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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
10/04/2016
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Carla Fernandes
Ser mulher negra em Lisboa
Carla Fernandes partilha a sua experiência como mulher negra em Lisboa,
como ela foi importante para chegar aos hábitos de pronunciação e como
estes podem mudar a história e acabar com os estereótipos.
Desde bastante jovem que Carla Fernandes sentiu na pele o peso que as diferenças culturais podem ter no relacionamento entre as pessoas. A partir desse momento, o diálogo entre culturas começou a interessá-la.
Angola é o país de origem de Carla, mas foi Portugal que a viu crescer. Formou-se em tradução das línguas inglesa e alemã. Através do processo de tradução também se apercebeu de que palavras são mais do que palavras, e que traduzir não é apenas substituir uma palavra por outra. As palavras em diferentes línguas acarretam a história e as estórias que identificam diferentes culturas. Em 2014, Carla criou o audioblogue Rádio AfroLis onde afrodescendentes a viver em Lisboa partilham as suas estórias e falam sobre a sua visão pessoal da cidade.
Desde bastante jovem que Carla Fernandes sentiu na pele o peso que as diferenças culturais podem ter no relacionamento entre as pessoas. A partir desse momento, o diálogo entre culturas começou a interessá-la.
Angola é o país de origem de Carla, mas foi Portugal que a viu crescer. Formou-se em tradução das línguas inglesa e alemã. Através do processo de tradução também se apercebeu de que palavras são mais do que palavras, e que traduzir não é apenas substituir uma palavra por outra. As palavras em diferentes línguas acarretam a história e as estórias que identificam diferentes culturas. Em 2014, Carla criou o audioblogue Rádio AfroLis onde afrodescendentes a viver em Lisboa partilham as suas estórias e falam sobre a sua visão pessoal da cidade.
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JOSÉ SOEIRO
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IN "EXPRESSO"
08/04/16
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A mala da Joana
A
intenção até podia ser boa, mas estava-se mesmo a ver que ia dar
disparate. Quando Joana Vasconcelos entrou em cena, o que era um risco
tornou-se uma certeza: a estupidez e o ridículo tomaram conta da
campanha #esefosseeu, que pôs as crianças das escolas e figuras públicas
a partilharem o que levariam na mochila se fossem refugiados. Joana
Vasconcelos, se fosse refugiada, levava na mochila o seu ipad para as
fotografias, as jóias, lã e uma agulha, os seus óculos de sol e o seu
iphone para estar contactável. Seria cómico se não raiasse o insulto.
Colocarmo-nos
no lugar dos outros é bom. Mas quando a nossa condição não é sequer
comparável, quando a simulação se faz em modo de entretenimento, sem
qualquer consideração histórica ou política, facilmente o exercício se
transforma numa perversa frivolidade. Ouve-se o que as nossas
“personalidades” levariam nas mochilas e tudo parece uma piada de mau
gosto, como se estivéssemos a brincar aos refugiados. A campanha
resvalou para um exercício de voyeurismo: em vez de um barco onde
pudessem morrer, de uma viagem motivada pelo desespero e com a garantia
da perseguição e do maltrato das instâncias europeias, dir-se-ia que as
nossas “figuras públicas” preparam a mochila para ir de férias para uma
ilha deserta.
E no entanto, o que está a passar-se é grave de
mais. Esta semana teve início um verdadeiro processo de deportação de
refugiados, ao abrigo do acordo assinado no dia 18 de março entre a
União Europeia e a Turquia, com a cumplicidade de todos os governos.
Repetem-se imagens sórdidas e de má memória. A Human Rights Watch
resume bem a visão subjacente a este acordo: a Europa trata “os
refugiados como lixo humano que deve ser varrido para longe”. Em vez de
solidariedade, paga à Turquia, um país cujo respeito pelos Direitos
Humanos é uma anedota, para receber os refugiados e fazer o trabalho
sujo. A distinção entre “imigrantes ilegais” e “verdadeiros refugiados”,
invocada pelas autoridades, é contestada pela própria ACNUR, a agência
da ONU para os Refugiados, que declarou que entre as pessoas deportadas
mais de uma dezena tinha direito a requerer asilo na Europa.
A
Europa que conheceu a guerra e o genocídio, as deportações e o exílio,
parece ter apagado a sua memória. Restará algum princípio de
solidariedade no “projeto europeu”? Os chamados hotspots
transformaram-se em campos de detenção, com condições degradantes que
põem em causa os direitos essenciais, e onde se prepara a expulsão em
massa. O ACNUR considerou a situação tão grave que decidiu abandonar
esses locais por não querer ser cúmplice. Haverá maior sinal de alerta?
Tristemente,
parece que nada disto merece verdadeiramente a nossa atenção coletiva.
Falar da cumplicidade europeia com a guerra e discutir medidas sérias
como o embargo à venda de armas e a moratória à compra de petróleo
proveniente de territórios controlados pelo Daesh, de onde vêm tantos
dos refugiados? Não se pode. Responder à crise humanitária com
humanidade e com políticas de acolhimento? Não há como. Lembrar, também
nas escolas, a Carta das Nações Unidas, violada diariamente nos hotspots?
