirso”, que conta até esta data com mais de 180,000 assinaturas. O
ministro da Administração Interna abriu um inquérito à atuação da GNR e
da Proteção civil no incêndio em causa, dado que subsistem "dúvidas
sobre os factos ocorridos". Associações da sociedade civil e partidos
políticos com assento na Assembleia da República exigem esclarecimentos e
medidas. E centenas de pessoas saíram à rua em Santo Tirso, na noite de
20 de julho, em protesto contra a alegada negligência continuada que
levou a este grave acidente, que poderia afinal ter sido evitado. Mas
ainda não são estes os elementos que configuram a tempestade perfeita que se adivinhava.
Na realidade, os fatores ‘inusitados’ que confluíram
para o pior cenário que agora se revelou, remontam a pelo menos 2017,
altura em que foram feitas as primeiras queixas relativas a este canil
ilegal de Santo Tirso. Remetem para a sobreposição que prevalece ainda
em 2020, da propriedade privada a outros direitos fundamentais - neste
caso, o direito à proteção da vida animal, consagrado na lei, mas
também, como está já mais do que diagnosticado, ao próprio direito à
habitação (apontado em 2016 pela relatora das Nações Unidas para a
habitação e reforçado pelos resultados do levantamento da carência
habitacional concretizado pelo IHRU, compilados em 2018). Estão
claramente associados à inoperância nuns casos e à incapacidade de
resposta noutros, por parte das autarquias no que toca à garantia do
bem-estar animal, mas também aos Planos Municipais de Defesa da Floresta
Contra Incêndios e ao compromisso com a redução das emissões de CO2,
com a eficiência energética ou com os modos suaves de transporte - dado
que os municípios, por acolherem a maior parte da população mundial e
nesse sentido constituírem uma significativa fonte de emissões, estão no
centro da luta contra as alterações climáticas. Aqui, sim, portanto,
reside a tempestade perfeita que era fácil adivinhar e para a qual os alertas foram e têm sido estridentes.
Efectivamente não se percebe como é que, em face dos muitos avisos, a
Câmara Municipal de Santo Tirso ou a Direcção Geral de Alimentação e
Veterinária nada tenham feito e se tenha permitido que este canil se
mantivesse aberto. É verdade que as condições estruturais para que esta
gestão se faça devidamente permanecem fragilizadas - em setembro de
2019, por exemplo, quase 50% das autarquias ainda não tinham instalado
serviços próprios para cuidar e esterilizar cães e gatos, mesmo com o
concurso aberto pelo Governo, com o financiamento de mais de 900.000.00€
-, mas é sobretudo a ausência de opções políticas concretas que
acompanhem as conquistas ao nível da legislação que está a depauperar a
resposta cabal a este tipo de situações.
Mais: é inaceitável o desconhecimento face à lei por
parte das entidades responsáveis - mesmo considerando que esta é ainda
recente, já que a luta e o debate público estão há muito em curso -
nomeadamente no que diz respeito à obrigatoriedade de intervenção por
parte das autoridades de segurança quando um animal sofre maus tratos ou
existe uma denúncia de que um animal de estimação corre risco de vida,
ou não tem garantidos cuidados básicos de bem-estar, mesmo que numa
propriedade privada (perspetiva jurídica debatida por exemplo no
contexto do I Congresso Nacional de Direito Animal, promovido pelo
Observatório Nacional para a Defesa dos Animais e Interesses Difusos,
que em maio de 2019 juntou magistrados, advogados, órgãos de polícia e
veterinários para a partilha de conhecimentos e análise da evolução
deste ramo do direito).
A acrescer àqueles fatores, há o facto de que o Tribunal
de Contas concluiu que os Planos Municipais de Defesa da Floresta
Contra Incêndios não têm servido para muito mais do que para cumprir uma
determinação legal, ao invés de - de facto - garantir o combate aos
incêndios; o facto de que o regime de incêndios extremos se irá
gradualmente tornar no regime de fogo normal, segundo o apontado pelo
relatório da Comissão Técnica Independente criada pelo Parlamento para
apurar causas e falhas dos incêndios do verão de 2017; ou o facto de
que, segundo António Costa em declarações por altura da apresentação
daquele relatório, Portugal sofre de uma importante vulnerabilidade aos
efeitos das alterações climáticas.
Perante tais evidências, o compromisso do país e das
cidades com a redução das emissões de CO2, o combate aos incêndios e a
defesa do bem-estar animal seriam hoje uma realidade. Não é o caso. Se
têm sido inúmeras as mobilizações em torno destas questões e algumas as
conquistas, na verdade muito há ainda a fazer, sobretudo a nível
político, porque não há vitórias, nem na causa animal, nem na ambiental,
sem uma transformação estrutural que as acompanhe. Tal começa pela
criação de maiorias sociais em torno destas causas, como aconteceu no
caso deste canil ilegal. Fica agora a expectativa de que não seja
necessária outra tempestade perfeita para que as reivindicações sejam acolhidas e a ação urgente seja concretizada.
* Deputada municipal na Câmara do Porto
IN " globalnews.pt"
22/07/20
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5.4-ROTEIRO DO SABER
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·ï¡÷¡ï·𝓡𝓞𝓣𝓔𝓘𝓡𝓞 𝓓𝓞 𝓢𝓐𝓑𝓔𝓡·ï¡÷¡ï·
5-𝐼𝒞𝒪𝒩𝐸𝒮 𝒟𝒪 𝑀𝒜𝒰 𝒞𝒪𝑀𝒫𝒪𝑅𝒯𝒜𝑀𝐸𝒩𝒯𝒪
5.4-𝒞𝒶𝓁𝒾𝑔𝓊𝓁𝒶
FONTE: Fabio Guerra
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29/07/2020
CARLOS NETO
Crianças com futuros
estranhos e incertos
Nos limites surgem sempre oportunidades. O futuro
não pode permitir que esta geração que está agora a nascer, ou que está
a viver os seus primeiros anos de experiência num mundo cheio de
incerteza, possa ficar amputada de direitos fundamentais.
