Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
02/04/2017
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Ashton Cofer
O plano de um jovem inventor
para reciclar esferovite
Entre embalar amendoins até aos copos de café descartáveis, só os EUA produzem todos os anos cerca de 900 milhões de quilos de esferovite — um material que não pode ser reciclado.
Frustrados com esse desperdício de recursos e espaço nos aterros, Ashton Cofer e os seus colegas de grupo de ciências desenvolveram um tratamento de aquecimento para transformar a esferovite usada em algo útil.
Observem o seu "design" original, que ganhou o Prémio de Inovação FIRST LEGO League Global e o Prémio Scientific American Innovator da Google Science Fair.
CATARINA CARVALHO
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IN "NOTÍCIAS MAGAZINE"
26/03/17
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Esta não é a primavera
que esperávamos
Deixem de sorrir com o calor fora de tempo e de se queixar com o frio glaciar. É preciso fazer qualquer coisa, ou as mudanças do clima vão ser imprevisíveis.
A fazer valer pelos dados estatísticos por estes dias no mural do
Facebook e pelas conversas de café, há muita gente sensível à chegada da
primavera. Há um inevitável gosto que todos os seres humanos têm,
sobretudo os que já ganharam a noção de que estão em processo de
envelhecimento, no renascer que a primavera suscita. Todos os anos, seja
a primavera a 21 de março, como nos habituámos, ou a 20, como manda
agora o equinócio, o dia em que saímos de casa e reparamos que as
árvores estão floridas é como o primeiro do resto das nossas vidas.
As estações devolvem-nos ao que temos de mais básico e humano. E se é
verdade que já não somos esses seres naturais, dependentes delas,
também não é menos certo de que a nossa vida, como seres vivos mas
também como comunidades, depende do tempo que faz e, sobretudo, do
clima. Por isso este começo de primavera foi o mais negro dos últimos
anos.
Talvez esta frase soe brutal a quem estava a gostar do tom poético da
crónica. Lamento desiludir. Falo das estações e do clima para chamar a
atenção para a maior ameaça à humanidade como a conhecemos – muito
maiores do que as que atualmente nos preocupam, seja o Trump ou o
radicalismo de direita ou esquerda. Quer dizer, no caso de Trump, estão
ambas ligadas.
O clima está mesmo a mudar e, segundo um relatório terrível da
Organização Meteorológica Mundial divulgado nesta semana, de forma que
já não podemos prever as consequências. «Entrámos em território
desconhecido», disse o diretor da WMO, David Carson. E foi mesmo para
assustar. As temperaturas subiram, o nível das águas também. O degelo
está tão rápido, no Polo Sul, que já tem efeito, por exemplo, nas
temperaturas extremas do verão australiano. E também nas cheias que
afetam o Peru. Mudanças destas podem levar a catástrofes civilizacionais
– agrícolas, de migrações, económicas. Todas essas que, sabemo-lo da
História, são razões de guerra, fome, pestes.
Isto só não dá dores de cabeça a quem a tem envolta em cor de
laranja. Sim, falo de Donald Trump: não é o protecionismo, os muros nem o
estrabismo ideológico o que na estratégia do presidente americano mais
nos pode afetar. É a sua política míope sobre controle de emissões de
carbono e a aposta – essa, cega, mesmo – nos combustíveis fósseis. Trump
já propôs cortar para um terço – um corte de 2,6 mil milhões – o valor
concedido à Agência Americana de Proteção do Ambiente. Robert Watson,
antigo líder do comité da ONU para o clima, explica a estupidez da
medida: «Os nossos netos vão olhar para quem negou o aquecimento global e
vão perguntar como puderam sacrificar o planeta em função da energia
fóssil barata, quando os custos da inação nesta matéria excedem o custo
de uma transição para uma economia de baixo-carbono.»
A todos os que não têm uma auréola cor de laranja a proteger o
cérebro de pensar, chegou a hora de olhar o problema de frente. Deixem
de assistir ao calor ou ao frio fora de tempo como se fosse um desígnio
divino – com comentários de elevador. Não é: a causa somos nós e só nós
podemos fazer qualquer coisa. Aliás, devíamos já todos saber o que fazer
para reverter o que é, atualmente, certo como o destino. Esta deve ser,
de longe, a causa das nossas vidas. Nas escolhas do dia-a-dia e também,
já agora, na dos nossos votos e até ideologias.
IN "NOTÍCIAS MAGAZINE"
26/03/17
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
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XXI-VISITA GUIADA
Museu do Chiado
Pintor Joaquim Rodrigo/1
LISBOA - PORTUGAL
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
*
As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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Roberto Carlos
Luciano Pavarotti
Ave Maria
Vamos relembrar um momento histórico da música brasileira, no ano de
1998. O grande Roberto Carlos na companhia de ninguém menos que Luciano
Pavarotti, que entrou para a história como um dos tenores mais
importantes do mundo. Aqui eles cantam juntos a maravilhosa canção "Ave
Maria".
Assista e se emocione com esse dueto de grandes artistas!
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HOJE NO
"EXPRESSO"
‘Acionista’ da TAP acumula negócios
O grupo chinês HNA volta a concentrar as atenções mediáticas porque está interessado em comprar a revista “Forbes”, aumentando os investimentos realizados a nível mundial
Chen Feng, o líder do Grupo HNA que está
a negociar a compra de uma participação de controlo na revista “Forbes”
— avaliada em 475 milhões de dólares —, tem projetos de “forte
crescimento para os seus negócios”. Quem o diz é o empresário Humberto
Pedrosa, que, sem conhecer pessoalmente Chen Feng, garante ao Expresso
que entre os vários negócios da HNA que se cruzam com Portugal está a
intenção de criarem “voos da China para Lisboa, o que seria bom para a
TAP”, comentou o empresário português.