Não interessa. Receber, também nas escolas, os refugiados que procuram a
Europa? Não há lugar. Acabar com o acordo da vergonha entre a EU e a
Turquia? Não convém. Por cá, continuamos a entreter-nos com as malas de
cartão dos famosos.
IN "EXPRESSO"
08/04/16
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
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IV-VISITA GUIADA
MUSEU DE
ALBERTO SAMPAIO /1
ALBERTO SAMPAIO /1
GUIMARÃES
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
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*
As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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ESTE MÊS NA
"EXAME INFORMÁTICA"
"EXAME INFORMÁTICA"
Televisores 4K: vale a pena?
Veja a explicação do nosso robô
O 4K está rapidamente a chegar aos televisores, aos monitores, às câmaras e aos smartphones, mas será que já vale a pena apostar neste formato? Inclui explicação animada.
Se está a estudar a compra de um televisor, de um computador, de um
monitor, de uma câmara ou de um smartphone, certamente já ouviu falar do
4K. Esta é a maior resolução standard do momento, trazendo para as
imagens quatro vezes mais píxeis do que o Full HD (1080p). Mas até que
ponto esta característica é uma verdadeira mais-valia? Analisamos os
prós e os contras do 4K para que possa escolher em consciência.
4K vs Ultra HD
Em
teoria, estas duas denominações têm significados diferentes. Na
prática, nem por isso. O 4K nasceu como um formato profissional para
produção de vídeo profissional e cinema, o passo seguinte ao 2K
(2048x1080). Além de indicar a resolução (4096x2160), também determina a
codificação propriamente dita. É, portanto, um verdadeiro standard
criado para garantir a projeção de alta qualidade nos cinemas digitais
denominados 4K. Como é fácil de perceber, o termo 4K refere-se ao número
de colunas: 4096, aproximadamente 4 mil.
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Ultra High Definition
ou Ultra HD (UHD) é o passo seguinte ao Full HD. Também pode ser
representado por 2160p, do mesmo modo que o Full HD também é
representado por 1080p (valor referente ao número de linhas). A
resolução do Ultra HD é 3840x2160 píxeis, ligeiramente diferente do 4K
porque a razão de aspeto (razão entre a largura e a altura) é outra (o
cinema tende a ser mais “alongado” que a televisão). Como tal, Ultra HD
deveria ser o termo usado para televisores, monitores ou transmissão
televisiva. Mas, por razões de marketing, o termo 4K acabou por ser
utilizado de modo indiscriminado.
Se está a estudar a compra de
um televisor, de um computador, de um monitor, de uma câmara ou de um
smartphone, certamente já ouviu falar do 4K. Esta é a maior resolução
standard do momento, trazendo para as imagens quatro vezes mais píxeis
do que o Full HD (1080p). Mas até que ponto esta característica é uma
verdadeira mais-valia? Analisamos os prós e os contras do 4K para que
possa escolher em consciência.
4K vs Ultra HD
Em teoria, estas duas denominações têm significados diferentes. Na prática, nem por isso. O 4K nasceu como um formato profissional para produção de vídeo profissional e cinema, o passo seguinte ao 2K (2048x1080). Além de indicar a resolução (4096x2160), também determina a codificação propriamente dita. É, portanto, um verdadeiro standard criado para garantir a projeção de alta qualidade nos cinemas digitais denominados 4K. Como é fácil de perceber, o termo 4K refere-se ao número de colunas: 4096, aproximadamente 4 mil. Ultra High Definition ou Ultra HD (UHD) é o passo seguinte ao Full HD. Também pode ser representado por 2160p, do mesmo modo que o Full HD também é representado por 1080p (valor referente ao número de linhas). A resolução do Ultra HD é 3840x2160 píxeis, ligeiramente diferente do 4K porque a razão de aspeto (razão entre a largura e a altura) é outra (o cinema tende a ser mais “alongado” que a televisão). Como tal, Ultra HD deveria ser o termo usado para televisores, monitores ou transmissão televisiva. Mas, por razões de marketing, o termo 4K acabou por ser utilizado de modo indiscriminado.
Em teoria, estas duas denominações têm significados diferentes. Na prática, nem por isso. O 4K nasceu como um formato profissional para produção de vídeo profissional e cinema, o passo seguinte ao 2K (2048x1080). Além de indicar a resolução (4096x2160), também determina a codificação propriamente dita. É, portanto, um verdadeiro standard criado para garantir a projeção de alta qualidade nos cinemas digitais denominados 4K. Como é fácil de perceber, o termo 4K refere-se ao número de colunas: 4096, aproximadamente 4 mil. Ultra High Definition ou Ultra HD (UHD) é o passo seguinte ao Full HD. Também pode ser representado por 2160p, do mesmo modo que o Full HD também é representado por 1080p (valor referente ao número de linhas). A resolução do Ultra HD é 3840x2160 píxeis, ligeiramente diferente do 4K porque a razão de aspeto (razão entre a largura e a altura) é outra (o cinema tende a ser mais “alongado” que a televisão). Como tal, Ultra HD deveria ser o termo usado para televisores, monitores ou transmissão televisiva. Mas, por razões de marketing, o termo 4K acabou por ser utilizado de modo indiscriminado.
