23/05/2010

MARTA CRAWFORD



Especialista sexo

O que faço com os pés?

A relação que temos com o nosso corpo e com o dos outros nem sempre é a melhor. Olha- -se para as diferentes partes do corpo como se estivessem associadas a uma escala de valores: tocar, não tocar, indecente, insignificante, sexual... Temos os highspots corporais devidamente organizados e estereotipados e por isso um casal que jogue pelo "seguro" não se aventura a novas descobertas. Podem afirmar que se conhecem muito bem fisicamente, mas nos seus momentos mais íntimos não se tocam com profundidade. Costumo dizer aos casais que comecem a acariciar-se - faz parte integrante de uma terapia sexual - e estes iniciam as suas descobertas com algum embaraço.

Por vezes surgem questões engraçadas e recorrentes: o que faço com os pés dele/a? Fica a sugestão: lave-lhos com sabão, massaje-os entre mãos, passe-os por água e seque-os suavemente com uma toalha. Utilize creme e massaje-os de novo, acariciando os dedos e os espaços entre eles. Aperte o peito do pé e a planta do pé. Depois arrisque, prove cada um dos dedos, chupando-os ou mordiscando-os suavemente, mantendo o contacto visual com o parceiro. Verá o resultado.

O que para alguns é um mistério para outros é uma fonte de fascínio. Recordo um casal que acompanhei há muitos anos, ambos com um fetiche por pés - antes de qualquer contacto visual comigo olhavam os dois para os meus pés intensamente e tinham dificuldade em se concentrar naquilo que eu dizia. Confesso que senti algum embaraço e acabei por ter de resolver a obsessão de forma drástica: botas. Resultou!

in "i"
22/05/10

ÓRGÃO DO MAR




Situado na costa de Zadar, uma cidade da Croácia, encontramos o Órgão do Mar, degraus cravados em rochas que têm no interior um interessante sistema de tubos que, quando empurradas pelos movimentos do mar, forçam o ar e, dependendo do tamanho e velocidade da onda, criam notas musicais, sons aleatórios. Criado em 2005 ganhou o prémio europeu para espaços públicos (European Prize for Urban Public Space). O Órgão do Mar recebe turistas de várias partes do mundo, que vêm escutar uma música original que dá muita paz. O lugar também é conhecido por oferecer um belo pôr-do-sol, o que agrada ainda mais às pessoas que visitam a localidade. Zadar é uma bela cidade do litoral da Croácia e foi duramente castigada durante a 2ª Guerra Mundial. A criação do Órgão é também uma iniciativa para devolver um pouco do que o lugar perdeu com tanta destruição e sofrimento.
enviado por LUÍSA SANTOS

JARDIM PARA SOCRATES

ANTES DO TEMPORAL



DEPOIS DO TEMPORAL



enviado por D.A.M.

FUNDAÇÃO SARAMAGO

Mulher do escritor lamenta o estado "infame" a que se deixou chegar o edifício

Fundação Saramago: Pilar del Rio contra polémica "rasca, absurda e estúpida"


A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, mostrou-se indignada com as objecções levantadas à instalação da instituição na Casa dos Bicos, em Lisboa.
Responsável da fundação afirma que o imóvel estava a "cair de  podre"


Responsável da fundação afirma que o imóvel estava
a "cair de podre"
(Rui Gaudêncio)

Foi o vereador António Carlos Monteiro (CDS-PP) quem começou por contestar o processo. Quer por causa dos custos envolvidos na adaptação do imóvel municipal às novas funções - a suportar pela câmara, proprietária do imóvel, e que dispararam dos 545 mil euros previstos para 2,2 milhões -, quer por o município não ter lançado um concurso público para a empreitada.

O autarca põe ainda em causa a capacidade financeira da fundação para suportar os elevados custos de manutenção da Casa dos Bicos.


- "O edifício estava a cair de podre e até hoje ninguém se preocupou com esse facto", reage Pilar del Rio, mulher do prémio Nobel.
-"Foi um milagre um pedaço dele não ter atingido ninguém que fosse a passar ali ao pé. Mas agora que José Saramago lá vai colocar o seu espólio à disposição de todos é que se preocupam?", questiona.