Entre os projetos de
crescimento do conglomerado chinês HNA está a consolidação da
participação detida na Atlantic Gateway — acionista da TAP —, através da
companhia brasileira Azul. “Para que isso aconteça, eu e o meu sócio
David Neeleman teremos de vender os direitos económicos — mas não o
capital — necessários a que a HNA faça as consolidações legais dos
investimentos realizados, e isso ainda não foi concretizado”, explicou
Humberto Pedrosa. O objetivo final da HNA é ter 20% da TAP.
Dos aeroportos ao turismo
A perspetiva de Humberto Pedrosa para o crescimento dos investimentos
do Grupo HNA é feita como empresário do sector dos transportes, onde
Chen Feng tem multiplicado ativos a uma velocidade vertiginosa. Os
últimos dados divulgados pela agência Reuters sobre o valor dos ativos
detidos pela HNA apontam para um montante da ordem dos 100 mil milhões
de dólares, investidos para lá da aviação e dos aeroportos, em sectores
como a logística, e as áreas do turismo, financeira, cultural e de
media.
A partir de maio de 2016 — altura em que comprou a
participação de 7% no consórcio Atlantic Gateway, acionista da TAP, com
opção de aumentar a participação na Gateway até aos 40%, o que daria
indiretamente 20% da TAP —, o Grupo HNA apostou forte no sector da
aviação europeia, pois, em julho de 2016, comprou 80% da empresa de
manutenção aérea de Zurique, SR Technics, ao grupo de investimento
Mubadala do Abu Dhabi.
Em outubro do ano passado ainda fez
investimentos na hotelaria, ao comprar 25% da holding Hilton Worldwide
ao grupo Blackstone, por 6,5 mil milhões de dólares. Em fevereiro de
2017 foi a vez de comprar 3,04% do Deutsche Bank. Já em março comprou a
sua primeira infraestrutura aeroportuária fora da China, adquirindo
82,5% do aeroporto de Frakfurt-Hahn, que é o segundo maior da Alemanha.
Chen
Feng, nascido em 1953, na província chinesa de Shanxi, cresceu em
Pequim e iniciou a sua vida profissional no meio da aeronáutica. Depois
de terminar a revolução cultural maoísta — que durou de 1966 a 1976, um
período passado na Força Aérea chinesa —, Chen Feng começou a trabalhar
no regulador chinês da aviação civil.
Em 1984 acede a uma bolsa
de formação da Lufthansa, em gestão de transporte aéreo. Em 1989 faz uma
breve incursão pelo sector financeiro e trabalha no escritório do Banco
Mundial em Haikou. Mas em 1990 regressa à aviação, como assistente do
gabinete de aeronáutica do governador da província de Hainan, que
coincidiu com a altura em que houve um grande aumento do turismo na
China.
Tudo começou em 1993
É em 1993 que Chen Feng
começa verdadeiramente a atividade profissional que altera o curso da
sua vida, criando a companhia Hainan Airlines a pedido do Governo da
Província de Hainan. Em 1997 é feita uma restruturação nas empresas de
aviação chinesas e Chen Feng aproveita a oportunidade para constituir o
Grupo HNA, que, em 2000, passa a controlar três companhias de aviação — a
China Xinhua Airlines, a Chang An Airlines e a Shanxi Airlines.
Aproveitando
o crescimento consolidado do turismo na China, a atividade empresarial
do Grupo HNA prospera, tendo acesso a financiamentos para crescer e
diversificar as áreas de atuação, com destaque para o turismo,
hotelaria, transportes e logística, quer na China quer em operações de
internacionalização. Os investimentos da HNA efetuados fora do mercado
chinês crescem depressa, contando-se entre os ativos mais relevantes, as
aquisições imobiliárias na Sexta Avenida, em Nova Iorque, e também de
hotelaria, o investimento na Uber e 29,5% no grupo NH Hotel.
* Paulatinamente a China a abocanhar a Europa, até à deglutição final.
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Países do sul pagam fim do roaming
na União Europeia
O fim do roaming previsto para 15 de junho poderá levar a aumentos dos preços domésticos de países importadores de turistas, diz estudo da Altran
Não só o fim do roaming deverá levar a um
aumento dos preços das telecomunicações no mercado doméstico, como serão
os países do sul e os cidadãos com menores recursos a custear as
chamadas, os SMS ou a navegação na Internet sem custos adicionais feita
por utilizadores dos países do norte da Europa, ou com mais rendimentos.
A conclusão é de um estudo da consultora Altran sobre o impacto do fim
do roaming na União Europeia a partir de 15 de junho. Portugal é um
desses países.
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“Um aumento dos preços domésticos poderá ser uma consequência da adaptação da Roam like at Home (utilizador usa o pacote de telecomunicações que definiu no seu mercado de origem sem pagar roaming) dada a necessidade de investimento na capacidade de rede, especialmente em países que importam roaming [recebem muitos turistas] com grande sazonalidade”, alerta a Altran.
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“Um aumento dos preços domésticos poderá ser uma consequência da adaptação da Roam like at Home (utilizador usa o pacote de telecomunicações que definiu no seu mercado de origem sem pagar roaming) dada a necessidade de investimento na capacidade de rede, especialmente em países que importam roaming [recebem muitos turistas] com grande sazonalidade”, alerta a Altran.
