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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
17/04/2017
PEDRO MARQUES LOPES
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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
16/04/17
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ADÃO E OS NETOS
1Assisti a um comentador comparar os
terroristas do Daesh aos miúdos que se portaram mal em Torremolinos. Vi
um jornalista a dizer que se calhar o trabalho infantil até não seria
muito mau porque evitaria esse género de situações. E assisti ao
relambório costumeiro sobre esta horrível geração. A tal que é muito
pior do que a anterior, como a anterior foi pior do que a que precedeu, e
assim sucessivamente até ao tempo em que o Adão se comparou aos netos e
verificou que estes eram uns preguiçosos, uns egoístas, uns
mal-educados e que só pensavam em porcarias.
Como
na minha geração ou em qualquer idade, há gente mais estúpida e menos
estúpida, mais educada e menos educada, mais ou menos civilizada, todas
as gerações têm os seus Rogeiros.
Nesta história de copos e disparates, e apesar de já ter sido há muito tempo, a minha memória ainda está razoavelmente fresca.
Lembro-me
de que quando tinha a idade desses miúdos também havia episódios do
género, alguns bem piores. Tinham menos divulgação. Não havia Facebook,
as edições dos jornais não tinham de tentar dar notícias de minuto a
minuto, não havia sete ou oito televisões a precisar de alimentar 24
horas de espaço. Mas que havia muita coisa do género, oh se havia.
Imagine-se
o que seria o mundo da minha geração com as redes sociais, telemóveis e
jornais, televisões e quejandos a ter de estar constantemente a
alimentar o cidadão. Podíamos publicar filmes de miúdos de 13 anos a
beber cálices de São Domingos e Aldeias Velhas, servidos pelos
empregados, em cafés em frente aos liceus. Pôr no Facebook rapazes e
raparigas de 15 anos a cravar cigarros a professores. Filmar cenas de
pancadaria entre liceus. Ou então fazer a divulgação online da
humilhação diária que era feita aos maricas ou os insultos a ciganos,
negros ou qualquer outra etnia diferente da maioritária.
Convenhamos,
na altura ninguém se lembraria de tentar que um qualquer desses
episódios se tornasse viral: eram coisas corriqueiras. Uma coisa
parecida com um filme de gatinhos de agora. Ninguém quereria saber.
O
facto de a minha geração ter feito disparates similares ao do de
Torremolinos, ter um acesso mais descontrolado a álcool e
estupefacientes e ser bem mais preconceituosa do que esta serve para
desculpar estes miúdos? Claro que não. O que é absolutamente disparatado
é tirar conclusões sobre irresponsabilidade ou falta de educação ou o
que seja duma inteira geração com episódios, ainda que lamentáveis,
parecidos com a de qualquer outra.
Também
não caio no extremo oposto aos disparates do costume. Não desconheço a
obsessão pela fama desta geração, com se de um fim em si mesmo se
tratasse; o desprezo pela vida privada, sua e dos outros; a falta de
vontade de começar uma vida fora do conforto dos pais, que está longe de
ser apenas explicada pelas condições económicas atuais e que está a
trazer problemas sociodemográficos graves; a falta de empenho na
política e em causas sociais; uma ansiedade desmesurada, de que a mania
com os smartphones e a sua constante consulta é um excelente exemplo; a
maneira como desprezam tanta informação a que têm acesso e não a
convertem em conhecimento.
Mas se
olharmos para estes possíveis defeitos que vemos nesta geração, quantos
também não assacamos à nossa? Aos homens e mulheres entre os 40 e os 50
anos? Talvez a parte da saída da casa dos pais, e mesmo isso...
Seja
como for, esta geração está em termos gerais mais bem preparada do que a
minha e é bem menos preconceituosa e mais tolerante. Vive num mundo em
que não são percetíveis os inimigos e os amigos, em que a autoridade
está em crise e as referências não existem, está - como nós todos -
carente de causas e a instabilidade é um dado adquirido: o emprego não é
certo, a tecnologia muda de dia para dia. Ainda assim, não me recordo
de uma geração que mostre tanta apetência pela criatividade, curiosa das
potencialidade da tecnologia, liberta de complexos e culpas que nos
toldavam.
E tudo isto a reboque de um episódio que pouco terá que ver com um possível retrato geracional.
Como
rezava um artigo antigo da Time, e onde eram fundamentados com números
alguns dos possíveis defeitos de uma geração, esta não é pior ou melhor
do que as anteriores, é apenas mais uma a adaptar-se ao mundo em que
vive.
2 Na mesma semana, Sean Spicer,
porta-voz da Casa Branca, afirmou que "nem Hitler desceu tão baixo a
ponto de usar armas químicas", Donald Trump deu ordens para um
bombardeamento ao Iraque, que foi à Síria, entre uma garfada num bolo de
chocolate e largou a maior bomba desde a de Hiroxima no Afeganistão.
O
país que nos habituamos a ver como o grande bastião da democracia e da
liberdade (com todos os seus defeitos) está entregue a uma coligação de
ignorantes e inconscientes. A maior máquina de guerra que o mundo já
conheceu está ao dispor de um bando de loucos, arrogantes e deslumbrados
associados a um perigoso ditador - este pretenso arrufo entre Trump e
Putin cheira a esturro por todo o lado.
Não
me lembro, nas últimas décadas, de ver um mundo tão perigoso. A própria
ameaça islamita parece insignificante - e que bem sabemos que não é -
em face da que vem da Casa Branca. Nada mais amedrontante do que um
louco ignorante com a chave para o botão do fim do mundo.
Para
não variar, resta-nos a fé na democracia americana e nas suas
instituições. Se não funcionar estamos muito para além de tramados.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
16/04/17
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1-BIZARRO
FORA "D'ORAS"
XI-MOUNT OLYMPUS
*Quem diz que os artistas não são atletas?
O artista belga Jan Fabre e 27 outros artistas conceberam uma apresentação de 24h sem paragem nem intervalos, intitulada de Mount Olympus, que foi estreada no Berliner Festspiele.
O incrível feito de resistência foi escrito, dirigido e coreografado por Fabre, que novamente empurra os limites do teatro.
Depois de 12 meses de ensaios, Mount Olympus tentou unir todas as facetas do trabalho anterior do artista.
Descrito como 'um projecto excepcional' no site do Berliner Festspiele, os artistas 'dançaram, actuaram, amaram, sofreram, dormiram e sonharam ao percorrerem os mitos da Grécia antiga'. Levaram os espectadores através duma actuação entre o acordar e o
sonhar, entre o sonho e a realidade.
Actuações anteriores baseadas na resistência, tal como a sua peça de oito horas 'Isto é Teatro Como Era Esperado e Antecipado' (1982), revolucionaram o conceito da arte de teatro e actuação.
Desde 1951 que o Berliner Festspiele une uma variedade de entre-cruzamentos de disciplinas artísticas e de eventos culturais para promover a rica e colorida paisagem artistica de Berlim.
** Somos suficientemente incultos e incapazes para considerar como arte este espectáculo, não há como aprender e digerir.
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** Somos suficientemente incultos e incapazes para considerar como arte este espectáculo, não há como aprender e digerir.
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