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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
03/08/2017
JOÃO CARLOS BARRADAS
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IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
01/08/17
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Venezuela:
perder-se até à exaustão
O risco de golpe militar é algo que Maduro tem bem presente, mas as prebendas que oferece a incorporação das forças armadas, polícias e milícias nas estruturas de poder inviabilizam de momento um "pronunciamiento".
A Leopoldo López e Antonio Ledezma o "Servicio Bolivariano de
Inteligencia Nacional" foi buscá-los a casa de madrugada e assim começou
a razia de opositores capazes de liderarem a contestação à ditadura de
Nicolás Maduro ainda antes de o Presidente assumir plenos poderes.
A
aprovação da Assembleia Nacional Constituinte por 8,1 milhões de
venezuelanos (41,5 % do eleitorado, segundo cômputo governamental) visa
permitir a Maduro obliterar a Assembleia Legislativa em que a "Mesa de
la Unidade Democrática" - frente de partidos de oposição agregando de
conservadores a sociais-democratas - detém uma maioria de 2/3 desde as
eleições de Dezembro de 2015.
A
procuradora-geral Luisa Díaz, dissidente do chavismo cujo mandato
termina em 2021, tem os dias contados, e poderes das 24 entidades
federais e municípios serão avocados a instituições controladas pelo
Presidente que eliminará resquícios de independência do ramo
judicial.
O projecto Maduro tem retinto recorte
comunista cubano e implica, ainda, a partilha do poder presidencial com
altas patentes das forças armadas e de segurança, a par da
hierarquização centralista de comités de supervisão e gestão de empresas
e entidades de prestação de serviços estatais.
O risco
de golpe militar é algo que Maduro tem bem presente, mas as prebendas
que oferece a incorporação das forças armadas, polícias e milícias nas
estruturas de poder inviabilizam de momento um "pronunciamiento".
Mesmo
que a fraude de domingo tenha duplicado o número de participantes na
votação, o regime pode ainda contar com um núcleo de apoiantes próximo
dos 20% do eleitorado, o que permitirá, num cálculo grosseiro, gerir no
curto prazo a assunção de plenos poderes.
Maduro, contudo,
teve dificuldade para vencer o candidato da MUD Henrique Capriles nas
presidenciais de Abril de 2013, obtendo apenas 51 % dos votos, e carece
de subtileza na manobra o que poderá torná-lo a qualquer momento
personagem descartável até para próceres muito próximos como Diosdado
Cabello ou Cilia Flores ou levar Havana a optar por outro chavista.
Uma
quebra do PIB que deverá superar no final deste ano 35% em relação a
2013, ano do passamento de Hugo Chávez, agudiza a crise social.
No
Inverno, a inflação rondará os 1000 % e as reservas financeiras serão
insuficientes para cobrir o serviço de dívida, mas o sucessor de Chávez
conta com a mobilização nacionalista ante sanções e boicotes
internacionais para siderar a oposição parlamentar e tirar da ribalta
potenciais líderes da contestação nas ruas.
Levar sanções
internacionais - congelamento de bens, proibição de transacções
comerciais e vistos de entrada - a abranger um número crescente e
significativo de pessoas e familiares próximos de responsáveis do regime
que participem nas decisões da Assembleia Nacional Constituinte e de
altos responsáveis civis e militares que as venham a acatar é a opção
morosa, mas consistente para cavar clivagens entre apoiantes de Maduro e
potencialmente abrir caminho a um diálogo com a oposição.
Tal
estratégia por razões humanitárias exclui o boicote às vendas de
petróleo, designadamente as compras dos Estados Unidos que representam
metade das receitas em divisas, e só fará sentido se incluir estados
americanos que não reconhecem a fraude da Constituinte - caso de Brasil,
Peru, Colômbia, Argentina, Chile, México, Panamá - Washington e a UE.
Por
maior que seja o repúdio internacional, apesar de o sustento político
de Moscovo a Caracas ou de Pequim continuar a aceitar petróleo em
pagamento da dívida de 65 mil milhões de dólares, nenhuma força externa
se pode substituir à oposição democrática venezuelana no combate
político a Maduro.
O Presidente espera que as
manifestações iniciadas em Abril percam fôlego e se esgotem num clima de
anomia e violência à medida que a maioria dos venezuelanos, assoberbada
na luta pela subsistência quotidiana, descarte os protestos a troco da
sobrevivência.
O cálculo é cínico, plausível, mas
arriscado pois as fúrias e as violências não raro escapam ao controlo
pela força e propaganda.
Leopoldo López, depois de
condenado, em 12 de Setembro de 2014, a 13 anos, 9 meses, 7 dias e 12
horas de prisão, lançou da prisão militar de Ramo Verde, no Norte do
país, um apelo aos venezuelanos.
Escrevia López: "Quem se cansa perde... E eu nunca me cansarei de lutar pela Venezuela!"
No
dia 8 de Julho, todos os protestos pela detenção deste líder de
centro-esquerda levaram o Supremo Tribunal, às ordens de Maduro, a
reverter a pena, alegando motivos de saúde, em prisão domiciliária por
igual período.
Na madrugada de 1 de Agosto López foi levado da sua casa em Caracas e voltou para o presídio no Norte do país.
O resto saber-se-á depois se López fizer valer a sua promessa ou quando a Venezuela ruir por desespero e exaustão.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
01/08/17
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9-TEATRO
FORA "D'ORAS"
V-AQUI HÁ
FANTASMAS
Consta que uma casa senhorial está assombrada. Então o Professor Hermes decide fazer uma experiência em que anda a magicar há muito tempo: testar a pílula da coragem. Escolhe um pobre diabo, o Chichas, para cobaia, e promete-lhe 150 contos em troca de ele passar lá a noite.
Leva o Chichas e a uma enfermeira para a casa assombrada e pede a um colega que se disfarce de fantasma para assustar o homem.
Só que há outros fantasmas lá em casa.
Uma comédia escrita e encenada por Henrique Santana, gravada com público sob a direcção de televisão de Pedro Martins.
Do elenco fazem parte, para além do próprio Henrique Santana, Rita Ribeiro, Armando Cortez, Maria Helena Matos, Henrique Santos, Carlos Quintas, Luís Alberto, António Feio, Cristina de Oliveira, José Raposo e Francisco Vaz.
Uma peça de arrepiar.
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