- "A Casa dos Bicos encontrava-se numa situação infame", repete a presidente da fundação, que por enquanto está instalada na Av. Almirante Gago Coutinho.
-"Perguntem aos arquitectos que estão a trabalhar no projecto [de adaptação do edifício], que até infiltrações encontraram.
"
Para Pilar del Rio, a polémica levantada pelo CDS-PP em torno da cedência da Casa dos Bicos à fundação é "rasca, absurda e estúpida". Quanto à forma como a fundação irá ocupar os cinco pisos do imóvel classificado e ao seu plano de actividades, questões também levantadas pelo vereador, a responsável remete para o site da fundação (http://www.josesaramago.org).

Aqui se explica que ideia é que este seja um lugar não apenas de cultura mas de debate cívico no centro de Lisboa, com encontros literários, apresentações de livros, recitais, projecções de cinema não comercial e exposições.


O pilar da fundação

Faz um ano que Saramago frisou a importância de Pilar del Rio no desenvolvimento do projecto:
- "(...) é a vida da fundação que ela deverá proteger. Contra tudo e contra todos. Sem piedade, se necessário for." Meses mais tarde, o escritor conhecido pela sua militância comunista apoiou a recandidatura de António Costa à Câmara de Lisboa
- um apoio que o vereador do CDS-PP faz questão de recordar quando menciona os 2,2 milhões de euros que a autarquia vai gastar na recuperação da Casa dos Bicos.
Depois de ter garantido, na passada semana, que as obras têm a obrigatória autorização do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), o autarca socialista esclareceu que afinal ainda está à espera do parecer do organismo - o que, no seu entender, não é grave, uma vez que o projecto tem vindo a ser acompanhado pelos técnicos do instituto que tutela o património e os trabalhos ainda não arrancaram.
O mesmo não se passa com a reabilitação da fachada do edifício, que "está concluída". Com ou sem parecer do Igespar?
-"Não sei dizer", respondeu o presidente da câmara lisboeta.

- "Se não teve parecer foi porque não era necessário. Não vale a pena fazer romances neste caso, porque não há aqui romance nenhum."

notícia veículada num jornal diário há já algum tempo

DIÁRIO DA REPÚBLICA nº 81 27/04/10

Diário da República, 1.ª série — N.º 81 — 27 de Abril de 2010 1393
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Lei n.º 3/2010 de 27 de Abril
Estabelece a obrigatoriedade de pagamento de juros
de mora pelo Estado pelo atraso
no cumprimento de qualquer obrigação pecuniária