Mas o impacto é sentido internamente em cada um dos países europeus, em
particular os cidadãos com mais baixos rendimentos. Estes, alerta a
Altran, “não têm recursos” para viajar, logo não beneficiam do fim das
tarifas de roaming. “Pessoas com um rendimento médio ou elevado têm mais
probabilidade de viajar porque têm os recursos para isso. Quando a Roam
like at Home estiver implementada, estes viajantes irão beneficiar de
melhores tarifas do que agora. Irão poupar dinheiro à custa de pessoas
com baixos rendimentos no seu país, que poderão ver as tarifas de dados
aumentar significativamente”, refere o estudo Zero Roaming – A Pitfall
of European Regulation. “Pessoas com menores rendimentos irão subsidiar o
acesso aos serviços digitais de pessoas com elevados rendimentos.”
Um impacto que será ainda maior no caso de
países que são destinos turísticos. “Tarifas de dados domésticos irão
aumentar enquanto a implementação da Roam like at Home irá reduzir o
preço que os turistas pagam quando visitam países como Espanha,
Portugal, Grécia ou Croácia”, diz o estudo.
A sazonalidade é outro dos problemas que países como Portugal (que
recebe mais turistas do que envia) vão enfrentar. Esta “trará um impacto
negativo nos operadores nacionais por via do sobredimensionamento
necessário para dar resposta aos picos de turismo e de uma maior
dificuldade no planeamento das suas redes”, explica Alexandre Ruas,
diretor de telecom e media da Altran Portugal, ao Dinheiro Vivo.
“As redes dos países importadores estarão mais sujeitas a variações significativas do tráfego ao longo do ano, atingindo picos máximos no verão”, refere Alexandre Ruas. Se os operadores não conseguirem “garantir que a receita vinda do negócio wholesale [grossista] é assegurada” poderão “ser obrigados a financiar ações via receita doméstica, podendo impactar tarifas mensais”. Mais, lembra o estudo da Altran, o rendimento per capita dos países receptores de turismo na Europa é inferior aos do Norte. No Reino Unido, por exemplo, o rendimento é de 39.600 euros. Em Portugal é de 17.300 euros.
Aos operadores não resta alternativa. “Serão certamente obrigados a investir de modo a dar resposta à nova lei da UE”, diz Alexandre Ruas. E para evitar o aumento de preços no mercado doméstico os operadores podem “definir estratégias diferenciadoras”: introduzir “novos tarifários, quer no mercado convergente, quer no stand alone”; disponibilizar conteúdos “via OTT (over the top) livres de roaming, que serão diferenciadores e aumentarão a receita média por cliente (ARPU)” ou operadores com links internacionais podem “fazer uso da infraestrutura para se tornarem diferenciadores e competitivos”.
* Como sempre o Norte a chular o Sul.
“As redes dos países importadores estarão mais sujeitas a variações significativas do tráfego ao longo do ano, atingindo picos máximos no verão”, refere Alexandre Ruas. Se os operadores não conseguirem “garantir que a receita vinda do negócio wholesale [grossista] é assegurada” poderão “ser obrigados a financiar ações via receita doméstica, podendo impactar tarifas mensais”. Mais, lembra o estudo da Altran, o rendimento per capita dos países receptores de turismo na Europa é inferior aos do Norte. No Reino Unido, por exemplo, o rendimento é de 39.600 euros. Em Portugal é de 17.300 euros.
Aos operadores não resta alternativa. “Serão certamente obrigados a investir de modo a dar resposta à nova lei da UE”, diz Alexandre Ruas. E para evitar o aumento de preços no mercado doméstico os operadores podem “definir estratégias diferenciadoras”: introduzir “novos tarifários, quer no mercado convergente, quer no stand alone”; disponibilizar conteúdos “via OTT (over the top) livres de roaming, que serão diferenciadores e aumentarão a receita média por cliente (ARPU)” ou operadores com links internacionais podem “fazer uso da infraestrutura para se tornarem diferenciadores e competitivos”.
* Como sempre o Norte a chular o Sul.
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Enganar as doenças neurológicas
Rui Vaz, diretor de serviço de neurologia do Hospital de São João, no Porto, espera poder aplicar a técnica ECP (estimulação cerebral profunda) a doenças como Alzheimer ou depressão.
O único banco de cérebros do país
Ricardo Taipa, neuropatologista, e José Barros, diretor do Departamento de Neurociências do Hospital de Santo António, no Porto, onde está instalado o Banco de Cérebros.
Carlos Ribeiro, investigador principal da Fundação Champalimaud, trabalha na relação entre o cérebro e o estômago.
Durante 12 anos, Diana Prata, investigadora do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, trabalhou no King’s College, em Londres.
Uma touca para ler pensamentos
O neuropsicólogo Jorge Alves abriu o Centro do Cérebro, em Braga, dedicado ao tratamento e investigação de doenças e lesões neurológicas.
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ESTA SEMANA NO
"NOTÍCIAS MAGAZINE"
"NOTÍCIAS MAGAZINE"
Cérebro: algumas das mais relevantes
.descobertas estão a ser feitas em Portugal
.descobertas estão a ser feitas em Portugal
Terminou a semana internacional do cérebro, com iniciativas de divulgação científica em torno desse órgão espalhadas por todo o mundo. Por cá, cientistas e investigadores andaram pelas escolas a falar sobre o tema, embora garantam que ainda há muito para descobrir em Portugal. Na área da neurociência, decorrem neste momento importantes investigações científicas, há projetos inovadores e são utilizadas técnicas de última geração.
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Para celebrar a Semana Internacional do Cérebro, Isaura Tavares e
outras investigadoras e cientistas percorreram escolas de todo o país a
explicar a mais de quatrocentos jovens como funciona este órgão.
