Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
31/08/2019
MANUEL MOLINOS
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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
30/08/19
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Reféns dos políticos
António Costa só precisa de estar sossegado para ganhar as
legislativas, e não há sindicato, neste cenário político, que lhe tire
das mãos as eleições já previamente ganhas.
Após o pedido do Ministério Público (MP) para a dissolução do Sindicato
Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, o BE alertou para uma
coincidência perversa com um pré-aviso de greve e a CGTP estranhou que o
Ministério do Trabalho não tenha percebido as "anormalidades" mais
cedo. Já Rui Rio diz que "é muito difícil" não achar "que há uma
intenção política".
Percebe-se o esforço reativo de alguma
Esquerda de tentar colher dividendos com a ação do MP, de forma a
garantir lugar numa nova "geringonça". Como também se entende que tenha
ficado calada no apoio aos motoristas grevistas e quase silenciosa na
requisição civil. A política é mesmo assim.
As
teorias da conspiração é que são mais difíceis de aceitar e que o PSD,
em desespero, embarque nelas. Dar a entender que o Ministério Público
tenha como fim travar a greve anunciada para setembro e tirar de cena os
grevistas incómodos até pode dar alguns votos. Mas a tese é
oportunista.
É verdade que é muito
importante esclarecer as razões pelas quais o Ministério Público só
agora descobriu que o advogado Pardal Henriques participou na assembleia
constituinte do sindicato não sendo trabalhador por conta de outrem,
violando os estatutos.
Todos nós já
tínhamos questionado como é que alguém poderia ser filiado e
vice-presidente de um sindicato sem ter qualquer ligação à profissão. A
pergunta colocou-se muitas vezes, mas estava tudo mais atento a fazer o
número para as televisões e para os jornais.
Enquanto
isso, António Costa segue em frente. Astuto e com discurso afinado.
Crucificar o Ministério Público não é de todo suficiente para
reconquistar a liderança perdida de um partido nem tão pouco está na
primeira linha na defesa dos direitos dos trabalhadores que parecem
órfãos de uma verdadeira voz que lute por eles.
* DIRETOR-ADJUNTO
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
30/08/19
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12-UM POEMA POR SEMANA - SÁ DE MIRANDA
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O SOL É GRANDE...
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12-UM POEMA POR SEMANA
SÁ DE MIRANDA
O SOL É GRANDE...
dito por
ANA CELESTE FERREIRA
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18-TEATRO
FORA "D'ORAS"
II-A VOLTA AO MUNDO
EM 80 MINUTOS
"A Volta ao Mundo em 80 Minutos" um extraordinário musical de Filipe La
Féria com João Baião à frente de um grande elenco.
"A Volta ao Mundo em 80 Minutos" foi um deslumbrante musical de Filipe
La Féria que encantou mais de 1 Milhão espectadores ao longo de 9 meses
em cena no casino Estoril, 1 mês no Teatro Politeama e na noite de
passagem de ano 2017/2018 na SIC. Este musical contou com João Baião à
frente de um extraordinário elenco de cantores, bailarinos e acrobatas.
Inspirado numa das maiores obras da literatura mundial do sec XIX, de
Júlio Verne, A Volta ao Mundo em 80 Minutos contou com a participação
especial de João Baião à frente de um jovem, talentoso e enérgico elenco
de actores-cantores, de um internacional corpo de bailarinos e
dançarinos-acrobatas.
Mais uma vez Filipe La Féria não poupou esforços e voltou
surpreender-nos com um luxuoso guarda-roupa, integralmente da sua
autoria, que fará cada espectador viajar por todo o mundo, sem sair do
seu lugar.
"A Volta ao Mundo em 80 Minutos" foi uma divertida e alucinante viagem
planetária. China, Rússia, Índia, África, Brasil, Argentina, Cuba,
Egipto, Itália, França e Espanha, são alguns dos locais por onde Sr Fogg
o clássico e bem-humorado cavalheiro inglês, extraordinariamente
representado por João Baião visitará, sempre acompanhado do seu
assistente pessoal Passepartout o fiel e divertido francês de pronúncia
acentuada.
Neste espectáculo vale tudo. Viagens em balão de ar quente, um barco
Titanic, carros antigos, comboios, banheiras com rodas, elefantes,
camelos, bicicletas, aviões planadores e tudo aquilo que faça a
imaginação voar.
Filipe La Féria já confessou que "A Volta ao Mundo em 80 Minutos" foi a
mais excitante e divertida Produção, explorando cada cultura e cada país
através do teatro, do cinema, da música, do bailado e da acrobacia.
Tudo isto envolto numa encenação e direcção artística que só La Féria
sabe fazer, proporcionando a cada espectador 2 horas inesquecíveis.
Ao fim de quase um ano em cena a SIC transmitiu este grande espetáculo
na ultima noite de 2017.
