Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
22/05/2018
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HOJE NO
"DESTAK"
Ministro da Ciência assume que
.mais financiamento e menos
burocracia estão longe
O ministro da Ciência, Manuel Heitor, afirmou hoje que assinou um manifesto pela ciência porque partilha os mesmos objetivos, assumindo que mais financiamento e menos burocracia estão longe de ser atingidos.
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"Tenho dito que é um processo que está longe de ser atingido", disse à Lusa, referindo-se à diminuição da burocracia e ao aumento do financiamento da atividade científica em Portugal.
"Partilho aqueles objetivos (...). Esta é também a minha luta (...). Quero fazer um país com mais ciência, a luta contra a burocracia e o aumento do financiamento fazem parte da minha agenda", assinalou, enaltecendo o "ativismo dos cientistas" ao lançarem o "Manifesto Ciência Portugal 2018".
* Um ministro a falar com clareza e a assinar um manifesto contra o governo, fantástico.
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Falar crioulo guineense é habitual?
Nasceu na Maternidade Alfredo da Costa?
E cresceu no Zambujal?
O seu pai fazia o quê?
Quantos irmãos tem?
E também têm tendências artísticas?
Há um que ainda joga futebol?
Fez carreira no futebol em Portugal?
Como foi para o Chapitô?
Porquê a ideia de ir para o Brasil?
Um teatro mais popular?
Qual é a série do Ivo Ferreira e qual o papel que vai interpretar?
Quando foi para o Brasil, queria ficar?
E vai continuar no Brasil?
Também tem convites para telenovelas?
Só a atrai se for um bom papel?
E para a mulher ainda é pior?
Integra um movimento de mulheres negras no Brasil?
Sente uma evolução no Brasil em relação aos atores negros?
“As Boas Maneiras” fala da solidão da mulher negra.
* Desssombradamente mulher.
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HOJE NO
"i"
Isabél Zuaa
“Ser mulher, ser preta e ser artista é como se estivesse no final da cadeia alimentar”
A atriz portuguesa tem feito grande parte da carreira no Brasil e sonha em criar uma casa da cultura na periferia de Lisboa
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Acabou de receber um prémio de atriz
revelação no Brasil por causa do seu papel em “Joaquim”, de Marcelo
Gomes, filme que passou pelo Festival de Berlim do ano passado, mas
ainda não se estreou em Portugal. O que se estreou foi “As Boas
Maneiras”, de Marco Dutra e Juliana Rojas - passou no IndieLisboa deste
ano, teve estreia comercial fugaz e, entretanto, já se pode ver em DVD e
nas plataformas de VOD. Pretexto para esta conversa com Isabél Zuaa ou,
simplesmente, Isabel Martins.
Numa entrevista ao “Estado de São Paulo”, aparece a
dizer que para o filme “Joaquim” precisavam de alguém que falasse alguma
língua africana e que...
Ele não anotou nem gravou a entrevista e trocou algumas coisas.
Misturou as perguntas que fez com as respostas que dei. Em todas, não há
uma única que seja, na prática, coerente. É imaginação. Nenhuma das
respostas tinha a ver com aquilo que eu disse. Eu fui encontrada por um
filme que fiz em Portugal, uma curta-metragem do Pedro Peralta, e outro
trabalho cinematográfico que fiz com amigos. Queriam uma atriz
portuguesa com ascendência africana e que falasse uma língua nativa
africana e o português de Portugal, e no filme falo crioulo da
Guiné-Bissau, que é a língua do meu pai.
Falar crioulo guineense é habitual?
É. Quando cheguei ao Brasil em 2010, no intercâmbio do Conservatório
com a Unirio [Universidade Federal do Rio de Janeiro] em Artes Cénicas,
comecei a desenvolver um trabalho sobre identidade, essa coisa do
não-lugar. Ser filha de uma angolana e de um guineense, primeira geração
em Portugal. Conviver com vários cabo-verdianos e, daí, também saber o
crioulo de Cabo Verde. Ir para uma escola de teatro, depois ir estudar
para o Brasil. Entendi que era um não-lugar, não era o biótipo da
portuguesa que muita gente esperava. Quando dizia que era portuguesa,
ficavam admirados - no imaginário das pessoas, não havia portugueses
negros. Consegui fazer um trabalho sobre a identidade, que apresentei em
vários lugares do Brasil, onde falava crioulo da Guiné, português de
Portugal, português do Brasil; era um solo, um trabalho musical,
dançante, cantante.
Esse não-lugar é uma identidade. Há uma identidade africana de Lisboa?
Isso sempre foi uma questão para mim, tentar entender quem realmente
era. Muitas vezes me perguntavam de onde era e eu dizia “nasci em
Portugal”. Parecia que havia um constrangimento da minha parte em dizer
“sou portuguesa”. Os de Angola dizem que sou totalmente guineense,
dentro da família guineense dizem que sou totalmente angolana, dentro
das instituições dizem que sou africana, dentro de casa dizem que sou
portuguesa. Sempre vivi nesse não-lugar.
Hoje já está mais confortável com a sua identidade? Já descobriu quem é?
É uma jornada. Também tem a ver com a mudança de idade: eu vim para o
Brasil com 22 anos e hoje tenho 31. O Brasil também vive uma questão de
identidade muito grande e eu identifiquei-me com essa busca da
ancestralidade e da sua valorização, sem nenhum constrangimento. Vou
sabendo pouco a pouco. Quero mergulhar ainda mais nessa minha
identidade, sinto-me muito feliz, privilegiada por ter acesso a outras
culturas. É uma mais-valia para mim, dá-me potência, dá-me força. Tenho
um grande fascínio, uma grande admiração pela minha história, a história
dos meus pais, do trajeto deles - sinto-me privilegiada.