A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º
Juros de mora 1 — O Estado e demais entidades públicas, incluindo as Regiões Autónomas e as autarquias locais, estão obrigados ao pagamento de juros moratórios pelo atraso no cumprimento de qualquer obrigação pecuniária, independentemente da sua fonte. 2 — Quando outra disposição legal não determinar a aplicação de taxa diversa, aplica -se a taxa de juro referida no n.º 2 do artigo 806.º do Código Civil. 3 — O disposto no presente artigo não é aplicável à administração fiscal, no contexto das relações tributárias, que se regem por legislação própria.
Artigo 2.º
Alteração ao Decreto -Lei n.º 32/2003, de 17 de Fevereiro 1 — É alterado o artigo 4.º do Decreto -Lei n.º 32/2003, de 17 de Fevereiro, que passa a ter a seguinte redacção: «Artigo 4.º [...] 1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . d) 30 dias após a data de aceitação ou verificação quando esteja previsto um processo mediante o qual deva ser determinada a conformidade dos bens ou serviços e o devedor receba a factura ou documento equivalente em data anterior. 3 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . »
Artigo 3.º
Alteração ao Código dos Contratos Públicos 1 — São alterados os artigos 299.º e 326.º do Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, que passam a ter a seguinte redacção: «Artigo 299.º [...] 1 — Sempre que do contrato não conste data ou prazo de pagamento, a obrigação pecuniária vence -se, sem necessidade de novo aviso: a) 30 dias após a data em que o contraente público tiver recebido a factura ou documento equivalente; b) 30 dias após a data de recepção efectiva dos bens ou da prestação dos serviços quando a data de recepção da factura ou de documento equivalente seja incerta; c) 30 dias após a data de recepção efectiva dos bens ou da prestação dos serviços quando o contraente público receba a factura ou documento equivalente antes do fornecimento dos bens ou da prestação dos serviços; d) 30 dias após a data de aceitação ou verificação quando esteja previsto um processo mediante o qual deva ser determinada a conformidade dos bens ou serviços e o contraente público receba a factura ou documento equivalente em data anterior. 2 — O período máximo de duração do procedimento de aceitação ou verificação referido na alínea d) do número anterior não pode exceder os 30 dias, salvo disposição em contrário devidamente justificada no contrato. 3 — Constando do contrato data ou prazo de pagamento, os pagamentos devidos pelo contraente público devem ser efectuados no prazo de 30 dias após a entrega das respectivas facturas, as quais só podem ser emitidas após o vencimento da obrigação a que se referem.
4 — (Anterior n.º 2.)
Artigo 326.º [...] 1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 — A obrigação de pagamento de juros de mora vence -se automaticamente, sem necessidade de novo aviso, consoante o caso, uma vez vencida a obrigação pecuniária nos termos do n.º 1 do artigo 299.º ou decorrido o prazo previsto nos n.os 3 e 4 do mesmo artigo. 3 — São nulas as cláusulas contratuais que excluam a responsabilidade pela mora, bem como as cláusulas contratuais que, sem motivo atendível e justificado face às circunstâncias concretas, limitem a responsabilidade pela mora. 4 — (Anterior n.º 2.) 5 — (Anterior n.º 3.) 6 — (Anterior n.º 4.)»
Artigo 4.º
Aditamento ao Código dos Contratos Públicos É aditado o artigo 299.º -A ao Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, com a seguinte redacção:
«Artigo 299.º -A
Vencimento das obrigações pecuniárias 1 — São nulas as cláusulas contratuais que, sem motivo atendível e justificado face às circunstâncias concretas, estabeleçam prazos superiores a 60 dias para o vencimento das obrigações pecuniárias. 2 — No caso previsto no número anterior, a cláusula tem -se por não escrita e a obrigação considera- -se vencida de acordo com as regras do artigo anterior. » Artigo 5.º Entrada em vigor A presente lei entra em vigor no dia 1 de Setembro de 2010.
Aprovada em 12 de Março de 2010. O Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. Promulgada em 13 de Abril de 2010. Publique -se. O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. Referendada em 14 de Abril de 2010. O Primeiro -Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

AMÉRICO TOMÁS

Américo Tomás
Américo Tomás
Presidente de Portugal Flag of Portugal.svg
Mandato: 9 de Agosto de 1958 até
25 de Abril de 1974
Precedido por: Craveiro Lopes
Sucedido por: Junta de Salvação Nacional

Nascimento: 19 de Novembro de 1894
Lisboa, Portugal
Falecimento: 18 de Setembro de 1987 (92 anos)
Cascais, Portugal
Primeira-dama: Gertrudes Ribeiro da Costa Tomás
Partido: União Nacional, depois Acção Nacional Popular
Profissão: Almirante
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Américo de Deus Rodrigues Tomás (Lisboa, 19 de Novembro de 1894Cascais, 18 de Setembro de 1987) foi um político e militar português, foi o décimo quarto Presidente da República Portuguesa (último do Estado Novo).

Foi chefe de gabinete do Ministro da Marinha em 1936, presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante de 1940 a 1944 e Ministro da Marinha de 1944 a 1958, quando foi o candidato escolhido pela União Nacional para suceder a Craveiro Lopes. Teve como adversário o General Humberto Delgado. Diz-se hoje que os resultados das eleições podem ter sido sido manipulados, e provavelmente a sua vitoria não fosse tão esmagadora. Na sequência da agitação social, da desordem e da intranquilidade publica gerada pelos resultados, que eram manifestamente contrários à vontade da maioria da população, as eleições presidenciais deixaram de ser directas, passando a ser da responsabilidade de um colégio eleitoral, constituído exclusivamente por membros da União Nacional. Desta forma, o regime punha de parte qualquer tipo de mudança democrática encetada pelo voto da população portuguesa.

Foi dessa forma reeleito em 1965 e 1972. O 25 de Abril encontrou-o a meio do seu terceiro mandato (que se deveria prolongar até 1979). Foi então demitido do cargo e expulso compulsivamente da Marinha, tendo sido enviado para a Madeira, donde partiu para o exílio no Brasil.