O nosso corpo tem limites na sua
sobrevivência se não existirem decisões que sejam históricas nas
relações entre saúde pública e estabilidade das economias. As relações
entre a família da escola e da comunidade necessitam de maior atenção
quanto ao futuro próximo e distante porque podemos estar perante a
possibilidade de uma grave situação humanitária sem precedentes. No
entanto, e apesar de um cenário mundial muito preocupante, o ser humano
dispõe de recursos gigantescos de adaptação biológica e social para
saber ultrapassar obstáculos, como sempre, e de forma cíclica, aconteceu
na sua evolução ao longo de milhares de anos. Nos limites surgem sempre
oportunidades. Será uma questão de saber explorar essas potencialidades
e colocá-las ao serviço de todos num processo conjunto de reerguer as
situações atuais de uma crise que também é existencial. Ter as crianças
fisicamente ativas e diminuir o tempo de exposição face aos écrans é um
objetivo essencial na convivência em família. Não deve ser esquecido o
brincar e ser ativo, principalmente até aos 7/8 anos de idade. A
evidência científica demonstra os efeitos benéficos destas atividades
(lúdicas e motoras) em vários domínios, dos quais se devem destacar a
formação das conexões cerebrais e as vias neurais, estabelecendo as
bases de como o cérebro se desenvolverá ao longo da vida.
A conquista desta cultura motora, fundamental nestas idades,
apresenta uma relação direta com os níveis de atividade física
alcançados depois da puberdade e ao longo da adolescência, para evitar
um excesso de sedentarismo e desordens mentais.
A decadência física e motora observada nas últimas décadas na
infância é proporcional à sedução progressiva das crianças na utilização
de dispositivos digitais que as tornam muito passivas corporalmente. É
recomendável que os pais aproveitem os fins de semana e período de
férias escolares para construírem rotinas positivas na promoção do
brincar e ser ativo em casa, nas proximidades da habitação e em espaços
ao ar livre e de jogo destinados a crianças. Estas competências motoras
devem ser desenvolvidas desde muito cedo, para que se criem os
pré-requisitos para uma vida saudável no futuro.
Trata-se de desenvolver formas de brincar livre e de atividades
físicas apropriadas a estas idades, sem ser necessário uma visão
demasiadamente especializada. O brincar é compreendido como um direito
natural e, consequentemente, Humano! Brincar é criar vínculo para se
conhecer e dar-se a conhecer, através de um comportamento exploratório,
num cenário de jogo incerto e inesperado. É igualmente uma “atitude
mental”, capaz de salvar a loucura em que as crianças e os adultos estão
mergulhados nos tempos que correm. Brincar é uma boa solução para
muitos males. É a loucura do corpo que des(conhecemos), aprendendo a
descobrir e combater o aparente equilíbrio do seu funcionamento interno e
os fenómenos imprevisíveis externos que o vão influenciando ao longo do
seu desenvolvimento.
É uma relação complexa de interações que implica o uso do movimento
do corpo (motricidade), em conjunto com as emoções, cognição e relações
sociais, com tonalidades diferenciadas ao longo das diferentes etapas
evolutivas. O brincar e ser ativo é uma ferramenta robusta para lidar
com situações difíceis. Não só a ação motora e lúdica, mas também as
perceções, representações, tomadas de decisão e dinâmicas simbólicas que
estão associadas ao fenómeno. Aprender a mover o corpo significa
adquirir mais confiança, bem-estar, autoestima e superação,
independentemente do contexto de ação. Aprender a mover o corpo implica
atividade motora e ao mesmo tempo a sua escuta (auto- regulação). Para
as crianças brincarem e serem ativas é necessário tempo e adultos
emocionalmente disponíveis (não apressados) para as ouvirem sobre muitas
coisas que têm para nos revelarem sobre as sua vidas, motivações,
imaginários e representações.
O brincar vem de dentro, brotando imaginação e fantasia como um tempo
e num tempo próprio de ser criança. Somos pobres porque não aprendemos a
brincar e muitas vezes somos nós próprios (adultos) que brincamos sobre
o direito de brincar. Por conveniência adulta, este tipo de
comportamento é por vezes silenciado, bloqueado e maltratado, por ser
considerado perda de tempo, não produtivo e secundário. Forças poderosas
se levantam para ter crianças agitadas ou adormecidas com necessidades
de dependência de medicação e tecnologias.
É urgente acordar para perceber a manipulação subtil exercida sobre a
forma como a existência da infância é comercializada e silenciada. O
futuro não pode permitir que esta geração que está agora a nascer ou que
está a viver os seus primeiros anos de experiência num mundo cheio de
incerteza, possa ficar amputada de direitos fundamentais de
desenvolvimento saudável e com confiança num futuro mais solidário.
* Investigador da Faculdade de Motricidade Humana (Universidade de Lisboa)
IN "i"
28/07/20
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50.1-HORIZONTES DA MEMÓRIA
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50-HORIZONTES DA MEMÓRIA
50.1-Navegação no Minho
* O professor José Hermano Saraiva era uma personalidade exímia em encantar-nos, aqui fica a "memória" da nossa saudade.
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