Televisores
Nível de ganho do 4K: Reduzido
Nível de ganho do 4K: Reduzido
Para
percebermos o impacto real do Ultra HD podemos relembrar o que
aconteceu com a chegada do Full HD. Na altura fizemos testes que
demonstram que muitos os utilizadores não conseguiam ver a diferença
entre o Full HD (1080p) e o HD (720p), sobretudo em televisores
relativamente pequenos (32” ou inferior). Situação que se repete.
Há alguns sites que nos ajudam a perceber se beneficiamos com os píxeis extras, como é o caso do http://www.rtings.com/tv/learn/size-to-distance-relationship,
que indica qual a distância recomendada para cada diagonal de ecrã. Se
considerarmos um televisor de 42”, a distância recomendada para se tirar
partido do Ultra HD é de apenas 1,2 metros. Claro que estas distâncias
dependem em larga medida da acuidade visual do utilizador, que é levada
em consideração em http://referencehometheater.com/2013/commentary/4k-calculator/,
que tem ainda vantagem de apresentar resultados mais pormenorizados
(embora seja necessário convertermos pés e polegadas em metros e
centímetros). Segundo esta calculadora, alguém com visão 20/20 sentado a
2 m de um televisor de 50 polegadas só vai sentir 23% de melhoria ao
mudar de 1080p para Ultra HD. Se, nas mesmas condições, o ecrã for de
42”, então o nível de melhoria é… 0%. Em suma, as vantagens do 4K só são
realmente visíveis quando estamos muito próximo do televisor e/ou
quando o ecrã é gigantesco. O que não faz grande sentido, até por razões
de conforto.
Pior ainda é a situação dos conteúdos. Na
realidade, ainda nem há um verdadeiro standard de transmissão em Ultra
HD. O único grande fornecedor “universal” de 4K é o serviço Netflix, que
recorre ao streaming. Na verdade, quando surgir um formato standard
para comercialização de filmes, é bem possível que muitos dos
televisores atuais não sejam compatíveis devido aos protocolos de
segurança. Quanto a emissões televisivas em 4K, os operadores ainda
estão apenas numa fase experimental e as estações nacionais nem têm esse
investimento planeado.
Em suma, foi o mercado dos televisores
que trouxe o 4K para a ordem do dia. Mas esta resolução extra foi
introduzida mais porque a tecnologia de fabrico assim o permitiu do que
para responder a uma real necessidade do mercado. As marcas sabem que os
números ajudam a vender: a resolução é um termo quantitativo que todos
percebem. Bem mais difícil é definir outros aspetos relacionados com a
qualidade de imagem. Conclusão, o 4K não é, por si só, sinónimo de
qualidade. Se vai comprar esteja atento a aspetos como o realismo da
cor, o contraste (sobretudo em cenas escuras), a uniformidade da luz em
todo o painel, a velocidade de resposta (arrastamento em cenas de
movimento) e os ângulos de visão. Tudo mais importante que o Ultra HD. A
não ser que esteja à procura de um gigante de 65 polegadas ou mesmo
maior. Mas mesmo neste caso prepara-se para ver muitos píxeis porque os
conteúdos continuarão a ser, maioritariamente, Full HD ou bem abaixo
disso.
Câmaras de vídeo
Nível de ganho do 4K: Elevado
Nível de ganho do 4K: Elevado
A
situação muda completamente quando se passa da apresentação para a
captura da imagem. Nesta situação há vantagens evidentes em ter mais
resolução. Por exemplo, é possível ampliar o vídeo durante a edição para
ir buscar pormenores. Ainda mais importante, como muitos dos vídeos que
fazemos servem para registar momento importantes, a adoção do 4K
garante maior longevidade – os nossos vídeos de família poderão ser
vistos daqui a 30 ou 40 anos. Aqui o problema da ausência de um
verdadeiro standard de transmissão não é relevante mesmo para
profissionais porque será sempre possível recodificar através de
software. Como o conteúdo é nosso, podemos fazer as “saídas” que
quisermos.
Mas a captura em 4K também tem os seus problemas. Uma
vez mais, mais píxeis não significa sempre mais qualidade e o
visionamento pré-compra é fundamental. Em regra não é difícil encontrar
vídeos de teste online, a não ser que a câmara (ou smartphone) tenha
acabado de chegar ao mercado. Mas, felizmente, como atualmente o vídeo
tende a ser uma adenda à fotografia, muitos dos sensores têm resolução
mais do que suficiente para gravar 4K. Tudo acaba por depender da
capacidade de processamento da câmara, mas quando há suporte para 4K a
qualidade extra tende a ser um dado adquirido.
Se é utilizador
entusiasta que procura o “verdadeiro” 4K (codecs de muitos megabits por
segundo), prepare-se para as consequências dessa escolha. Vai precisar
de cartões de memória espaçosos e rápidos. de computadores poderosos e
de monitor 4K para fazer a edição do vídeo. Ou seja, a mudança para a
captura de vídeo em 4K tem um impacto significativo no restante sistema,
o que deverá exigir mais investimento além da câmara propriamente dita.