Quando a presidente da Sociedade Portuguesa de Neurociências fala com alunos sobre o cérebro, costuma levar um slide
com a imagem de Homer Simpson, onde se vê apenas um neurónio na cabeça
do personagem animado, numa alusão às suas fracas capacidades
intelectuais.
Os alunos acham graça, riem-se mas ficam estupefactos com o resto da
conversa. «Pergunto quantos neurónios tem cada um deles e respondem mil
ou cinco mil, no máximo. Quando lhes revelo que cada cérebro tem biliões
de neurónios ficam chocados.» O número exato ainda não é consensual,
«mas a quantidade de neurónios não preocupa os cientistas. O mais
importante é saber como se relacionam entre si».
No centro de Neurociências de Coimbra, por exemplo, tenta-se neste
momento descobrir os mecanismos de controlo do apetite; um grupo da
Universidade do Minho, liderado por Nuno Sousa, está a verificar como é
que o stress afeta os neurónios; o Instituto de Biologia Molecular e
Celular, através da investigadora Teresa Summavielle, está a analisar se
uma mãe toxicodependente afeta o desenvolvimento do cérebro do embrião;
no Hospital Santa Maria, em Lisboa, uma equipa liderada pelo médico
António Ferreira Gonçalves colocou elétrodos no cérebro de um
cocainómano para ver se alteram a sensação de recompensa; e muitos
grupos de investigação estão a estudar as doenças neurológicas. E há
também locais, como o Laboratório de Interação Mente-Matéria, da
Faculdade de Medicina de Lisboa, onde o psiquiatra Mário Simões estuda a
parapsicologia e os estados alterados de consciência.
Pelo meio, muitos cientistas portugueses foram para o estrangeiro.
Como Tiago Outeiro Flemming, 40 anos, que dá aulas na Universidade de
Medizin Göttingen, na Alemanha, onde dirige um departamento de
investigação. «Queremos compreender o que acontece no cérebro de alguns
de nós e que leva ao aparecimento de doenças neurodegenerativas como
Parkinson, Alzheimer, ou Huntington» diz, explicando porque saiu de
Portugal. «É como o futebol, em que os jogadores trocam de clube.»
Para Isaura Tavares, porém, é sinal da falta de estabilidade que os
cientistas têm no país. «Na realidade, estamos a exportar os nossos
cérebros.» Mas muitos ainda permanecem no país e estão a tentar perceber
o que realmente se passa no cérebro.
É o caso de um neuropatologista que criou um banco de cérebros, de um
médico que inaugurou uma cirurgia que altera os circuitos cerebrais, de
um biólogo que está a tentar descobrir como tomamos decisões em relação
à comida, de uma bióloga que promete descobrir a forma de ficarmos mais
confiantes uns nos outros, e de um psicólogo que usa uma touca que
consegue ler o pensamento de doentes em coma. Para ler nesta reportagem.
Enganar as doenças neurológicas
Há 700 portugueses que vivem com elétrodos no cérebro para tentar
controlar sintomas de doenças como Parkinson ou distonia. A técnica foi
inaugurada no Hospital de São João, no Porto.
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Rui Vaz, diretor de serviço de neurologia do Hospital de São João, no Porto, espera poder aplicar a técnica ECP (estimulação cerebral profunda) a doenças como Alzheimer ou depressão.
Foi o primeiro neurocirurgião no país a aplicar elétrodos no cérebro
de um português com Parkinson. Desde esse 22 de outubro de 2002, em que
operou Jesualdo, um homem de 47 anos com doença de Parkinson, já fez a
operação a mais de 320 doentes. A última há poucos dias.
Rui Vaz, 63 anos, diretor do Serviço de Neurocirurgia do Hospital de
São João, não tem dúvidas: a colocação de elétrodos no cérebro dos
doentes – técnica conhecida como estimulação cerebral profunda (ECP) –
tem mudado a vida a muitas pessoas. «É impressionante como em poucas
horas um doente de Parkinson muda tanto», diz o especialista.
Para que isso aconteça, o médico «entra» nos cérebros dos pacientes
para lhes reparar os circuitos cerebrais. Com os doentes acordados, faz
dois furos de 14 milímetros no crânio e coloca dois elétrodos na área
cerebral que não estava a funcionar corretamente e a provocar sintomas
como tremores e rigidez.
Através de um computador, ele e a equipa calculam o local exato onde
devem instalar os dois conetores e a trajetória ideal para lá chegar.
«Para atingir o alvo cerebral usamos um sistema de neuronavegação com
base na tomografia computorizada (TAC) e na ressonância magnética que
fazemos aos doentes», explica.
Os doentes passam a viver com os elétrodos na cabeça, que são
alimentados por uma bateria (tipo pacemaker), de seis a oito
centímetros, que fica escondida debaixo da pele na zona junto ao peito.
Formou-se em neurocirurgia porque o cérebro é uma área «fascinante»
sobre a qual há um «desconhecimento enorme». No ano 2000, quando foi
nomeado diretor de serviço no Hospital de São João, no Porto, teve o
primeiro contacto sério com esta técnica numa clínica de Zurique.
Apesar das dificuldades para obter financiamento, conseguiu verbas e
começou a operar. Desde que fez aquela primeira operação não para de
assistir a avanços técnicos: as baterias passaram a durar não quatro mas
vinte anos e pelo país já foram feitas mais de 700 operações destas, em
vários hospitais de norte a sul.
Hoje, o tratamento é uma evidência científica para Parkinson,
distonia, tremor essencial, doença de Gilles de la Tourette e
perturbação obsessiva compulsiva.