Nasceu na Maternidade Alfredo da Costa?
Na Estefânia.
E cresceu no Zambujal?
Sim, cresci no Zambujal, de Loures, numa comunidade onde a maioria
era africana - de Cabo Verde, de Moçambique, Guiné-Bissau, Angola - e
havia portugueses de outros lugares, principalmente transmontanos.
Tínhamos vários grupos de dança no bairro onde recriávamos coreografias
de músicas tradicionais, de Angola e do Senegal - foi a minha primeira
manifestação artística. Permaneci nesse grupo até à adolescência. Depois
fui para o Chapitô, a seguir para o Conservatório e, depois, para o
Brasil.
O Kalaf fala muito dos bairros periféricos de Lisboa como fábricas de cultura.
Às vezes tento explicar a diversidade e a versatilidade dos bairros
africanos e a frustração que tenho de não poder contribuir para que essa
cultura se expanda. O meu desejo, a minha grande ambição é criar uma
casa de cultura na periferia de Lisboa. Acredito que se aquelas crianças
e jovens tivessem acesso a mais informação, a mais formação, teríamos
artistas maravilhosos. É tão inerente àqueles corpos, àquelas vozes, são
tão potentes que acho um desperdício de talentos. É uma fábrica de
cultura, de criatividade, feita com muito pouco.
Os seus pais identificavam-na como portuguesa. Dentro de casa havia alguma cultura que se impunha ou era uma mistura?
Era uma mistura muito neutra das duas. O meu pai não quis que
aprendêssemos crioulo - eu só aprendi porque sou muito teimosa. O meu
pai tinha muito medo que tivéssemos dificuldades de comunicação,
principalmente nas instituições de formação e de ensino e, como ele teve
formação académica, não queria que isso fosse uma questão para nós. Ele
via os meus primos, os vizinhos que cresciam em Portugal e não
conseguiam falar português correto. Eu e os meus irmãos crescemos numa
cultura africana misturada, mas super-rígida. O meu pai seguia--nos
atentamente nos trabalhos de casa, nos desportos que fazíamos,
acompanhava-nos a todo o lado. Mas a cultura guineense, através de
rituais, mostrou--se mais presente. A minha mãe foi criada por
portugueses, veio muito nova para Lisboa e perdeu muita da sua cultura,
bem como a língua - do kimbundo e do kikongo só fala algumas palavras.
Fala português e aprendeu a falar o crioulo. Por isso, cultura africana
era mais a guineense e do Senegal, pelas danças que fazíamos nos
encontros de família.
O seu pai fazia o quê?
Era orçamentista de obras públicas e dava aulas. Está reformado,
agora. Neste momento está na Guiné-Bissau, foi fazer uma viagem às
origens.
Quantos irmãos tem?
Somos quatro. Éramos cinco, faleceu o mais velho, antes de eu nascer.
Numas férias de verão morreu afogado, foi uma tragédia. Somos quatro,
uma irmã mais velha, filha do primeiro casamento do meu pai, e nós três,
dois rapazes e eu, que crescemos juntos.
E também têm tendências artísticas?
Sim, mas não exploraram muito. Todos fizemos dança. Eles cantavam,
mas foram para desporto - um deles ainda joga futebol. O outro tem um
gosto musical muito apurado e muito eclético, e está agora a desenvolver
questões de DJ. Estamos a pensar gravar algumas músicas que gostamos
muito de cantar.
Há um que ainda joga futebol?
Joga, mas já está mais velho, tem 34 anos, e está a jogar e a trabalhar no Luxemburgo.
Fez carreira no futebol em Portugal?
Os dois fizeram a escola do Sporting, depois foram para o Alverca. Um
foi para os Açores, o outro começou um percurso pelo leste, Rússia,
Letónia (Ventspills), e depois jogou em Angola - pediu a dupla cidadania
e jogou uns cinco anos em Angola, no Primeiro de Agosto e no Líbolo [e
Bravos do Maquis]. Chama-se João Martins e as pessoas que o conhecem e
seguem o futebol dizem que não teve muita sorte por causa das lesões em
momentos cruciais da carreira.
Como foi para o Chapitô?
Tinha acabado o liceu e deixara uma disciplina em atraso, e isso foi
muito triste para mim porque era muito rigorosa com as notas. E como
tinha um ano só para isso fui-me inscrever, vi que tinha cursos de
interpretação teatral, uma coisa que queria explorar. O acordo com os
meus pais era, em primeiro, acabar uma faculdade diferente e depois
fazer o curso de teatro, só que essa coisa do Francês levou--me ao
Chapitô, e a professora encantou--se comigo e deu-me força para ir para o
Conservatório no ano seguinte. Fui, entrei com uma boa nota. Fiz
Teatro, só que não quis acabar o curso lá, quis acabar o curso no
Brasil.
Porquê a ideia de ir para o Brasil?
Queria mais do que o mercado em Portugal me estava a dar. Em 2008,
2009, alguns alunos do Conservatório eram indicados para fazer
espetáculos, para algumas produções, e eu era indicada e só não ficava
por ser preta. E isso deixou-me muito revoltada, muito triste. No
mercado de Angola, que estava muito efervescente nas publicidades, não
me queriam porque usava cabelo natural e não representava a beleza da
mulher angolana, com extensões até à cintura - um estereótipo que,
felizmente, está a mudar. E. também porque era ousada e falava, não era
submissa. No mercado português, as portas eram muito complexas - eu
tentava, os professores tentavam, e nada. E disse: “Não quero ficar em
Portugal. Não vou viver frustrada, quero fazer coisas.” Nunca tinha
vindo ao Brasil, mas havia um convénio do Conservatório e acabei por vir
e ficar cá no Rio de Janeiro. Não foi fácil, mas encontrei aqui um
lugar para poder compartilhar a minha arte e aprender - um momento de
partilha e nutrição muito bons. E há oportunidades em Portugal que só
consigo por ter estado aqui.