30/08/2019
EDUARDA CARVALHO
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A camisola da Amazónia
É cada vez mais fácil juntarmo-nos a uma causa. Basta um clique numa petição enviada por e-mail. Mas será que nos questionamos sobre as causas e marcas a que nos associamos?
A Amazónia
enche os jornais e televisões de todo o mundo há várias semanas, por
várias razões. Porque o pulmão do mundo está a arder e o fim parece não
estar à vista, porque o presidente brasileiro tem sido como sempre foi,
desde que se deu a conhecer, e o mundo e o Brasil não estão a gostar.
E
também porque as questões de sustentabilidade têm sido um tema
premente, não só pela urgência da questão mas também porque com os
presidentes norte-americano e brasileiro, que são publicamente
despreocupados e pouco sensíveis às questões ambientais, o planeta
passou a ser um lugar mais preocupante numa época crucial para mudarmos
rumo ao caminho certo.
Nas últimas semanas as redes sociais
encheram-se de perfis que vestem a camisola da Amazónia e defendem a sua
causa, mas quantos terão de facto preocupações ambientais ou opções de
vida nesse sentido?
A questão que levanto não é se devemos, ou
não, defender a Amazónia. Essa questão nem sequer se coloca. A questão
é: será que nos questionamos sobre as camisolas que vestimos, se
procuramos saber o porquê e o que podemos nós fazer pela Amazónia, pelo
planeta, por nós e pelos nossos filhos, ou se apenas vamos ‘na onda’ dos
posts e likes.
Hoje em dia, é cada vez mais
fácil juntarmo-nos a uma causa. Basta um clique numa petição enviada por
e-mail. Mas fará sentido fazê-lo para, no momento seguinte, fazermos um
uso excessivo de plástico, um consumo exagerado de carne e de tantos
outros produtos que o consumismo hoje nos leva a “precisar”?
A
questão que aqui levanto é a de nos questionarmos sobre as causas e
marcas às quais nos associamos. De nos inteirarmos das suas ações e de
as defendermos, sabendo com consciência o que defendem e dizem. Veja-se o
exemplo do império Zara, que lançou o fast fashion e agora
quer ser inteiramente sustentável, antecipando-se às necessidades, mas
mais do que tudo, às imposições dos seus consumidores.
O
aproveitamento político da questão da Amazónia é notório, e faz sentido.
Mas a verdade é que a Amazónia ficará depois do atual presidente do
Brasil e as suas necessidades existem muito antes dele.
Os incêndios na
Amazónia ocorrem anualmente e este ano tiveram maior dimensão e
notoriedade, mas a desflorestação começou há décadas e prende-se
sobretudo com a produção de carne e laticínios. Produção necessária
porque o consumo assim exige.
E todos aqueles que enchem as suas
redes sociais para defender a Amazónia hoje, devem lembrar-se dela daqui
a um ano, tal como dos países africanos ou da Bolívia, ou do glaciar
desaparecido na Islândia, da barreira de coral da Austrália, da ilha de
plástico do Oceano Pacífico e, sobretudo, fazer escolhas e opções
sustentáveis em nome de todo o planeta.
Vestir a camisola da
Amazónia é fácil, mas mudar o guarda-roupa é o grande desafio que temos
pela frente. Ser mais sustentável é uma escolha possível, e cada vez
mais fácil. Não implica extremos, nem cores políticas, apenas escolhas
conscientes que estão ao alcance de todos.
* Responsável de Comunicação e Conteúdos
IN "O JORNAL ECONÓMICO"
29/08/19
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I-GENOMA HUMANO
4-DESCODIFICANDO A VIDA
* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
** Nesta senda de "bloguices" iniciadas em Setembro/17, iremos reeditar algumas séries que de forma especial sensibilizaram os nossos visitadores alguns anos atrás, esta é uma delas.
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18-TEATRO
FORA "D'ORAS"
I-A VOLTA AO MUNDO
EM 80 MINUTOS
"A Volta ao Mundo em 80 Minutos" um extraordinário musical de Filipe La
Féria com João Baião à frente de um grande elenco.
"A Volta ao Mundo em 80 Minutos" foi um deslumbrante musical de Filipe
La Féria que encantou mais de 1 Milhão espectadores ao longo de 9 meses
em cena no casino Estoril, 1 mês no Teatro Politeama e na noite de
passagem de ano 2017/2018 na SIC. Este musical contou com João Baião à
frente de um extraordinário elenco de cantores, bailarinos e acrobatas.
Inspirado numa das maiores obras da literatura mundial do sec XIX, de
Júlio Verne, A Volta ao Mundo em 80 Minutos contou com a participação
especial de João Baião à frente de um jovem, talentoso e enérgico elenco
de actores-cantores, de um internacional corpo de bailarinos e
dançarinos-acrobatas.