Monitores
Nível de ganho do 4K: Médio
Nível de ganho do 4K: Médio
Ao
contrário do que se passa com os televisores, os monitores muitas vezes
distam menos de um metro dos nossos olhos. O que significa que é mais
fácil identificar os píxeis. Tão ou mais importante, a resolução extra
significa mais área de trabalho para usar as aplicações. Mas também é
verdade que usar uma resolução muito alta num ecrã com diagonal
relativamente pequena cria problemas: os menus e ícones de alguns
programas podem não escalar bem e tornarem-se difíceis de ler, criando
fadiga visual, e há uma maior exigência de processamento gráfico. Regra
geral, os monitores 4K só fazem sentido em diagonais próximas das 30
polegadas ou superiores. Até porque existem opções intermédias,
nomeadamente os monitores 2K (mais indicados para monitores na casa das
20 polegadas). Se é fã dos jogos, tem de garantir que tem uma placa
gráfica de alto desempenho para poder jogar com esta resolução. Até
porque usar resoluções abaixo da nativa traz problemas de qualidade.
Verifique
ainda se o monitor tem as interfaces necessárias para atingir a
resolução com uma frequência elevada. Por exemplo, se usar a ligação
HDMI, só a versão 1.4 suporta 4K com uma taxa de atualização de 50/60 Hz
– há muitos monitores e televisores em que o 4K está limitado a 30 Hz, o
que resulta em imagens pouco fluídas e até prejudiciais para a saúde
visual. Deverá ter também DisplayPort, uma interface que dá mais
garantias de futuro.
*Pensamos que é melhor esperar pelo aperfeiçoamento da tecnologia.
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
CR7 marca e estabelece recorde
na goleada do Real Madrid
Cristiano Ronaldo contribuiu esta sábado com um golo e duas assistências
para a goleada da remodelada equipa do Real Madrid na recepção ao
Eibar, por 4-0, em jogo da 32.ª jornada da liga espanhola.
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A
equipa madrilena resolveu o encontro ainda durante a primeira parte,
período durante o qual marcou os quatro golos, tendo demorado apenas
oito minutos para inaugurar o marcador, por intermédio do médio
colombiano James Rodríguez, na marcação de um livre directo.
Ronaldo
fez a assistência para Lucas Vázquez aumentar a vantagem, aos 18, tendo
facturado no minuto seguinte, consolidando a liderança da lista dos
melhores marcadores da prova, com 30 golos, os mesmos do brasileiro
Jonas, avançado do Benfica e adversário na corrida à Bota de Ouro.
O
avançado português, que tem mais quatro golos do que o uruguaio Luis
Suárez e mais oito do que o argentino Lionel Messi, ambos do rival
Barcelona, tornou-se o primeiro jogador a marcar 30 ou mais golos em
seis épocas consecutivas nas cinco principais ligas europeias: Alemanha,
Espanha, França, Inglaterra e Itália.
Com Pepe no onze, mas sem
muitos dos jogadores que habitualmente são titulares, poupados para o
decisivo confronto com o Wolfsburgo, no qual procura recuperar da
derrota por 2-0 sofrida na Alemanha, o Real Madrid não teve dificuldade
para bater o tranquilo Eibar, 10.º classificado.
Ronaldo ficou
perto de bisar por várias vezes, mas teve de "contentar-se" em fazer a
assistência para Jesé fechar a contagem, aos 39 minutos, retribuindo o
passe decisivo que o avançado espanhol efectuou para o seu único golo.
* Só é um fenómeno porque trabalha muito! Para nós é um orgulho!
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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
"VISÃO"
"O açúcar é o maior veneno
que damos às crianças"
Questõe levantadas na eportagem da SIC com a participação da pediatra Júlia Galhardo, responsável pela consulta de obesidade no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, e que usa palavras fortes para se referir ao abuso do açúcar em idades precoces: "maus tratos"
Somos o que comemos
Quando as crianças não têm excesso de peso é mais difícil que as famílias percebam os perigos do açúcar em excesso?
Sim.
Os pais não devem ficar descansados quando o seu filho, que come muitos
doces, é magro. Muitos desses meninos, que são longilíneos, têm
alterações dos lípidos no sangue, têm problemas de aterosclerose. Não
são gordos, mas têm alterações metabólicas. Nem tudo o que é mau se vê.
Nem tudo o que é mau dói. A hipertensão não dói, a diabetes não dói. Não
doem, mas matam. E, mesmo quando existe excesso de peso, os pais não
dão a devida importância. Acham que a criança vai esticar quando
crescer, como se fosse plasticina, e que o problema vai desaparecer. Só
começam a perceber que há, de facto, um problema quando as análises dão
para o torto. Quando o colesterol ou os glícidos ou o ácido úrico vêm
aumentados, quando as análises revelam inflamação...
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E as crianças que segue na consulta de obesidade têm, frequentemente, problemas nas análises?