O mercado para atores negros em Portugal também melhorou. Há uma mudança nesta última década.
Sim, também. Mas ainda falta tanto!
Há o trabalho do Rogério de Carvalho, a companhia do Teatro Griot, peças de teatro só para atores negros...
E há produções de novelas. Mas não tenho visto muito. Fiz bastante
teatro nos últimos anos em Portugal e foi muito bom. Voltar, estar em
casa - estava com muitas saudades. Fiz um projeto o ano passado com a
Mala Voadora que ganhou alguns prémios. Mas espero que haja mais. Vou
fazer outras coisas e tenho desejo que as artes sejam descentralizadas -
é tudo muito para os grandes centros, tudo muito elitista -, que
cheguem a mais lugares.
Um teatro mais popular?
Sim, popular no bom sentido, que chegue a mais pessoas. Mas, dizia,
vou ter agora uma participação na série do Ivo Ferreira para a RTP. O
ano passado fiz um episódio noutra série para a RTP, para o Dia da
Mulher, com a Teresa Paixão e o Daniel Gorjão.
Qual é a série do Ivo Ferreira e qual o papel que vai interpretar?
A série chama-se “Sul” e vou fazer uma inspetora da Judiciária.
Acabei de receber o guião. Eles começaram no dia 15, mas como vou rodar
aqui, só vou para lá no final de julho, início de agosto. Acho que é
para se estrear ainda este ano.
Quando foi para o Brasil, queria ficar?
Não. Vinha por cinco meses, só que as coisas foram surgindo muito
rápido. Fiz uma oficina onde estava uma portuguesa que produzia um
diretor [encenador] - que, inclusive, vai estrear agora um espetáculo no
Teatro Nacional, em Lisboa [Gustavo Ciríaco encena “Cortado por todos
os lados, aberto por todos os cantos”, integrado no programa do
Alkantara Festival] - e acabei por ir fazer uma oficina com ele e
colaborar nos seus espetáculos durante cinco anos.
E vai continuar no Brasil?
A minha base, agora, é Lisboa. Já estou em Lisboa há ano e meio, mas
venho fazer trabalhos ao Brasil. Vim fazer um espetáculo no final do ano
com o Filipe Hirsch, chamado “Selvageria”, e também um filme. E agora
vim fazer duas produções. Só venho para trabalhar.
Desde a rodagem de “As Boas Maneiras”, o ano passado, está
cheia de novos projetos, uns já acabados, outros em pré-produção. A sua
carreira parece estar a descolar no Brasil?
Tenho recebido bastantes solicitações e tenho agentes que me estão a
ajudar a gerir as escolhas. O Brasil tem sido muito generoso comigo.
Foi o papel no “Joaquim” [no filme de Marcelo Gomes, Isabél
Zuaa interpretou o papel da escrava que impele Tiradentes à revolta] que
abriu essas portas?
Sem dúvida. O “Joaquim” chegou a muito mais pessoas. Mas “As Boas
Maneiras”, que vai estrear-se agora, aqui no Brasil, e que esteve no
Indie, não foi feito por convite, eu respondi a uma solicitação
[anúncio] na internet. Mandei o meu material e depois fui fazer o
casting; nem sabia para o que ia. Comecei a ler o roteiro e fiquei
admirada, nunca tinha feito nada daquilo. Mas o “Joaquim”, sim,
impulsionou-me bastante, e agora recebi um prémio de atriz revelação
aqui no Brasil [prémio Guarani]. Fiquei muito surpreendida, fui
escolhida entre mais de 150 filmes por mais de 100 críticos. É um prémio
muito especial. Continuo a colaborar com o Marcelo Gomes. Estamos a
escrever um roteiro que partiu de um convite dele para desenvolver o
personagem da Preta.
Também tem convites para telenovelas?
Tive alguns convites, mas nada muito aliciante - os agentes fazem
questão que vá lá outra vez, agora, deixar o material. Os convites que
tive não me interessaram muito artisticamente. Quando for para fazer,
quero fazer algo bom, com relevância. Sou vaidosa.
Só a atrai se for um bom papel?
A novela atrai-me, principalmente, em termos financeiros. Mas não
quero fazer uma participação, quero um papel com relevância e que seja
um trabalho a que me possa dedicar com empenho. É uma instituição com
poder, que chega a muitas pessoas e, por isso mesmo, quero fazer uma
coisa direitinha.
Numa entrevista que li afirmava que conheceu o preconceito no Brasil. Foi difícil afirmar-se?
Conheci desde sempre. Apesar de ser muito amada, bem relacionada, nós
vivemos numa bolha e perceber isso é muito curioso. Quando era mais
nova, lembro-me de passear com a minha mãe e ouvir “ó preta, vai para a
tua terra!”. A minha mãe tem uma coisa de realeza silenciosa e de uma
humanidade nessa ligação com o preconceito: perdoa e dá amor, e aprendi
isso, cresci a tentar entender o que era o perdão e que o amor curava
tudo. A minha mãe nunca foi preconceituosa, nunca foi racista. É claro
que, naturalmente, por ser uma miúda preta, periférica, passei por
vários constrangimentos, mas sempre soube defender--me bem. No Brasil,
as convenções do preconceito só mudam um bocadinho porque a maior parte
da população é negra. No mundo todo, só as convenções mudam. Estive na
Alemanha, na Berlinale, o ano passado, e no meio daquilo tudo, do
glamour, de ser muito bem recebida, de estar nomeada com a Isabelle
Hupert, saí do cinema para comprar um sumo e veio um homem atacar-me por
eu ser preta e estar ali. E no mundo artístico, onde nos gabamos de ser
muito sensíveis, de ser muito humanos, foi o lugar onde conheci mais
preconceito.