Em 1978, o general Ramalho Eanes permitiu o seu regresso a Portugal. Em 1980, morre, subitamente, a sua filha mais velha, Natália.

A 18 de Setembro de 1987, Américo Tomás morreu numa clínica em Cascais, após uma cirurgia, com 92 anos.

wikipédia

BENTO JESUS CARAÇA





Bento de Jesus Caraça (Vila Viçosa, 18 de Abril de 1901Lisboa, 25 de Junho de 1948) foi um matemático português, resistente antifascista e militante do Partido Comunista Português.

Licenciou-se em 1923, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (actual ISEG).

Em 1936 funda o Núcleo de Matemática, Física e Química juntamente com outros recém doutorados nas áreas da matemática e física.

Em 1938, com os professores Mira Fernandes e Beirão da Veiga, funda o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, que dirigiu até Outubro de 1946, ano da sua extinção pelo Governo.

Em 1940, com os professores António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar criou a Gazeta de Matemática.

Em 1941 cria a "Biblioteca Cosmos", para edição de livros de divulgação científica e cultural, a qual publicou 114 livros, com uma tiragem global de 793 500 exemplares.

Em 1946 é preso pela PIDE e, em Outubro desse mesmo ano, demitido do lugar de professor catedrático do ISCEF.

Colaborou também nas revistas Técnica, Gazeta da Matemática, Seara Nova, Vértice e Revista de Economia.

Em 1943 torna-se presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Faleceu em Lisboa, no dia 25 de Junho de 1948, vítima de doença cardíaca.

Família

Bento Jesus é filho João António Caraça e Domingas Espadinha e irmão de António, Francisco e Filomena. Casou em 1926 com Maria Octávia Sena, de quem ficou viúvo nove meses depois. Casou em 1943 com Cândida Gaspar, com quem teve o seu único filho, João Manuel Gaspar Caraça.

Livros publicados

GUERRA COLONIAL

Designa-se por Guerra Colonial, Guerra do Ultramar (designação oficial portuguesa do conflito até ao 25 de Abril), ou Guerra de Libertação (designação mais utilizada pelos africanos independentistas), o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1974. Na época, era também referida vulgarmente em Portugal como Guerra de África. O início deste episódio da história militar portuguesa ocorreu em Angola, a 4 de Fevereiro de 1961, na zona que viria a designar-se por Zona Sublevada do Norte (ZSN), que corresponde aos distritos do Zaire, Uíje e Quanza-Norte. A Revolução dos Cravos em Portugal, a 25 de Abril de 1974, determinou o seu fim. Com a mudança do rumo político do país, o empenhamento militar das forças armadas portuguesas deixou de fazer sentido. Os novos dirigentes anunciavam a democratização do país e predispunham-se a aceitar as reivindicações de independência das colónias — pelo que se passaram a negociar as fases de transição com os movimentos de libertação empenhados na luta armada. Ao longo do seu desenvolvimento foi necessário aumentar progressivamente a mobilização das forças portuguesas, nos três teatros de operações, de forma proporcional ao alargamento das frentes de combate que, no início da década de 1970, atingiria o seu limite crítico. Pela parte portuguesa, a guerra sustentava-se pelo princípio político da defesa daquilo que considerava território nacional, baseando-se ideologicamente num conceito de nação pluricontinental e multi-racial. Pelo outro lado, os movimentos de libertação justificavam-se com base no princípio inalienável de auto-determinação e independência, num quadro internacional de apoio e incentivo à luta.

Províncias ultramarinas portuguesas em África no período da Guerra do Ultramar.

Contexto político-social

Nas colónias europeias sempre existiram movimentos de oposição e resistência à presença das potências coloniais. Porém, ao longo do século XX, o sentimento nacionalista — fortemente impulsionado pelas primeira e segunda guerras mundiais — era patente em todas as movimentações europeias, pelo que não será surpreendente notar o seu alastramento às colónias, já que também muitos dos seus nativos nelas participaram, expondo o paradoxo da celebração da vitória na luta pela libertação, em território colonial, ainda submetido e dependente.