Rui Vaz está a colaborar num ensaio clínico sobre o impacto na
epilepsia e acredita que, em breve, os sintomas de muitas outras doenças
psiquiátricas (como Alzheimer, distúrbios alimentares e depressões)
poderão ser tratados com esta técnica.
«Estou à espera das conclusões de estudos que estão a ser feitos para
poder começar a operar estas doenças em Portugal», adianta o médico. E
acredita que também a biologia molecular terá um papel determinante. «Se
conseguirem identificar as causas das doenças, podemos desenvolver
medicamentos que as tratem sem ser necessário operar.»
Entretanto, é preciso continuar a investigar. «Sabemos em que zona do
cérebro estão, mas falta-nos conhecer como as diferentes áreas se
conectam entre si.»
Nas operações mais complexas conta por vezes com a presença de
médicos estrangeiros, como o alemão Jens Volkmann, especialista nesta
última doença.
Apesar dos sucessos que os médicos têm tido a alterar os circuitos
cerebrais, Rui Vaz avisa que é preciso ter cuidado por poder existir a
tentação de usar estas técnicas para as pessoas ficarem apenas mais
espertas ou tratar a agressividade de serial killers. «Sou contra. Era como fazer operações plásticas ao cérebro.»
O único banco de cérebros do país
Há apenas um banco de cérebros em Portugal. Funciona no Hospital de
Santo António, no Porto, e já serviu de base para descobertas
importantes, nomeadamente na área da doença de Parkinson.
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Ricardo Taipa, neuropatologista, e José Barros, diretor do Departamento de Neurociências do Hospital de Santo António, no Porto, onde está instalado o Banco de Cérebros.
Numa sala do piso zero do Hospital de Santo António, no Porto, estão
guardados, numa arca congeladora, trinta cérebros de doentes que
morreram com doenças neurológicas ou psiquiátricas. Fazem parte do único
banco de cérebros que existe no país, que está a ser usado para
investigadores nacionais e internacionais poderem perceber melhor as
doenças do sistema nervoso, nomeadamente as degenerativas, que estão a
afetar cada vez mais portugueses.
Foi inaugurado em 2014, depois de Ricardo Taipa, 38 anos, ter trazido
a ideia de Inglaterra, onde trabalhou no Manchester Neuroscience Centre
e no National Hospital for Neurology and Neurosurgery, em Londres.
«Abrir este banco de cérebros humanos era um sonho», diz o
neuropatologista e neurologista, que se licenciou em Medicina no
Instituto de Ciências Biomédias Abel Salazar, em 2003, e que sempre se
sentiu fascinado pelos mistérios que rodeiam o funcionamento daquele
órgão.
A maioria dos cérebros ali congelados são de doentes com Alzheimer ou
demência frontotemporal. Uma das partes do cérebro mais requisitada
pelos investigadores é o hipocampo. «É uma estrutura importante para a
memória e por isso muito solicitada para o estudo da doença de
Alzheimer», explica Ricardo Taipa.
É que cada cérebro, que pesa em média 1,4 quilos antes de congelado, é
dividido em quarenta partes, tantas quantas as diferentes estruturas
existentes neste órgão.
Assim, quando o cérebro é doado, é separado em pequenas parcelas, que
são colocadas em sacos de plástico individuais: num ficam as amígdalas
cerebrais, uma massa cinzenta de dois centímetros de diâmetro que regula
a agressividade e o comportamento sexual; noutro guarda-se o núcleo
subtalâmico, uma zona que está relacionada com as funções motoras;
noutro acomoda-se o núcleo Accubens, responsável pela sensação de
recompensa; noutro põe-se o núcleo rubro, uma massa de tonalidade
avermelhada que se situa no tronco cerebral e atua nos movimentos;
noutro ainda arruma-se o núcleo cerúleo, uma estrutura que produz uma
substância responsável pelo stress; e noutro conserva-se os corpos
mamilares, núcleos arredondados importantes para as memórias episódicas,
que nos permitem lembrar de eventos.
São colocados numa arca de congelação a menos de oitenta graus e ali
ficam até serem solicitados por um investigador. Mas antes de serem
usados em pesquisas têm de ser catalogados e os médicos têm de confirmar
a doença que ali está em causa. «Só uma parte do cérebro, o direito ou o
esquerdo, vai para congelar.
A outra metade serve para fazermos o diagnóstico.» Para isso,
coloca-se a outra metade do cérebro em formol para que, ao fim de três a
quatro semanas, possa ser cortado e as várias partes fixas a blocos de
parafina para serem estudadas a microscópio.
«Temos de saber bem as doenças para que as amostras sirvam para
investigações», explica o neuropatologista, revelando que, em breve, ele
e o neurologista Melo Pires, o outro responsável pelo banco, esperam
poder começar a recolher cérebros saudáveis.
Apesar de ser recente, o banco já ajudou em descobertas importantes, uma delas publicada na revista Brain,
adianta José Barros, chefe do departamento de neurociências, de 56
anos: com amostras cerebrais foi possível descobrir que uma forma
genética de Parkinson tem uma ação similar à forma de doença de
Parkinson esporádica, mais frequente.
«Isso é importante porque vai permitir, por exemplo, manipular o gene
em animais e tentar descobrir medicamentos que podem ajudar na forma de
Parkinson mais comum», diz Ricardo Taipa.
Também há estudos sobre a doença dos pezinhos a ser feito com base em
amostras recolhidas do cérebro de um doente que estava congelado no
banco. «Essa doença é, aliás, uma área importante para nós, pois somos o
maior centro de investigação do mundo», diz José Barros, lembrando que
uma investigação recente de um especialista do hospital apurou que, ao
contrário do que se pensava, a doença dos pezinhos pode ter efeitos no
sistema nervoso central e não apenas no periférico.