Mais uma vez Filipe La Féria não poupou esforços e voltou
surpreender-nos com um luxuoso guarda-roupa, integralmente da sua
autoria, que fará cada espectador viajar por todo o mundo, sem sair do
seu lugar.
"A Volta ao Mundo em 80 Minutos" foi uma divertida e alucinante viagem
planetária. China, Rússia, Índia, África, Brasil, Argentina, Cuba,
Egipto, Itália, França e Espanha, são alguns dos locais por onde Sr Fogg
o clássico e bem-humorado cavalheiro inglês, extraordinariamente
representado por João Baião visitará, sempre acompanhado do seu
assistente pessoal Passepartout o fiel e divertido francês de pronúncia
acentuada.
Neste espectáculo vale tudo. Viagens em balão de ar quente, um barco
Titanic, carros antigos, comboios, banheiras com rodas, elefantes,
camelos, bicicletas, aviões planadores e tudo aquilo que faça a
imaginação voar.
Filipe La Féria já confessou que "A Volta ao Mundo em 80 Minutos" foi a
mais excitante e divertida Produção, explorando cada cultura e cada país
através do teatro, do cinema, da música, do bailado e da acrobacia.
Tudo isto envolto numa encenação e direcção artística que só La Féria
sabe fazer, proporcionando a cada espectador 2 horas inesquecíveis.
Ao fim de quase um ano em cena a SIC transmitiu este grande espetáculo
na ultima noite de 2017.
29/08/2019
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FONTE: Tv TIC
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A AMEAÇA/2
UMA CURIOSIDADE
CONCLUI PRÓXIMA QUINTA-FEIRA
* Filme realizado na década de 1940 na localidade de Calamares (Sintra)
pelo médico Dr. João Maria Damasceno R. Bordallo-Pinheiro, bisneto do
Rei D. Luíz (de Portugal) e da actriz Rosa Damasceno e sobrinho-neto do
pintor Columbano e do caricaturista republicano Raphael
Bordallo-Pinheiro. A película conta também com a participação do sogro, o
Engº Mário Pedro de Alcântara Vieira de Sá, bisneto do Rei D. Pedro IV
de Portugal (D. Pedro I, libertador e 1º Imperador do Brasil).
FONTE:
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BERNARDO PIRES DE LIMA
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*Investigador universitário
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
24/09/18
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Viragem de página
na diplomacia
Os constantes falhanços diplomáticos de Londres e Washington, não há muito tempo faróis de sucesso no setor, degradam a diplomacia como instrumento essencial da política internacional e são um desafio enorme para os aliados. Portugal tem aqui um misto de preocupação com oportunidade. Talvez não tenha tão cedo condimentos tão propícios a uma boa mudança.
Esta semana mostrou uma vez mais o estado lastimável em que está a
diplomacia anglo-americana. Claro que não me refiro à esmagadora maioria
dos seus diplomatas espalhados pelo mundo ou a braços com os complexos
tempos que se vivem no Foreign Office e no State Department. Washington e
Londres continuam a ter das melhores escolas diplomáticas, misturando
tradição e inovação ao serviço dos interesses nacionais, quantas vezes
coincidentes com os interesses de um conjunto alargado de outros
Estados. Esta convergência, infelizmente, mudou radicalmente desde 2016.
Em
Londres, ninguém estava verdadeiramente preparado para lidar com o
Brexit e nem mesmo os mais brilhantes diplomatas têm conseguido acomodar
as convulsões provocadas pelos principais atores políticos. A definição
tardia de um roteiro de saída minimamente compreensível dificultou
sobremaneira o papel dos seus explicadores no estrangeiro. Pude
testemunhá-lo em várias ocasiões, tanto em Lisboa como noutras capitais
europeias. Além disso, a omnipresença das táticas perversas dentro do
governo britânico e nos dois principais partidos conduziu todo o
processo a uma desvalorização constante do essencial, com possíveis
danos irreparáveis ao interesse nacional mais básico: a própria unidade
do Reino Unido. A aventura do Brexit parece mais um desvario de amigos à volta de uma mesa num pub regado a cerveja do que um plano estratégico desenhado por uma maioria que lhe deu a legitimidade necessária. No
meio disto, ainda sem fim à vista, estão todos aqueles que,
discordando, têm de fazer o melhor para assegurar que a diplomacia
britânica não é mais um dano colateral do Brexit, tapando buracos,
repondo credibilidade, reconstruindo relações com terceiros.