Por outro lado, também as grandes potências emergentes da II Guerra Mundial, os Estados Unidos da América e a União Soviética, alimentavam — quer ideologicamente, quer materialmente — a formação de grupos de resistência nacionalistas, durante a sua disputa por zonas de influência. É neste contexto que a Conferência de Bandung, em 1955, irá conceder voz própria às colónias, que enfrentavam os mesmos problemas e procuravam uma alternativa ao simples alinhamento no conflito bipolar que confrontava as duas grandes potências. Estas, eram, assim, chamadas a considerar com outra legitimidade as reivindicações do chamado Terceiro Mundo, quer para manter o equilíbrio nas relações internacionais da Guerra Fria, quer para canalizar os sentimentos autonomistas para seu benefício, como zona de influência. A influência externa nas colónias perdia a orientação meramente separatista e desestabilizadora, e caminhava para um efectivo apoio - ou entrave - nas relações com os países colonizadores.

No final da década de 1950, as Forças Armadas Portuguesas viam-se confrontadas com o paradoxo da situação política gerada pelo Estado Novo, que haviam implantado e sustentado desde 1926: por um lado, a política de neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial colocava as Forças Armadas Portuguesas afastadas de um eventual confronto Leste-Oeste, por outro, aumentava, na perspectiva do regime, a responsabilidade na manutenção da soberania sobre os vastos territórios ultramarinos, onde a tensão do pós-guerra avizinhava lutas independentistas nas colónias da Europa Imperial. Contudo, os mesmos dirigentes que afastaram Portugal da luta pela libertação europeia, optaram por integrar o país na estrutura militar da NATO, num subtil desejo de se aliar aos vencedores, em detrimento da preparação para as ameaças nos espaços coloniais, que o próprio regime considerava imprescindíveis para a sobrevivência nacional.

Esta integração de Portugal na Aliança Atlântica iria formar uma elite de militares que se tornaria indispensável para o planeamento e condução das operações durante a Guerra do Ultramar. Esta "geração NATO" ascenderia rapidamente aos mais altos cargos políticos e de comando, sem necessidade de dar provas de fidelidade para com o regime. A Guerra Colonial estabelecia, assim, incompatibilidades entre a estrutura militar — fortemente influenciada pelas potências ocidentais, de regime democrático — e o poder político. Alguns analistas consideram que o chamado «golpe Botelho Moniz» marcou o início desta ruptura, bem como a origem de uma certa desconfiança do regime em relação à manutenção de um único centro de comando, perante a ameaça do confronto com a força armada. Esta situação provocaria, como se verificaria mais tarde, a descoordenação entre os três estados-maiores (Exército, Força Aérea e Marinha).

O regime do Estado Novo nunca reconheceu a existência de uma guerra, considerando que os movimentos independentistas eram apenas terroristas e que os territórios não eram colónias, mas províncias e parte integrante de Portugal. Durante muito tempo, grande parte da população portuguesa, iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que, em África, não havia uma guerra, mas apenas alguns ataques de terroristas e de potências estrangeiras.

Oposição

Contrariando o que o estado pretendia transmitir como sendo de consenso geral, isto é, que as colónias faziam parte da unidade nacional, os comunistas foram os primeiros a opor-se aos confrontos. Na verdade, a primeira organização a manifestar-se publicamente foi o PCP, em 1957, durante o seu V Congresso, pedindo a independência imediata, completa e indolor. Porém, a censura do regime obrigava o partido a representar dois papéis: o de partido político e o de força de coesão entre os sectores oposicionistas, com os quais acordava programas que não reflectiam as suas posições anticoloniais; seguindo a mesma linha de orientação, já assim se tinham manifestado, durante as eleições presidenciais celebradas durante o Estado Novo, onde era defendida essa unidade: Norton de Matos (1949), Quintão Meireles (1951), Humberto Delgado (1958), e mesmo os candidatos apoiados pelo PCP: Ruy Luís Gomes e Arlindo Vicente.

Depois da fraude eleitoral de 1958, Humberto Delgado formou o Movimento Nacional Independente (MNI) que, em Outubro de 1960, defendia a necessidade de preparar o povo das colónias, antes de lhe ser concededido o direito à autodeterminação. No entanto, nenhuma data ou metodologia foi sugerida.