Por tudo isto, diz, o banco de cérebros é fundamental. «Vai demorar
até dar resultados do investimento feito. Mas já é um orgulho para nós.»
Sal ou açúcar?
Uma investigação da Fundação Champalimaud pode ser a solução para
perceber porque optamos por certos alimentos – e por que razão as
grávidas têm desejos desta ou daquela comida.
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Carlos Ribeiro, investigador principal da Fundação Champalimaud, trabalha na relação entre o cérebro e o estômago.
Como é que o cérebro toma decisões em relação à comida? O que leva uns a
optar por peixe e salada e outros por carne e arroz? É a esse tipo de
perguntas que o investigador Carlos Ribeiro promete responder com o
estudo que está a desenvolver.
O investigador do programa de neurociências da Fundação Champalimaud
optou por começar a investigação com moscas da fruta e espera em breve
poder passar para ratinhos. E depois seres humanos.
«A mosca da fruta é um animal suficientemente complexo e tem muitas
vantagens, como a de ter apenas 200 mil neurónios, nada comparável com
os ratos ou seres humanos», garante o investigador.
Além disso ocupa
pouco espaço, produz-se rapidamente em dez dias e é um animal barato. E
já tem alguns resultados.
«Quando retiramos um nutriente da dieta da mosca, os aminoácidos, por
exemplo, e depois lhe damos a escolher entre várias opções, como sal,
aminoácidos, açúcar ou vitaminas, ela opta exatamente pelo alimento
cujos nutrientes tinha em falta», diz o investigador, sublinhando que
essa descoberta permite concluir que o cérebro atribui valor aos
nutrientes e que estes influenciam o cérebro a decidir.
«Sabemos que o cérebro processa informação de sabor para a tomada de
decisões, mas não sabemos onde. E temos de descobrir.» Pelo que se vê na
mosca da fruta, é essa alteração de sabor que julga estar na origem dos
conhecidos «desejos da grávida».
Aliás, a sua equipa de 12 pessoas decidiu manipular neurónios, de
forma a que estes informassem o cérebro sobre uma gravidez que na
realidade não existe para ver qual a decisão alimentar. E foi exatamente
igual à das moscas realmente grávidas.
«Sabemos que neurónios detetam a gravidez, que neurónios levam essa
informação ao cérebro, mas não sabemos ainda em que parte cerebral isso
tudo se passa.»
Carlos Ribeiro, filho de pais portugueses, nasceu na Suíça, onde se
licenciou em Biologia em 1999. Depois esteve no laboratório austríaco de
Barry Dickson, e agora vive em Lisboa. No seu gabinete na Fundação
Champalimaud, onde trabalha desde 2009, as paredes estão cheias de
folhas A4 com gráficos sobre algumas das últimas análises feitas pela
equipa.
Uma das descobertas recentes promete. Perceberam que algumas moscas,
quando escolhiam os alimentos, tomavam opções completamente diferentes e
então descobriram que há no estômago duas bactérias que influenciam o
cérebro a tomar certas decisões.
É como se no estômago houvesse um segundo cérebro, diz o
investigador, notando que, se há já estudos que mostram que em certos
casos, como no stress, as bactérias podem influenciar o cérebro a mudar
de comportamento, esta será a primeira vez que se prova que uma bactéria
muda a atitude alimentar.
Do que ninguém tem dúvidas é que a nutrição influencia a saúde das
pessoas. E até hoje não tem sido fácil estudar o comportamento das
pessoas em relação à alimentação. Além de se saber muito pouco sobre o
cérebro, Carlos Ribeiro garante que há outro problema que dificulta os
estudos e inquéritos sobre o tema: «As pessoas mentem sobre o que
comem.»
Testar a hormona da confiança
No Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, 200 a 300 doentes vão
consumir uma substância enquanto os seus cérebros serão analisados em
tempo real. O estudo clínico nunca foi realizado em Portugal.
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Durante 12 anos, Diana Prata, investigadora do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, trabalhou no King’s College, em Londres.
Diana Prata está a realizar um estudo clínico inédito no país e
prepara-se para começar em breve a analisar, em tempo real, o cérebro de
200 a 300 homens, enquanto estes realizam vários jogos – como o dilema
do prisioneiro, em que os participantes podem decidir cooperar ou trair
os concorrentes.
Aos 38 anos, a investigadora do Instituto de Medicina Molecular de
Lisboa procura descobrir de que forma a oxitocina, uma hormona produzida
no cérebro, leva as pessoas a colaborarem e confiarem umas nas outras, a
serem menos egoístas, a terem mais ou menos receio dos outros.
Para isso, os voluntários – uns irão inalar aquela substância e
outros consumirão um placebo – serão sujeitos a uma ressonância
magnética durante uma hora e durante outra usarão uma touca de elétrodos
para lhes registar e gravar a atividade cerebral enquanto observam
imagens de pessoas assustadas e contentes, a ouvir sons diferentes e a
enfrentar dilemas.
Ao longo de 12 anos na capital britânica realizou, no King’s College
London, vários estudos sobre os genes e as doenças mentais, como
distúrbios alimentares, doença bipolar e esquizofrenia.
Foi durante estes trabalhos que percebeu que há variada medicação
para as alucinações e delírios dos esquizofrénicos mas não há fármacos
para os ajudar a melhorar em relação aos problemas de comportamento
social que os afetam e os levam ao isolamento.
A investigadora tem esperança de que, no futuro, este estudo possa
contribuir para o desenvolvimento de medicamentos que melhorem estes
sintomas comportamentais na esquizofrenia, mas também noutras doenças,
como autismo, depressão, ansiedade, anorexia ou até toxicodependência.