Mais
de 90 por cento das vezes. O que eu até agradeço, inicialmente. Porque é
a única forma que tenho de mostrar aos pais que alguma coisa não está
bem. Eu ajudei a começar esta consulta em 2006. Estamos em 2015 e vejo
crianças mais obesas, com maiores problemas nas análises e em idades
mais precoces. Ontem vi uma criança que tinha 10 meses e pesava 21
quilos. Tenho adolescentes com diabetes tipo 2, com hipertensão, com
colesterol elevado. Patologias que, quando eu andava na faculdade, eram
ditas de adulto, na pediatria não se falava! Surgiam aos 40 anos,
agravavam aos 60 e tinham consequências mesmo palpáveis aos 80. Esses
problemas são cada vez mais precoces e cada vez têm consequências mais
graves. Quanto mais precocemente surgem, mais graves se tornam.
Como é que se explicam mudanças tão significativas no espaço de uma geração?
Traduz
toda uma modificação ambiental, porque a genética não muda numa
geração. Se tiver dois gémeos, iguaizinhos, monozigóticos - em que o
genoma é precisamente o mesmo - e os sujeitar a ambientes diferentes,
eles vão desenvolver problemas diferentes. Fazer menos e comer mais, foi
isto que mudou no ambiente que nos rodeia. E comer mais erradamente.
Come-se mais do pacote da prateleira. Produtos em que, além daquilo que
parece que lá está, estão inúmeras coisas que os pais não identificam.
Por exemplo?
Os
açúcares. Os pais só identificam a palavra "açúcar". Se eu lhe chamar
glícidos, dextrose, maltose, frutose, xarope de milho... Tudo isso é de
evitar, mas os pais não identificam isso como açúcar. E a quantidade de
açúcar que as crianças ingerem, diariamente, é assustadora. Tudo o que é
processado e vem num pacote tem açúcar. Basta olhar para o rótulo. Se
eu não conseguir ensinar mais nada na minha consulta, consigo ensinar,
pelo menos, que é importante olhar para o rótulo. E que o ideal é
escolher produtos sem rótulo, sem lista de ingredientes: aqueles que
vieram da terra ou do mar ou do rio. É a melhor forma de evitar o
açúcar.
Costuma envolver os avós, a família alargada, nas consultas?
Os
avós têm um papel fundamental! Os avós são do tempo em que não havia
esta parafernália do pacote. O doce era o mimo do dia de festa. Mas
transformam este mimo num bolo ou num chocolate todos os dias. Porque...
"coitadinho do menino". Eu peço aos avós, por favor, que transformem
estas coisas em mimos de abraços, de afetos. Que vão com eles ao parque
brincar, ver o pôr do sol, fazer castelos de areia. Que os ensinem a
cozinhar coisas saudáveis. A fazer pão, salada de frutas. Eu aprendi a
fazer pão com a minha avó e ainda hoje me lembro. Peço aos avós que nos
ajudem a modificar esta carga. E que percebam que, hoje em dia, o maior
inimigo dos seus netos é o açúcar. A comida não é castigo nem prémio.
Começa a ser frequente ouvir especialistas dizer que, um dia, olharemos para o açúcar como olhamos hoje para o tabaco. Concorda?
Eu
acho que ainda é pior. O açúcar, em termos neurológicos, e de
neurotransmissores, e de prazer, e da precocidade com que é introduzido,
tem consequências mais nefastas do que o tabaco. A frutose, a dextrose,
todos os açúcares criam dependência. Entramos no domínio dos recetores
cerebrais, no domínio do prazer, da compensação, do conforto. Se eu me
habituar a consumir açúcar e a ter prazer pelo açúcar, há modificações
epigenéticas - genes que são acionados e que fazem com que eu passe a
ter mais tendência para o açúcar. Ou para o sal. E a mesma dose não
surte o mesmo efeito a longo prazo. Portanto vou aumentando o açúcar.
Qual é o limite máximo, se é possível responder a isto, que uma criança deve consumir de açúcar por dia?
O
mínimo possível. Não tenho número para lhe dar. E quanto mais tarde,
melhor. É óbvio que precisamos de açúcar, nomeadamente de glicose,
porque é esse o nosso combustível. É a nossa lenha celular. Mas não é
disso que estamos a falar quando dizemos a palavra açúcar.
Os açúcares de que precisamos estão presentes nos alimentos.
Claro. Nos cereais, no leite e derivados, nas frutas.
Como é que explica, às crianças e aos pais, os efeitos do açúcar na saúde?
Aos
mais pequeninos costumo dizer que o açúcar é um bocadinho venenoso. Aos
pais explico que o açúcar adicionado causa os mesmos problemas
metabólicos que o álcool. Lembro que o álcool vem, precisamente, do
açúcar. Do açúcar dos tubérculos, do açúcar das frutas. E que a
consequência é exatamente a mesma: o chamado "fígado gordo". A curto
prazo traduz-se em alterações nas análises. Mais tarde traduz-se em tudo
aquilo que contribui para o síndrome metabólico: diabetes tipo 2,
hipertensão arterial, alteração do colesterol no sangue, aumento do
ácido úrico. E, a longo prazo, tudo isto se traduz em alterações
cardiovasculares. Enfarte precoce do miocárdio, acidente vascular
cerebral... São doenças que os pais associam aos pais deles.
E não aos seus filhos.