O cliché dos brandos costumes portugueses é só um disfarce para um racismo latente.
“Brancos” costumes, como diz uma amiga. Algumas coisas estão a mudar,
mas todos os dias consigo surpreender-me pela positiva e pela negativa
em relação ao racismo. Tenho uma esperança e uma desesperança.
Essa ideia que nós, portugueses, estamos sempre a vender de
que não somos racistas faz com que haja tão pouca representatividade
negra em Portugal?
Sem dúvida. Mas acho que agora já se estão a identificar mais e já se
está a falar um pouco mais sobre isso. Eu vejo o racismo em Portugal
mais nas instituições, está entranhado. No setor público, no setor
privado, na política. As políticas são feitas em função de nós e os
outros. Nós, os negros, somos sempre vistos como os outros, os
imigrantes, mesmo quem tenha nascido em Portugal.
Foi preciso esperar até agora para termos uma ministra negra. Acha que isso pode ajudar a mudar as coisas?
Pouco a pouco, vamos mudando. Mas não podemos colocar nela a nossa
esperança. Tem de haver mais diversidade, é com a diversidade que
ganhamos. O racismo está tão entranhado que pode vir a ministra que
vier! É nas pequenas ações que tem de mudar. É eu não me sentir
constrangida no restaurante x ou y por ser negra. Não haver
constrangimento por as pessoas me servirem ou estarem à espera que eu vá
servi-las. Enquanto estiver onde as pessoas querem que esteja, está
tudo bem, mas quando decido o meu lugar, isso deixa as pessoas confusas e
desconfortáveis.
E para a mulher ainda é pior?
Sim, ser mulher, ser preta e ser artista é como se estivesse no final
da cadeia alimentar. Na minha família, tenho primas que seguiram
medicina, a minha irmã seguiu enfermagem, profissões ditas normais,
emigraram para países do centro e do norte da Europa. Eu fui para o sul
do hemisfério, fiz tudo o que não devia fazer para ascender. Foi o
caminho que escolhi e vejo as minhas primas e a minha irmã a dizer-me:
“Tu és muito corajosa!”
Participo em várias celebrações, vou a palestras, a reuniões, mas
sinto que não faço parte de nenhum movimento, vou--me movimentando
dentro dos movimentos. A minha militância é no dia-a-dia. Sempre foi.
Dizia numa entrevista que nos anúncios existe a atriz e existe a atriz negra, e que isso é um absurdo.
Nas solicitações de trabalho, quando escrevem “atriz”, a convenção é
que se trata de uma atriz branca. E comecei a desconstruir isso: sempre
que vejo uma solicitação de atriz, envio o meu material. E já ouvi
respostas como “não estávamos à espera de uma atriz com a sua tez”.
[risos] Parece irrisório, mas é preciso fazer essas coisas. Eu sou
atriz, sei que sou negra, preta, retinta, gengiva preta, carapinha,
cabelo crespo, tudo e mais alguma coisa, mas tenho direito a fazer outro
tipo de papéis. Tenho amplitude para fazer todo o tipo de papéis. Não
me importo de fazer de escrava, mas não vou para a Globo fazer de
escrava para corroborar estereótipos. Quero fazer uma escrava como fiz
no “Joaquim”, uma líder quilombola que enfrenta um homem, que espoleta
no Tiradentes, personagem histórico brasileiro, a vontade de se libertar
daquela sociedade.
Sinto um maior cuidado, mas continuam a cair em estereótipos. Por
exemplo, há uma confusão com a Globo porque uma novela que se estreou
agora é passada na Baía e a maior parte do elenco é branco, sendo a Baía
o estado mais negro fora de África. O meu trabalho tem sido criar
outras dramaturgias, trazer outras narrativas, diversidade, cor.
Em que momento é que Isabel Susana Pinto Martins se transformou em Isabél com acento e Zuaa com dois ás?
[Risos] No momento em que fui a São Paulo e fiz numerologia
cabalística. Achei curioso: o Zua é Susana em kimbundo. No Conservatório
usava Isabel Martins, que achava muito português, não trazia a minha
africanidade. Conhecia uma senhora que se chamava Isabel Martins que
tinha cara de Isabel Martins. [risos] E disse à minha mãe que iria fazer
uma homenagem às minhas avós no nome, a paterna é Isabel e a minha avó
materna é Susana (Zua Mutange).
“As Boas Maneiras” fala da solidão da mulher negra.
Fala sobre a solidão da mulher negra, periférica, lésbica que
encontra uma mulher branca, rica, também solitária, autoritária - fala
de abusos de poder, também - e da relação dessas duas mulheres de mundos
completamente diferentes e da sua transformação. Denuncia o abuso de
poder e é importante haver essa transformação.
Como foi a tua abordagem à personagem, tendo em conta que é um filme de lobisomens, mas também é outra coisa?
Os meus trabalhos são sempre muito intuitivos, não tenho um método
específico. Há coisas que gosto de saber, há coisas que não me importo
de não saber e ir descobrindo. A personagem da Clara é muito diferente
nas duas fases. Na primeira fomos definindo uma Clara misteriosa, mais
inflexível, mais tensa. Na segunda tinha mais liberdade de movimentos.