É
para mim evidente que a qualidade dos seus diplomatas é muito superior à
da atual classe política britânica, mas isso não significa que tudo
mudará, ficando o essencial mais ou menos na mesma. Não será assim. A
começar na maneira como passaremos a olhar para a força política do
Reino Unido na política internacional, no meio dos choques económicos
provocados por uma saída sem acordo ou pela indefinição estratégica
resultante de eleições antecipadas. A ver pelo plano alternativo que
Boris Johnson tem ensaiado nas últimas semanas - contactos permanentes
com Trump na esperança de ali encontrar uma compensação aos bloqueios de
Paris e Berlim - o final desta história pode mesmo tornar o Reino Unido
(ou já nem isso) completamente no bolso negocial de um presidente
americano que trata pior os aliados do que os adversários. O triste
episódio da Gronelândia, que alguns quiseram atribuir a uma súbita
vocação estratégica de Trump pelo Ártico, só vem demonstrar que nenhum
aliado está a salvo de bullying.
Em Washington, o choque da máquina diplomática com a eleição de Trump
ainda não foi reposto. Os cortes orçamentais, a negligência no
preenchimento de lugares de topo e a total disfuncionalidade na
hierarquia de comando, excessivamente centrada nos humores do
presidente, quebraram uma longa tradição de continuidade estratégica na
diplomacia americana do pós-guerra, independentemente das maiorias no
Congresso ou do partido do chefe de Estado. Acresce a isto a voracidade
com que embaixadores americanos, muitos deles vindos da péssima tradição
das nomeações como prémio por serviços prestados em campanha, debitam
pensamentos incendiários nas redes sociais, achando que o padrão
presidencial lhes permite o devaneio. Afirmações de altos cargos
políticos têm impactos diplomáticos e em política, até prova em
contrário, a palavra conta e muito. A administração Trump podia até ser
portadora de várias conquistas para os seus inabaláveis interesses, na
esteira da natureza nacionalista que a guia, e toda esta postura
diplomática descabelada passaria para segundo plano em função do
reconhecimento dos seus méritos. Mas o que estes dois anos e meio
trouxeram foi uma mão cheia de nada.
Acordos rasgados sem
salvaguardas, uma reputação junto de aliados que está hoje na rua da
amargura, um vazio estratégico sem paralelo, mais vulnerabilidade à
insegurança interna pela condescendência com a lei das armas e o
terrorismo nacionalista, e muito menor influência nas dinâmicas de poder
globais. Basta ver como a gestão da tensão comercial com a China não
trouxe qualquer benefício aos EUA, tendo mesmo agravado a economia
nalguns Estados, ou como caminha descontrolado o nível crescente de
agressividade entre a Coreia do Sul e o Japão (que acabaram com a
partilha de intelligence nesta última semana), os dois maiores
pilares de Washington na Ásia, sem que os EUA conseguissem qualquer
intermediação. Aliás, foi humilhante assistir ao cancelamento das
reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros japonês e sul-coreano
com Mike Pompeo, um sinal da baixa credibilidade que a América tem hoje
na região. Para isso muito ajudou o monumental logro que foram os
encontros com Kim Jong-un e a continuação ostensiva da nuclearização
pelo regime norte-coreano, ou o recente anúncio de Trump sobre um
hipotético convite do presidente indiano para mediar o conflito em
Caxemira, com Modi a desmentir de imediato. As tiradas
diplomáticas americanas e a influência no coração da sua prioridade
geoestratégica global é hoje mais fraca, mais pobre e um autêntico
embaraço aos seus mais legítimos interesses nacionais.
Em
boa verdade, nada disto é muito surpreendente. Mas, não o sendo, não
deixa de ter um custo, sobretudo para um Ocidente que muito tem confiado
nas capacidades de Londres e Washington e para aqueles que têm
assentado alianças estruturais com ambas, num fino equilíbrio com as
potências europeias continentais e outras esferas de interesses
espalhadas pelo mundo. É o caso de Portugal. A degradação da influência e
da imagem do Reino Unido e dos EUA junto dos aliados vai implicar mais
autonomia decisional. Na sua ausência, mais capacidade conjunta das
democracias europeias que ainda pautam as suas relações por confiança
mútua. Para atingir a primeira, vão ser precisos mais recursos
endógenos, mais investimento público e cooperação com privados. Não
é possível continuar a ter um Ministério dos Negócios Estrangeiros com
uma dotação orçamental das mais pobres da administração pública, quando
os vácuos diplomáticos internacionais abrem a porta à presença da nossa
boa diplomacia e, por via disso, à defesa dos nossos interesses, quantas
vezes em convergência com outros aliados. Para chegar à
segunda, é preciso quebrar o corporativismo diplomático, abri-lo à
sociedade e cruzá-lo com experiências externas que só o valorizam.
Tradição e inovação não podem ter um diálogo surdo. Em época de
desvalorização diplomática quem for pioneiro no ciclo oposto estará mais
capacitado para projetar o seu país, as suas empresas e os seus
melhores recursos. Todos saem a ganhar.
*Investigador universitário
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
24/09/18
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