Assim, a oposição ia-se assumindo lentamente, começando pelo estalar da luta armada, até se aperceber que o conflito estava a durar tempo demais. Em 1961, o nº 8 da Tribuna Militar tinha como título, "Ponhamos fim à guerra de Angola". Os seus autores estavam ligados às Juntas de Acção Patriótica (JAP), apoiantes de Humberto Delgado, responsáveis pelo ataque ao quartel de Beja. A Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), criada em Dezembro de 1962, contrapunha as posições conciliadoras. O sentimento oficial do estado português, contudo, mantinha-se: Portugal possuía direitos inalienáveis e legítimos sobre as colónias e era isso que era transmitido pelos meios de comunição e pela propaganda estatal.

Em Abril de 1964, o Directório de Acção Democrata-Social reivindicava uma resolução política e não militar. Em sintonia com esta iniciativa, em 1966, Mário Soares sugeria a preparação de um referendo sobre a política ultramarina a seguir por Portugal, e que deveria ser precedido por um debate nacional a realizar durante seis meses.

Nem a morte de Salazar fez com que o panorama político se alterasse. Só com as eleições legislativas de 1969 se viria a verificar uma radicalização da atitude política, nomeadamente entre as camadas mais jovens, que mais se sentiam vitimizadas pela continuação da guerra. As universidades desempenharam um papel fundamental na difusão deste posicionamento. Surgem, assim, as publicações Cadernos Circunstância, Cadernos Necessários, Tempo e Modo, e Polémica. É neste ambiente que a Acção Revolucionária Armada (ARA) e as Brigadas Revolucionárias (BR) se revelam como uma importante forma de resistência contra o sistema colonial português, dirigindo os seus ataques, principalmente, contra o Exército.

A ARA, vinculada ao PCP, iniciou as suas acções militares em Outubro de 1970, mantendo-as até Agosto de 1972. Destacam-se o ataque à Base Aérea de Tancos contra equipamento da Força Aérea, a 8 de Março de 1971, e o atentado contra as instalações do quartel-general do COMIBERLANT, em Oeiras, em Outubro do mesmo ano. As BR, por sua vez, iniciaram as acções armadas a 7 de Novembro de 1971, com a sabotagem da base da NATO de Pinhal de Ameiro, verificando-se a última a 9 de Abril de 1974, contra o navio Niassa que se preparava para zarpar de Lisboa transportando tropas para a Guiné. As BR chegaram, inclusive, a agir nas colónias, colocando uma bomba no Comando Militar de Bissau, a 22 de Fevereiro de 1974.

Também o alinhamento dos sectores da finança e negócios, classes médias e movimentos operários constituiu um importante ponto de inflexão na contestação à política do regime, em 1973. Apresentavam-se, agora, concordantes quanto à independência das colónias, poucos meses antes do 25 de Abril.

Antecipação casual

A propaganda tornou-se uma forma de combate psicológico contribuindo para desorganização do inimigo.

A instrução dos quadros e tropas das forças portuguesas, por normalização da estrutura da NATO, concebeu a publicação de um conjunto de manuais intitulados "O Exército na Guerra Subversiva" que serviriam de suporte para a organização das tropas durante a Guerra. Introduziam também a necessidade da guerra psicológica que se revelaria como uma frente de combate sólida para Portugal. Com efeito, a "conquista das populações" foi aplicada a níveis tácticos e estratégicos com sucesso, exceptuando as dificuldades no início e fim da guerra.

Também se revelou fundamental a especialização de grupos armados, como os Comandos, único corpo organizado especificamente para esta guerra — desmantelado pouco tempo depois de esta terminar — e adaptação dos Fuzileiros e pára-quedistas. Quanto às unidades recrutadas no próprio teatro de operações, as tropas especiais africanas, os TE, GE e GEP, Flechas e fuzileiros foram adaptadas às técnicas de combate específicas deste tipo de cenário (guerrilha) e terreno. Porém, a quase sempre deficiente instrução dos efectivos implicaria uma crescente degradação da sua eficácia, a par com o cansaço e esvaziamento dos quadros permanentes.

Com o embargo internacional à venda de armas a Portugal, as forças armadas viram-se, a partir dos anos 70, ultrapassadas tecnologicamente pelos movimentos de libertação, o que foi especialmente notório na Guiné-Bissau. O déficit seria provisoriamente suportado pela supremacia aérea, até à introdução dos mísseis anti-aéreos por parte dos guerrilheiros.

Conflito armado

Angola