Na primeira parte há takes em que contávamos os passos.
Ficou logo com vontade de fazer o papel quando leu o guião?
Não. [risos] Fiquei um bocado assustada. Ainda para mais, quem ia fazer o papel da Clara era a Camila Pitanga, eu sou a Isabél Zuaa, que vem lá do Zambujal. Pensei que ia ser um desafio. É um filme de género, é a primeira vez que sou protagonista de um filme maior e o maior desafio de todos foi fazer o sotaque de São Paulo. O filme já esteve em 65 festivais, ganhámos uma série de prémios. Recebo mensagens em que choro, emocionada por ver como o filme pode tocar alguém.
Não. [risos] Fiquei um bocado assustada. Ainda para mais, quem ia fazer o papel da Clara era a Camila Pitanga, eu sou a Isabél Zuaa, que vem lá do Zambujal. Pensei que ia ser um desafio. É um filme de género, é a primeira vez que sou protagonista de um filme maior e o maior desafio de todos foi fazer o sotaque de São Paulo. O filme já esteve em 65 festivais, ganhámos uma série de prémios. Recebo mensagens em que choro, emocionada por ver como o filme pode tocar alguém.
Não sendo adepto de filmes de lobisomens, há uma coisa no
filme que me atraiu: tudo o que aparenta normalidade no filme não é tão
normal assim: a relação entre aquelas duas mulheres, a Clara, uma mulher
negra, a criar sozinha um filho branco, e ninguém questionar isso.
No primeiro contacto com o guião perguntei-me: o que é isto? Depois fui-me apaixonando gradualmente - os diretores foram muito sensíveis, atentos, delicados, respeitosos, sabem ouvir. Eles têm muito carinho pelo trabalho.
No primeiro contacto com o guião perguntei-me: o que é isto? Depois fui-me apaixonando gradualmente - os diretores foram muito sensíveis, atentos, delicados, respeitosos, sabem ouvir. Eles têm muito carinho pelo trabalho.
* Desssombradamente mulher.
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HOJE NO
"A BOLA"
Seleção feminina vence na Suíça
A
Seleção feminina de ténis de mesa venceu, esta terça-feira, a Suíça por
3-1, em partida realizada em Genebra, referente à segunda jornada da
1.ª fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 2019.
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Portugal
apresentou-se com Fu Yu (n.º 30 do ranking mundial), Jieni Shao (n.º
153) e Leila Oliveira (n.°197), enquanto a seleção suíça foi formada
por Rachel Moret (n.° 70), Rahel Aschwanden (n.°178) e Céline Reust (n.°
342).
Na primeira jornada
desta fase de qualificação, recorde-se, a Seleção Nacional perdeu por
2-3 com a Áustria. O próximo encontro está agendado para 20 de novembro,
em território austríaco.
* Valentes portuguesas.
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MIGUEL SOUSA TAVARES
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Como nascem os Brunos
É isso que assusta. Porque os Brunos de Carvalho do futebol antecipam o que poderá ser um dia o aparecimento dos Brunos de Carvalho da política. E, a avaliar pelo que vimos no Sporting, o povo está maduro para lhes abrir os braços. O povo e as pretensas elites, que se julgava educadas para defender a democracia contra a demagogia. Talvez tenham complexos de enfrentar os demagogos quando eles se reclamam do povo e se dizem seus defensores. Mas é assim mesmo que morrem as democracias: às mãos dos demagogos e pela deserção das elites. Desejo sinceramente que o Sporting não morra. Mas, se morrer, ou se for ao fundo durante uns anos, ao menos que sirva de exemplo.
IN "EXPRESSO"
19/05/18
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Como nascem os Brunos
de Carvalho.E porque
devem ser mortos à nascença
O futebol é uma coisa
bem mais séria do que muitos, que não se interessam por futebol, pensam:
quanto mais não fosse, se ele não existisse, a vida seria profundamente
mais infeliz para milhões de seres humanos que não têm muitos outros
motivos para ser felizes, e o mundo seria, consequentemente, um lugar
mais perigoso para habitar. No seu livro “Uma Vida Inventada”, a actriz
brasileira Maitê Proença conta o que a sua primeira e tardia experiência
de uma ida ao futebol, no Maracanã, mais lhe deu que pensar: que tinha
inveja dos homens que tinham essa coisa do futebol onde, durante uma
hora e meia, podiam deitar fora todas as frustrações, as raivas e as
alegrias irracionais acumuladas ao longo de todos os outros dias. “Nós,
mulheres, não temos nada de semelhante”, concluía ela. Hoje, já não é
tanto assim, mas só por esta simples descrição — que é apenas parte do
grandioso enredo do jogo e do espectáculo que é o futebol — é fácil
perceber o potencial de perigo que existe em permitir que este jogo e
indústria que envolve as emoções à flor da pele de multidões possa cair
em mãos de salteadores de estrada.