E
não aos seus filhos. Mas, se assim continuarem, vão presenciá-las nos
filhos. Estarão vivos, ainda, para as presenciar nos filhos. Porque um
adolescente que é diabético tipo 2, 20 anos depois vai ter problemas
desta diabetes. E, se for uma menina, é exponencial, porque vai gerar um
bebé neste ambiente intrauterino. Em que a própria carga genética --
que não é alterada, porque genes são genes -- vai ser ativada ou inibida
de acordo com o ambiente que lhe estamos a dar in utero. É assustador.
Estudos
recentes, como o EPACI Portugal 2012 ou o Geração 21, mostram que as
crianças portuguesas começam a consumir doces muito cedo, a partir dos
12 meses. Aos 4 anos mais de metade bebe refrigerantes açucarados
diariamente e 65% come doces todos os dias. É por falta de informação?
Alguns
pais ficarão chocados, mas há uma expressão para o abuso do açúcar em
idades tão precoces: maus tratos. Os meninos já não sabem o que é água.
Os meninos, ao almoço e ao jantar, bebem refrigerantes. Não acredito que
seja falta de informação. Toda a gente sabe que bolachas com chocolate,
leite achocolatado, gomas, bolos, estas coisas, fazem mal. É a
ambiência, é o corre-corre. É porque é mais fácil ir no carro a comer
bolachas e sumo, a caminho da escola. Para alguém que já se deita muito
tarde, porque tem tarefas sobreponíveis, pode ser difícil acordar meia
hora mais cedo para preparar um bom pequeno-almoço.
Como é um bom pequeno-almoço?
Deve
ter três componentes: fruta, um componente do grupo dos cereais e leite
ou derivados. Quando a criança tem mais de 3 anos, estamos a falar de
produtos meio gordos. Os cereais podem ser, por exemplo, papas de aveia,
pão fresco ou torradas. Pão da padaria, não é pão de forma. Porque o
pão de forma tem, além de imensos aditivos, açúcar. O pequeno-almoço
deve ser variado, ao longo da semana, e deve garantir 20 a 25% da
quantidade diária de calorias. Nem um por cento das pessoas faz isto. E o
stress é o centro de toda esta nossa conversa. É o centro de todas
estas alterações que nós estamos a sofrer. Porque os pais não têm tempo,
porque chegam a casa e estão estoirados. Não há tempo para ser criança,
não há tempo para ser pai. Para estar à mesa meia hora a contar o dia
de cada um. As nossas crianças não dormem o que deviam. A sociedade
moderna está a adoecer os seus cidadãos.
Os médicos têm suficiente formação sobre nutrição?
Não.
Só se a procurarem. Se não a procurarem, não têm. Falo-lhe do meu
curso, que foi há uma década, e falo-lhe de agora. Apesar de haver
alguma modificação, não é suficiente. A nutrição é vista como
secundária. Não é fármaco, não é vista como tratamento. Mas é. Por
exemplo, após uma cirurgia, se não houver uma nutrição adequada, o
organismo não consegue organizar o colagénio e tudo o que favorece o
processo de cicatrização, para sarar. Na oncologia, por exemplo, há
muito cuidado em várias terapias, mas muito pouco cuidado na parte da
nutrição. A alimentação está na base da saúde e da doença.
É favorável a taxas sobre os produtos mais açucarados, como acontece em países como França, Hungria ou Finlândia?
Para
não criar tanta polémica: e se deixássemos de taxar aqueles que são
frescos, por exemplo? Peixe. Fruta, nomeadamente a portuguesa. Os
legumes, os hortícolas. O nosso leite dos açores. Com tudo isto, é
possível fazer refeições saudáveis para os meninos. Mas, se vir o IVA
dos seus talões de supermercado, poderá constatar que há coisas que não
deveriam ser taxadas ao nível que são.
Por exemplo?
Alguns
refrigerantes são taxados a seis por cento. Mas a eletricidade e o gás,
por exemplo, estão à taxa mais alta. Consegue cozinhar sem eletricidade
e sem gás? Não é um produto de luxo. Às vezes sentimo-nos a puxar
carroças sozinhos. E nós contra a indústria não temos muita força. Eu
gostaria de perceber porque é que é permitido oferecer brinquedos com
alimentos que são considerados nefastos. Pior: brinquedos colecionáveis.
O problema é que cada governo preocupa-se a quatro anos. E os
ministérios trabalham cada um por si.
O Ministério da Educação
reduziu, em 2012, a carga horária de Educação Física no terceiro ciclo e
no ensino secundário. E a nota de Educação Física deixou de contar para
a média de acesso ao ensino superior.
Pior do que reduzir as
aulas de educação física, é vê-las como supérfluas. Eu vou-lhe
confessar: eu era péssima. Era um desastre. E também era obesa.
Portanto, estou à vontade para falar disto. E digo isto aos meus
doentes, porque acho que os estimula. Tenho saudades de crianças que
esfolavam os joelhos em cima do que já estava esfolado. Não vejo isto
hoje em dia. Não é que goste de ver meninos magoados. Mas significa que
estão quietos. Quando muito, têm tendinites nos polegares, que vai ser a
doença ortopédica do futuro. E miopia.