Para isso, Diana Prata vai usar a oxitocina – uma hormona que até
recentemente se julgava ter apenas a função de ajudar as mulheres no
parto, promovendo, por exemplo, as contrações. E vai testar o seu efeito
em algumas zonas do cérebro: numa pequena estrutura cerebral (amígdala)
que sinaliza o medo, num núcleo (estriado) que é responsável pela
sensação de recompensa e em partes do córtex frontal e temporal, a área
cerebral com a qual conseguimos perceber as emoções nos outros.
Há estudos que indicam, adianta a investigadora, que a oxitocina
diminuiu a atividade da amígdala e, portanto, reduz o medo e torna as
pessoas mais calmas.
Além disso, aumenta a ação do núcleo do prazer e fortalece a sensação
de recompensa associada à interação social, o que faz crescer a vontade
de confiar nos outros e melhora a capacidade dos neurónios do córtex
que nos fazem entender o que uma pessoa está a sentir quando olhamos
para ela.
«O que vamos fazer é tentar perceber onde estão e como trabalham os
recetores desta substância no cérebro», detalha Diana Prata, que espera
ainda descobrir se os genes influenciaram todo este processo do
comportamento. «Queremos saber se são fatores genéticos que levam uma
pessoa a produzir mais ou menos oxitocina.»
Aliás, o êxito do seu trabalho mede-se pelas bolsas que conseguiu
(Bial, Instituto de Medicina Molecular e União Europeia), que somadas
valem cerca de 300 mil euros. Depois de testar os homens entre os 20 e
os 35 anos – já tem sessenta voluntários inscritos –, a investigadora
quer também analisar os cérebros de doentes esquizofrénicos e de
mulheres.
Desde que veio de Londres, em 2014, e criou o seu próprio laboratório
no Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, Diana Prata tem-se
dedicado a estudar a biologia do comportamento humano. E agora está
prestes a descobrir se uma mera substância é capaz de nos tornar mais
amigos uns dos outros.
Uma touca para ler pensamentos
Técnica inovadora em Portugal permite a doentes em estado vegetativo
ou coma comunicar com o exterior. É um método usado em poucos sítios do
mundo. Um deles é o Centro Cérebro, em Braga.
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O neuropsicólogo Jorge Alves abriu o Centro do Cérebro, em Braga, dedicado ao tratamento e investigação de doenças e lesões neurológicas.
o «futuro já está a acontecer», alerta o neuropsicólogo Jorge Alves, 38
anos, que lidera o instituto de neurocirurgia Centro Cérebro, em Braga. É
ali que, garante o clínico, se encontram tratamentos e tecnologia de
última geração.
A mais recente é uma touca com 16 elétrodos que lê pensamentos de
doentes em estado vegetativo ou em coma com algum estado de consciência,
permitindo que contactem com o exterior.
«Colocamos, por exemplo, três sensores vibrotáteis nos membros
superiores do doente e também noutra parte do corpo – em regra, nas
costas –, pedimos-lhe para se concentrar na vibração que está a sentir
no braço esquerdo e tentar abster-se das outras vibrações, se quiser
responder às questões com um sim. Cada vez que esta vibração é sentida, é
visível um sinal na atividade cerebral do paciente no computador»,
explica Jorge Alves.
Outra forma de comunicar é pedir ao doente que tente imaginar o
movimento do braço esquerdo se quiser responder positivamente a uma
questão ou o movimento do braço direito se pretender dizer que não. «O
sistema de que dispomos analisa a atividade cerebral e consegue fornecer
a resposta em tempo real.»
Esta tecnologia – que inclui a touca, o software e o hardware
– resultou do trabalho de vários projetos de investigação e
universidades. Em Portugal ainda é muito recente, não tendo sido usada
ainda para comunicação, mas apenas para investigação.
Desde a escola primária que Jorge Alves «tinha um fascínio pela
ciência». Licenciou-se em Ciência Psicológica pela Universidade do
Minho, em 2007, especializou-se como neuropsicólogo clínico, concluiu o
doutoramento em 2014 em psicologia clínica e tornou-se investigador e
revisor de várias revistas internacionais.
Em 2015 abriu o Centro Cérebro, em Braga, dedicado ao tratamento e
investigação das doenças e lesões neurológicas e das perturbações
psicológicas. Um dos métodos a que o especialista recorre é a realidade
virtual, não só para fobias mas também para problemas como acidentes
vasculares cerebrais.
«O paciente com AVC já pode realizar o treino especializado e
intensivo de recuperação do braço em casa através de um sistema
computorizado de realidade virtual. E nós conseguimos monitorizar a
evolução em tempo real e prescrever exercícios ajustados à evolução do
paciente.»
Ao Centro Cérebro chegam cada vez mais adultos com fobia de andar de
avião e crianças com medo do escuro. A ideia é usar a realidade virtual,
colocando o doente, através de óculos especiais, perante situações e
ambientes que receia. Isto para que, pela habituação, a parte frontal do
cérebro ganhe controlo sobre as amígdalas, as estruturas cerebrais
responsáveis pelo medo.
O horror aos aviões, por exemplo, é tratado com imagens que colocam o
paciente em aeroportos, em pleno voo ou a aterrar. Todos estes
tratamentos, defende o psicólogo, são provas de que a tecnologia está a
mudar os cuidados de saúde. Desde que começou a estudar o cérebro, Jorge
Alves admite que já foi surpreendido.