O futebol já conheceu vários, ao nível top:
Silvio Berlusconi, em Itália, foi talvez o exemplo mais completo,
reunindo em si mesmo o controlo do então maior clube do Calcio, o AC
Milan, o controlo da maior rede de televisões e jornais italianos e a
presidência do Conselho de Ministros. Mas outros houve, notórios
bandidos, que atingiram o poder máximo, como Bernard Tapie, dono da
Adidas, um império no material desportivo, e presidente do Olympique de
Marseille, que fez campeão europeu, antes de perder o título por provada
corrupção desportiva; o seu compatriota Michel Platini, presidente da
UEFA, um dos melhores jogadores de sempre, caído em desgraça também por
provada corrupção na compra de votos; o mesmo que fez cair o suíço
Joseph Blatter, todo-poderoso presidente da FIFA, implicado no escândalo
da compra de votos para o Mundial do Qatar; ou o cappo di tutti cappi,
o brasileiro João Havelange, anos a fio também presidente da FIFA e
anos a fio sabidamente corrupto, ele e o seu genro e sucessor. Foi tanta
e tão escandalosa a trafulhice das altas instâncias do futebol europeu e
mundial e tanto e cada vez mais o fluxo de milhões envolvido na
indústria do futebol, com o alastramento das transmissões televisivas à
Ásia e à América do Norte, que os novos patrocinadores e as novas
produtoras televisivas trataram de impor um mínimo de regras de conduta
que garantisse a credibilidade do jogo. Simultaneamente, os novos
patrões dos grandes clubes deixaram de ser milionários ou gentlemen
locais: passaram a ser milionários russos amigos de Putin, em busca de
acreditação e direito de residência em Chelsea e Belgravia, príncipes
árabes, que trocaram os cavalos pelo futebol, marajás indianos, que
viram mais futuro planetário no futebol do que no críquete ou
novos-ricos americanos que pensaram o mesmo do soccer relativamente ao seu football.
Só na periferia do futebol europeu — leia-se, na periferia da Europa — é
que continuou a subsistir a figura do dirigente local, à dimensão do
clube, à escala da sua cidade, muitas vezes da sua paróquia. Portugal,
Grécia, Turquia, é aí que ainda os encontramos.
Em Portugal, como é sabido, a divisão é clara: há os
três grandes, centenários, secando praticamente tudo à roda. E, depois,
com maiores ou menores diferenças, vêm os outros: quase sempre são
dirigidos por sumidades locais, ligadas ao poder local e ao partido
dominante na terra, todos vagamente empresários, declaradamente
incompetentes para a função, fatalmente comendadores e inevitavelmente
ansiosos por protagonismo. Nos três grandes, só um (julgo escusada a
declaração de interesses) tem um presidente estável (há 26 anos), que
percebe do assunto e que ganhou mais títulos que nenhum outro à face da
terra, goste-se ou não dele: chama-se Pinto da Costa. No Benfica, o
maior clube português, em número de adeptos e sócios, Luís Filipe Vieira
vai aprendendo com o tempo a tentar imitar Pinto da Costa, depois do
que foram os anos de vergonha em que o clube sucumbiu à demagogia
larvar, que se viria a revelar também simples assalto financeiro ao
próprio clube, de um pirata chamado Vale e Azevedo. Neste momento,
porém, o céu benfiquista está carregado de nuvens negras de suspeições
sob investigação judicial que, a serem confirmadas, ninguém pode prever
até onde farão tombar na lama o nome do clube. Nesta conjuntura, bem
podem os benfiquistas agradecer a prestimosa ajuda que o inacreditável
presidente do rival lisboeta lhes tem dado para desviar as atenções
deles, chamando-as todas a si, como ele tanto gosta. Falemos então desse
inenarrável Bruno de Carvalho, que 90% dos sócios votantes do outrora
orgulhoso Sporting Clube de Portugal escolheram e voltaram a escolher
para os reconduzir no caminho das glórias passadas.
O
que mais me espantou em Bruno de Carvalho, e desde o primeiro dia, é
que nele, tal como em Vale e Azevedo, não havia motivo para espanto
algum: tudo estava ali, cristalinamente claro. Na cara, na voz, no
discurso, nos gestos, nas atitudes. Aquilo era um demagogo em estado
puro, nem sequer levemente disfarçado. Era um ignorante absoluto, sem
currículo no que quer que fosse, sem projecto algum a não ser o de tomar
conta do clube e declarar guerra a todos os que se opusessem ao
inevitável triunfo do Sporting. E, à vista desarmada, um narciso
doentio, vaidoso e egocêntrico, sedento de um protagonismo insaciável,
um Kim Jong-un da Reboleira. Porém, mais do que os 90% de povo
sportinguista que o seguiram — e que metem medo porque demonstram como a
ocasião pode fazer triunfar o demagogo — o que impressiona é perceber
como tantos que, pelo menos, não poderiam deixar de ver o ridículo do
personagem, o seu evidente descontrolo psicológico, o perigo do seu
distúrbio de personalidade, o aventureirismo da sua óbvia incompetência,
não viram nada disto e até ao fim o seguiram como cordeirinhos para o
matadouro. Como é que um psiquiatra como Daniel Sampaio não percebe que
Bruno de Carvalho é um desequilibrado? Como é que Daniel Oliveira
acreditou mesmo que ele era um génio financeiro que teria resolvido
milagrosamente a dívida do Sporting, sem estranhar que o tenha feito de
forma a obter uma espécie de perdão de dívida do doutor Ricciardi, do
ex-BES e uma venda de 30% do capital da SAD ao doutor Sobrinho,
co-responsável pelo desaparecimento de 4000 milhões de euros do BESA.
Como é que Eduardo Barroso, no auge do caos absoluto instaurado por um
presidente desvairado, decreta clinicamente que tudo não passa de uma
fase de burnout por excesso de trabalho?
É isso que assusta. Porque os Brunos de Carvalho do futebol antecipam o que poderá ser um dia o aparecimento dos Brunos de Carvalho da política. E, a avaliar pelo que vimos no Sporting, o povo está maduro para lhes abrir os braços. O povo e as pretensas elites, que se julgava educadas para defender a democracia contra a demagogia. Talvez tenham complexos de enfrentar os demagogos quando eles se reclamam do povo e se dizem seus defensores. Mas é assim mesmo que morrem as democracias: às mãos dos demagogos e pela deserção das elites. Desejo sinceramente que o Sporting não morra. Mas, se morrer, ou se for ao fundo durante uns anos, ao menos que sirva de exemplo.