Estive três anos num
hospital no Reino Unido, onde via adolescentes, sem patologias de base,
com obesidade simples, deitados numa cama, que nem banho conseguiam
tomar. Nós sabemos isto. Não há falta de informação, há inércia. Eu não
queria que o meu país fosse para aí, não queria que a geração que vem a
seguir a mim fosse para aí.
E está a ver o país ir para aí?
Estou.
E não há prevenção, não há comportas. Estou a tentar montar um projeto
para chegar aos pais e às crianças nos jardins de infância e nas
escolas. Sinalizar para os centros de saúde, através da saúde escolar,
crianças que estão a começar a ter peso a mais. A este hospital só
deveria chegar a obesidade que tem uma causa endócrina, genética, ou
que, não a tendo, já tem consequências. Mas há centros de saúde que nem
nutricionistas têm. Isto, a longo prazo, paga-se com juros. Basta fazer
contas. Basta ver a carga que são as consultas de obesidade, que eu já
não sei o que hei de fazer a tanta consulta que me pedem. Uma consulta
hospitalar de nível 3, como esta, tem um custo. Pais que faltam ao
trabalho para vir com os meninos tem um custo. Fora as consequências que
vêm por aí. A obesidade é a epidemia do século XXI. Mas como, ao
contrário das infeções, o impacto não é imediato -- é a 10, 20, 30 anos
-- ninguém olha para ela como tal.
Só quando se transformar na epidemia
de doença, e não na epidemia de caminho para a doença, é que vamos
tentar travar. Mas já não vamos travar nada, porque já tivemos o
acidente completo. E aí vamos gastar o dobro. E já nem estou a falar só
de saúde e de vida. De anos de saúde e de vida que se poderiam poupar.
Falo da questão monetária, porque parece que é aquilo que as pessoas
entendem melhor atualmente.
*Faltam-nos as palavras para dizer obrigado a esta médica.
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
"SOL"
Sócrates envolveu Vitorino
em negócio em Angola
José Sócrates teve contactos com o seu camarada socialista António
Vitorino com vista à concretização de um negócio em Angola com a
Fundação Eduardo dos Santos, segundo indicam os autos da Operação
Marquês, de acordo com fontes conhecedoras do processo.
A primeira indicação recolhida nesse sentido surgiu
aos investigadores do processo Marquês em setembro de 2014 após uma
abordagem de Vitorino, ex-dirigente socialista e advogado no escritório
lisboeta da sociedade Cuatrecasas, ao antigo líder do PS e chefe do
governo, numa altura em que o telemóvel de Sócrates já se encontrava sob
escuta no âmbito da operação que levaria à sua detenção no ano
seguinte.
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Segundo o SOL apurou, terá sido o causídico quem teve a
iniciativa de avisar Sócrates que já se informara sobre «o assunto» de
que ambos tinham falado e que, quando quisesse, podiam conversar.
O encontro entre ambos ocorreu no gabinete do advogado na
Cuatrecasas, no Marquês de Pombal (de onde Vitorino, segundo adiantou a
Sócrates, avistava o apartamento deste, na contígua Rua Braamcamp –
localização que, aliás, deu o nome à operação de investigação ao antigo
primeiro-ministro).
* Para nós é uma enorme surpresa o nome de António Vitorino ligado aos cambalachos de Socrates, continuamos incrédulos.
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
"EXPRESSO"
Nunca houve tantos
portugueses emigrados
No ano passado, havia mais de 2,3 milhões de portugueses espalhados pelo mundo, mais 10% do que em 2010. A grande maioria já não vai voltar
É o maior número de sempre. No ano passado, havia mais de 2,3 milhões
de emigrantes portugueses em todo o mundo (2.306.321), mais 10% do que
em 2010, segundo estimativas das Nações Unidas apresentadas no
Emigration Factbook 2015, a que o Expresso teve acesso.
A enorme
vaga de saídas registada nos últimos anos, que estabilizou em cerca de
110 mil por ano, só é comparável à que ocorreu no final da década de 60 e
início da década de 70. Mas não foi apenas o grande volume de partidas
que contribuiu para o número recorde de emigrantes portugueses. O facto
de a grande maioria dos que partiram não ter regressado faz com que, em
termos acumulados, nunca tenha havido tantos.
“O que este número
indica é que há uma tendência grande para a fixação”, explica o
coordenador do Observatório da Emigração, Rui Pena Pires. O casamento, o
nascimento de filhos e a sua entrada na escola são alguns dos fatores
que mais dificultam o retorno a Portugal.
De acordo com os
Censos, entre 2001 e 2011 quase 200 mil emigrantes regressaram ao país, o
que dá uma média anual de 20 mil, um número que fica muito aquém do
total de saídas.
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Para Rui Pena Pires, só o crescimento da taxa de
emprego e da qualidade do emprego criado poderiam fazer aumentar o
retorno, “mais do que qualquer outro tipo de política de incentivo”. O
programa Vem — criado pelo anterior Governo e que previa um apoio de até
€20 mil para quem quisesse regressar e criar negócios — teve fracos
resultados: só 21 emigrantes foram abrangidos.