Em especial «por ter percebido que não é apenas o cérebro de uma
criança que se adapta ao meio mas que há cada vez mais evidências que
mesmo em adultos mais velhos é possível, através de treino específico,
haver compensação e até restauração parcial das funções».
O especialista acredita que no futuro será possível restaurar, pelo
menos parcialmente, funções motoras através de próteses e de sistemas de
comunicação entre o cérebro e os computadores. E até coloca a
possibilidade de se conseguir um dia colocar chips no cérebro para
melhorar a memória. Mas admite que há tratamentos muito difíceis de
atingir: «Possivelmente parar o envelhecimento é uma destas utopias.»
Texto de Catarina Guerreiro
Fotografia de Reinaldo Rodrigues/Global Imagens e Pedro Granadeiro/Global Imagens
Fotografia de Reinaldo Rodrigues/Global Imagens e Pedro Granadeiro/Global Imagens
* Maravilhosa ciência que não precisa de folclores religiosos para servir a humanidade. Era à CIÊNCIA que as pessoas deviam rezar.
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Chama a atenção pelo penteado, pelas jóias e relógio e por andar sempre vestido de branco - esta cor dá origem ao nome do seu alter-ego, Ljublisa Beli Prelatacevi. Beli significa branco e Pretelacevic é o nome dado aos políticos que mudam de partido para benefício próprio. O nome verdadeiro é Luka Maksimovik e está abalar o cenário político sérvio com o seu discurso anti corrupção e políticos "sujos".
A personagem é tudo aquilo que Luka considera estar errado na política do seu país: Beli é desonesto, não respeita a lei e promete coisas impossíveis. Nos vídeos publicados no Youtube - um dos seus trunfos é o uso das redes sociais - aparece a passear de cavalo, empunhando uma espada ou a prometer que se ganhar vai dar "trabalho e boas pensões a toda a gente". "Não haverá nenhuma corrupção, a não ser a minha, claro!", disse num dos seus últimos discursos.
* Os países de leste precisam todos deste tipo de candidatos e que ganhem...
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HOJE NA
"SÁBADO"
Quem é Beli, o candidato de branco
que abala as eleições da Sérvia?
Tem 25 anos, veste-se de branco (a cor que dá nome à sua personagem) e tem como objectivo denunciar a corrupção na Sérvia. Este domingo é um dos candidatos presidenciais que vai a votos
Mais
de 6,5 milhões de sérvios deslocam-se às urnas, este domingo, para
eleger o próximo presidente. São 11 os aspirantes ao lugar de Tomislav Nikolic, sendo que o primeiro-ministro, Aleksandar Vucic parte como favorito - as sondagens dão-lhe 53% dos votos: o antigo ultra-nacionalista que
se "apaixonou" pela Europa mantém a popularidade apesar das medidas de
autoridades impostas desde 2014. Mas a grande vedeta da campanha é um
jovem estudante de comunicação, de 25 anos, que atraiu o eleitorado
jovem graças à sua visão satírica da política e dos problemas do país.
Chama a atenção pelo penteado, pelas jóias e relógio e por andar sempre vestido de branco - esta cor dá origem ao nome do seu alter-ego, Ljublisa Beli Prelatacevi. Beli significa branco e Pretelacevic é o nome dado aos políticos que mudam de partido para benefício próprio. O nome verdadeiro é Luka Maksimovik e está abalar o cenário político sérvio com o seu discurso anti corrupção e políticos "sujos".
A personagem é tudo aquilo que Luka considera estar errado na política do seu país: Beli é desonesto, não respeita a lei e promete coisas impossíveis. Nos vídeos publicados no Youtube - um dos seus trunfos é o uso das redes sociais - aparece a passear de cavalo, empunhando uma espada ou a prometer que se ganhar vai dar "trabalho e boas pensões a toda a gente". "Não haverá nenhuma corrupção, a não ser a minha, claro!", disse num dos seus últimos discursos.
Muitos
comparando-o ao italiano Beppe Grillo, mas Maksimovik rejeita qualquer
ligação. "Não quero ser comparado com ninguém. Eu sou o Beli. Não
precisamos de muito dinheiro. Recolhemos milhões de dinares - cerca de
oito mil euros - de doações. Dois terços foram gastos nos notários para
certificar as assinaturas dos apoiantes da campanha. O último terço foi
gasto na campanha - e a nossa é melhor do que a de qualquer outro
candidato", disse, citado pela Euronews.
Tudo começou em 2016, quando Beli Prelatacevi se candidatou às eleições para a assembleia local de Mladenovac com o partido-sátira Sarmu Probo Nisi (SPN). Foi o primeiro contacto com o êxito político, pois obteve 20 por cento dos votos e o SPN conseguiu 12 lugares na assembleia. Mas a aventura não terminou aqui e a 4 de Março, menos de um mês antes das presidenciais, Beli anunciou que era candidato.
"A política anda a gozar com o povo há 30 anos, agora é o povo que goza com a política", defende Maksimovik. O candidato de branco que pode ficar em segundo lugar nas presidenciais.
Tudo começou em 2016, quando Beli Prelatacevi se candidatou às eleições para a assembleia local de Mladenovac com o partido-sátira Sarmu Probo Nisi (SPN). Foi o primeiro contacto com o êxito político, pois obteve 20 por cento dos votos e o SPN conseguiu 12 lugares na assembleia. Mas a aventura não terminou aqui e a 4 de Março, menos de um mês antes das presidenciais, Beli anunciou que era candidato.
"A política anda a gozar com o povo há 30 anos, agora é o povo que goza com a política", defende Maksimovik. O candidato de branco que pode ficar em segundo lugar nas presidenciais.
* Os países de leste precisam todos deste tipo de candidatos e que ganhem...
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