IN "EXPRESSO"
19/05/18
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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Morreu Júlio Pomar
O artista plástico Júlio Pomar morreu esta terça-feira aos 92 anos no Hospital da Luz, em Lisboa, revelou fonte familiar.
Segundo a mesma fonte, o pintor morreu na
sequência de problemas de saúde relacionados com a idade e com um
internamento prolongado. Não há ainda informações sobre cerimónias
fúnebres.
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Pintor e escultor, nascido em
Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos criadores de
referência da arte moderna e contemporânea portuguesa.
O
artista deixa uma obra multifacetada que percorre mais de sete décadas,
influenciada pela literatura, a resistência política, o erotismo e
algumas viagens, como a Amazónia, no Brasil.
Júlio
Pomar estudou na escola de artes decorativas António Arroio e nas
escolas de Belas Artes de Lisboa e Porto, mudando-se para Paris em 1963.
Vinte anos depois regressaria a Lisboa, e passou a dividir a vida e o
trabalho artístico entre as duas cidades.
Tornou-se
um dos artistas mais conceituados do século XX português, com uma obra
marcada por várias estéticas, do neorrealismo ao expressionismo e
abstracionismo, e uma profusão de temáticas abordadas e de suportes
artísticos experimentados.
A obra foi
dedicada sobretudo à pintura e ao desenho, mas realizou igualmente
trabalhos de gravura, escultura e ´assemblage´, ilustração, cerâmica e
vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo.
Em 2004, foi condecorado pelo então Presidente da República Jorge Sampaio com a Ordem da Liberdade.
Em
2013, abriu o Atelier-Museu Júlio Pomar, instalado num edifício em
Lisboa, perto da residência do artista, com um acervo de cerca de 400
obras.
As obras, doadas pelo artista à
Fundação Júlio Pomar, incluem pintura, escultura, desenho, gravura,
cerâmica, colagens e 'assemblage'.
* Portugal muito mais pobre.
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HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Consumo de ovos pode reduzir riscos
.de doenças cardiovasculares
O consumo diário de um ovo pode reduzir
significativamente o risco de doenças cardiovasculares, com a
probabilidade de AVC a baixar 26%, indica um estudo realizado na China e
agora publicado na revista Heart.
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As
doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e incapacidade
em todo o mundo, especialmente pelas cardiopatias isquémicas e acidentes
vasculares cerebrais (AVC). Ao contrário do resto do mundo, onde é mais
frequente a doença isquémica, na China a principal causa de morte
prematura é o derrame cerebral.
No
estudo lembra-se que os ovos são uma fonte importante de colesterol mas
que também contêm proteínas de alta qualidade, muitas vitaminas e
componentes bioativos, como os fosfolipídeos (lípidos que contém ácido
fosfórico) e os carotenoides (importantes na alimentação e
antioxidantes).
A
investigação agora publicada refere que estudos anteriores que
analisaram a associação entre comer ovos e a saúde foram inconsistentes.
No
estudo publicado hoje, uma equipa de investigadores da China e do Reino
Unido, liderada pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Pequim,
propôs-se examinar as relações entre o consumo de ovos e as doenças
cardiovasculares, usando dados de um estudo a decorrer e que junta mais
de 500 mil pessoas adultas (30-79 anos) de 10 diferentes regiões da
China.
Os
participantes, recrutados entre 2004 e 2008, foram questionados sobre a
frequência do consumo de ovos e foram acompanhados para determinar a sua
morbilidade e mortalidade.
A
análise dos resultados mostrou que em comparação com pessoas que não
consomem ovos o consumo diário de ovos está associado a um risco menor
de doenças cardiovasculares.
Os
consumidores diários de um ovo baixaram em 18% o risco de uma doença
cardiovascular. Só em relação a um AVC a probabilidade baixou 26%.
O consumo diário de ovos levou também a uma redução de 25% no risco de cardiopatia isquémica.
Os
autores notam que o estudo foi de observação, pelo que não se pode
tirar uma conclusão categórica de causa e efeito, mas salientam o
tamanho da amostra.
“O
presente estudo revela que há uma associação entre o consumo moderado
de ovos (um por dia) e uma menor taxa de eventos cardíacos”, disseram os
autores.
* Nos idos da década de 60, em Coimbra, o professor Bruno da Costa, gastrenterologista prescrevia aos seus doentes a ingestão de um ovo diário menos frito. Um homem muito à frente.
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HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
56 primeiros funcionários da Xiaomi
.prestes a ficar milionários
.prestes a ficar milionários
A Bloomberg já lhes chama os Lucky 56: os primeiros empregados da Xiaomi estão num caminho milionário, quando a IPO da tecnológica se materializar.
Antes de se tornar um império tecnológico à
escala global, a chinesa Xiaomi começou como um sonho do empresário Lei
Jun, que continua dirigir a empresa. Em 2010, a Xiaomi tinha o estatuto
de startup e ainda vendia poucos smartphones.
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Oito anos depois, já formalizou a sua entrada em bolsa com uma oferta pública inicial (IPO, em inglês), que tem potencial para ser uma das maiores do ano, e assume querer vender 100 milhões de smartphones em todo o mundo.
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Oito anos depois, já formalizou a sua entrada em bolsa com uma oferta pública inicial (IPO, em inglês), que tem potencial para ser uma das maiores do ano, e assume querer vender 100 milhões de smartphones em todo o mundo.