“Os finalistas
estão neste momento em processo de desenvolvimento do seu plano de
negócios e têm até ao final do ano para os implementar, pelo que só
nessa altura poderemos saber quantos conseguiram concretizá-los e se
isso resultou, ou não, no seu regresso ao país”, explica o gabinete do
ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, adiantando que o atual Executivo
decidirá, então, o futuro do programa, que o PS sempre criticou.
Qualificados duplicaram
Entre
os mais de 2,3 milhões de emigrantes portugueses está Virgílio Silva,
que em janeiro de 1974 emigrou para França com a mulher. A sua história
não difere muito da de outros milhares que partiram na mesma época para
fugir à pobreza.
O trabalho agrícola foi sempre o sustento da
família. “Era duro. Todos os dias estávamos a pé às 4h30”, conta
Virgílio, hoje com 66 anos. O sonho de voltar nunca se cumpriu. “Tivemos
dois filhos e quando pensámos em regressar eles já estavam na escola e
não queriam.” Quando olha para trás, Virgílio vê vantagens e
desvantagens na decisão de emigrar para França. “Trabalhámos muito, mas
ganhámos bem e os nossos filhos estão diplomados — se estivéssemos em
Portugal se calhar não teríamos conseguido. Aqui, nunca tivemos
problemas financeiros e eles nunca precisaram de trabalhar para pagar os
estudos.”
O pior foi que outros familiares tomaram a mesma
decisão de partir, mas rumaram a outros destinos. “Assim se separou uma
família. É isso que faz pena.”
Hoje não são apenas os mais pobres
e desqualificados que deixam o país. A percentagem de emigrantes com
formação superior a residir nos países da OCDE praticamente duplicou
entre 2001 e 2011 (de 6% para 11%). Nos últimos anos, também surgiram
novos destinos, como o Reino Unido, que é hoje o país de eleição, ou a
Noruega, onde reside a comunidade portuguesa mais qualificada em todo o
mundo (ver textos abaixo).
Da mesma maneira que a maioria dos que
partiram há décadas nunca regressou, não é de esperar que os novos
emigrantes voltem ao país. E também não é previsível que a emigração,
sobretudo qualificada, venha a baixar significativamente, assegura Rui
Pena Pires: “Agora, as pessoas sabem das oportunidades, conhecem os
mecanismos e têm lá fora quem as ajude. Está facilitada a saída. Está
aberto o caminho”
REINO UNIDO, o principal destino
O
Reino Unido é hoje o destino para onde emigram mais portugueses. Só em
2014 (últimos dados disponíveis), foram 30.546, sensivelmente o mesmo
número registado no ano anterior. No total, cerca de 175 mil portugueses
residem agora naquele país. O fluxo é composto, sobretudo, por jovens
adultos — um terço tem entre 25 e 34 anos. Muitos são qualificados. O
Reino Unido é, aliás, o país com o maior número de enfermeiros
portugueses ao serviço: são mais de 4500. Mas também há muitos milhares
com baixas habilitações, por exemplo a trabalhar na indústria, como
acontece em Thetford, onde um terço dos residentes nasceu em Portugal.
BÉLGICA, A nova escolha
Foi
na Bélgica que mais subiu, em termos relativos, a entrada de emigrantes
portugueses em 2014. No total, 4227 rumaram ao país, um aumento de 35%,
que o Observatório da Emigração considera “particularmente elevado”. A
Bélgica é agora o oitavo principal destino da emigração portuguesa.
Carolina Thadeu, 31 anos, partiu em 2015, depois de o namorado ter
conseguido trabalho lá. “Os salários são mais elevados e o custo de
vida, embora mais alto, não é proporcional à diferença entre o salário
mínimo em Portugal (€585) e na Bélgica (cerca de €1500).” Quase 30% dos
portugueses chegaram há menos de cinco anos.
FRANÇA, A maior comunidade
Um
dos mais antigos destinos da emigração nacional, França continua a ser o
país onde vive a maior comunidade portuguesa no mundo (599.333). As
pessoas nascidas em Portugal constituem a terceira maior população
estrangeira no país (11% do total, a seguir a argelinos e marroquinos).
Ainda hoje é o segundo país mais escolhido por quem decide partir. Os
emigrantes portugueses em França tendem a ser menos qualificados: 7% tem
ensino superior (mais baixo só na comunidade portuguesa no Luxemburgo,
onde apenas 4% são diplomados). Nove em cada dez já vivem em França há
mais de uma década e 16% são idosos.
NORUEGA, O eldorado dos qualificados
Com
ordenados elevados, condições ideais para conciliar a vida familiar e
profissional e muitos empregos para oferecer em sectores qualificados, a
Noruega transformou-se num dos principais destinos de emigração dos
diplomados portugueses. É, aliás, neste país que reside a comunidade
portuguesa com maiores habilitações em todo o mundo. Só engenheiros são
mais de 2000. Como Rui Potes, de 40 anos, que em 2012 se mudou com a
mulher e os dois filhos pequenos. “Somos reconhecidos profissionalmente e
valorizamos a qualidade de vida, que se reflete essencialmente em tempo
para estar com a família”, diz.
* As autoridades do anterior governo foram pródigas em promover a debandada de portugueses qualificados, o principal objectivo era retirá-los da lista de desempregados.
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