E é justamente esta IPO que pode mudar a
carteira dos 56 primeiros empregados da Xiaomi, reporta a Bloomberg. Nos
primeiros tempos da empresa, Lin Bin, um dos engenheiros responsáveis
pelo sistema operativo da marca investiu as suas poupanças na Xiaomi –
ele e outros 55 empregados. No total, conseguiram juntar 11 milhões de
dólares (cerca de 9,3 milhões de euros): houve quem investisse as
poupanças de uma vida, pedisse empréstimos à família ou até quem
aplicasse o dote de casamento, como a, na altura, rececionista da Xiaomi
fez, explica a Bloomberg.
O investimento feito vai agora tornar o grupo dos 56 empregados em milionários: coletivamente, o grupo pode vir a ganhar 3 mil milhões de dólares, segundo as prospeções da Xiaomi, que apontam para uma valorização da empresa de 100 mil milhões de dólares, com uma flutuação de 15% com a entrada em bolsa.
Ainda assim, há quem faça análises mais modestas e estime que os 56 empregados possam receber coletivamente 1,4 mil milhões de dólares, caso a valorização da empresa se fique pelos 50 mil milhões de dólares. Segundo a Bloomberg, estes cálculos assumem que os atuais acionistas não vendem as suas participações e que os 11 milhões de dólares investidos pelos ‘56 sortudos’ foram investidos como um investimento de série B. Em suma, o investimento feito pelos empregados pode ter um retorno até 200 vezes do valor inicial investido na Xiaomi.
Segundo os analistas, cada uma dessas pessoas pode vir a receber 36 milhões de dólares, em média, o que em euros se traduz em mais de 30 milhões. Ainda assim, como já se percebeu, estes valores dependem de um conjunto de fatores, como o montante investido em 2010 por cada um dos funcionários e ainda qual a resposta do mercado à IPO da Xiaomi, que foi entregue na bolsa de Hong Kong.
Na altura da formalização da entrada em bolsa, a Xiaomi explicou que quer investir 30% do dinheiro conseguido em inteligência artificial e no seu ecossistema de internet of things (internet das coisas). Embora se tenha tornado mais conhecida pelos seus smartphones focados na boa relação entre qualidade e preço, a Xiaomi conta também com produtos para casas inteligentes, portáteis, drones e também pulseiras para monitorizar atividade desportiva. A empresa quer ainda investir fundos em investigação e desenvolvimento, além de reforçar a expansão internacional da empresa.
No último trimestre de 2017, a Xiaomi conseguiu duplicar a sua quota de mercado global, conquistando 7,7% do mercado, indicou a IDC. Não é segredo que a empresa tem vindo a investir em mercados como a Índia e a Rússia, muito pela dimensão e potencial deste tipo de mercados. Globalmente, a IDC coloca a Xiaomi entre as quatro marcas mais importantes de smartphones, ao lado de marcas como a Apple, Samsung e Huawei.
O investimento feito vai agora tornar o grupo dos 56 empregados em milionários: coletivamente, o grupo pode vir a ganhar 3 mil milhões de dólares, segundo as prospeções da Xiaomi, que apontam para uma valorização da empresa de 100 mil milhões de dólares, com uma flutuação de 15% com a entrada em bolsa.
Ainda assim, há quem faça análises mais modestas e estime que os 56 empregados possam receber coletivamente 1,4 mil milhões de dólares, caso a valorização da empresa se fique pelos 50 mil milhões de dólares. Segundo a Bloomberg, estes cálculos assumem que os atuais acionistas não vendem as suas participações e que os 11 milhões de dólares investidos pelos ‘56 sortudos’ foram investidos como um investimento de série B. Em suma, o investimento feito pelos empregados pode ter um retorno até 200 vezes do valor inicial investido na Xiaomi.
Segundo os analistas, cada uma dessas pessoas pode vir a receber 36 milhões de dólares, em média, o que em euros se traduz em mais de 30 milhões. Ainda assim, como já se percebeu, estes valores dependem de um conjunto de fatores, como o montante investido em 2010 por cada um dos funcionários e ainda qual a resposta do mercado à IPO da Xiaomi, que foi entregue na bolsa de Hong Kong.
Na altura da formalização da entrada em bolsa, a Xiaomi explicou que quer investir 30% do dinheiro conseguido em inteligência artificial e no seu ecossistema de internet of things (internet das coisas). Embora se tenha tornado mais conhecida pelos seus smartphones focados na boa relação entre qualidade e preço, a Xiaomi conta também com produtos para casas inteligentes, portáteis, drones e também pulseiras para monitorizar atividade desportiva. A empresa quer ainda investir fundos em investigação e desenvolvimento, além de reforçar a expansão internacional da empresa.
No último trimestre de 2017, a Xiaomi conseguiu duplicar a sua quota de mercado global, conquistando 7,7% do mercado, indicou a IDC. Não é segredo que a empresa tem vindo a investir em mercados como a Índia e a Rússia, muito pela dimensão e potencial deste tipo de mercados. Globalmente, a IDC coloca a Xiaomi entre as quatro marcas mais importantes de smartphones, ao lado de marcas como a Apple, Samsung e Huawei.
* Os 56 empregados investidores, "entraram" com um pouco mais de 166 mil euros portanto não eram uns "pés rapados" principalmente na China onde existem muitos milhões de cidadãos a ganhar menos de 5€/dia.
Arriscaram e vão lucrar, bem bom!
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X-TABU
AMÉRICA LATINA
3.CIRURGIAS
PLÁSTICAS
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Nesta nova época de "bloguices" que vai de Setembro/17 a Julho/18, iremos reeditar algumas séries que de forma especial sensibilizaram
os nossos visitadores alguns anos atrás, esta é uma delas.
** As
nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma
hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
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