Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
11/04/2010
MIA COUTO
E SE OBAMA FOSSE AFRICANO
Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto. E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas - tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte. Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa. Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes.
Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público. No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de politicos gananciosos.
Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo. Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.
Jornal "SAVANA" - 14 de Novembro de 2008
NR: Perfeitamente actual para os "albinos" portugueses
TENHA UM BOM DOMINGO
Os artistas e produtores culturais portugueses continuam a não pensar à escala internacional. Em 2008, só sete por cento dos espectáculos portugueses foram vendidos para circuitos externos, menos de metade dos espectáculos vindos de outros países que os portugueses consumiram. Falta também perspectiva mundial: quer na importação, quer na exportação, os nossos parceiros são sobretudo a Europa - a Espanha, em particular.
"PÚBLICO"
A fábrica de produção de carros de competição do último modelo da Porsche, o Panamera S, começa a ser construída ainda no primeiro semestre deste ano e tem inauguração prevista para o primeiro trimestre de 2011. A unidade da N. Technology, no Parque Tecnológico do Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, representa, tal como CM noticiou, um investimento de três milhões de euros e arranca com 25 funcionários. O propósito passa por, no futuro, duplicar o número trabalhadores.
"CORREIO DA MANHA"
No Orçamento do Estado para este ano, as novas portagens nas auto-estradas do Norte Litoral, Costa da Prata e Grande Porto valem 125 a 130 milhões de euros.O Governo e o CDS estão em negociações para que a versão inicial do chip nas matrículas automóveis não seja revogada na Assembleia da República.Todos os partidos contestam o carácter big brotheriano da medida. "SOL"
As empresas de trabalho temporário colocaram diariamente, em média, 45 trabalhadores em Portugal em 2009, mas no conjunto do ano a quebra no setor foi generalizada e para 2010 as perspetivas não são animadoras.
De acordo com os dados da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE), em 2008, a média diária era de 55 trabalhadores colocados, o que significa que em 2009 foram colocados por dia menos 10 trabalhadores do que no ano anterior.
Tendo em conta que os primeiros meses do ano "não estão a demonstrar melhorias" e que a recuperação do mercado de emprego habitualmente começa pela contratação de trabalhadores temporários (os primeiros também em tempo de crise a ser dispensados), a APESPE traça um cenário desanimador para os que acreditam que a recuperação está aí.
"EXPRESSO/LUSA"
Miguel Pais do Amaral tornou-se numa das principais personalidades que os deputados vão querer inquirir na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para averiguar o negócio PT/TVI, depois das suas declarações na Comissão Parlamentar de Ética, na passada terça-feira. O ex-patrão da Media Capital esclareceu que, em 2005, falou com o Governo antes de vender à empresa espanhola Prisa a sua parte na empresa proprietária da TVI. Explicou que se tratou de um acto "normal", uma vez que o negócio envolvia uma licença de concessão de televisão atribuída pelo Estado por um determinado período temporal. Estas palavras poderão ser usadas como arma de arremesso contra José Sócrates, que sempre negou ter tido conhecimento prévio da compra da TVI pela PT, em 2009.
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, anunciou hoje, domingo, que vai desencadear rapidamente um processo de revisão constitucional para que a Constituição da República possa ser revista antes das eleições presidenciais do início do próximo ano.
"O PSD não desconhece que o Parlamento está investido de poderes constitucionais e vai desencadear rapidamente o processo de revisão constitucional apostando convictamente que ainda antes das eleições presidenciais nós podemos ter a nossa Constituição revista em Portugal", declarou Pedro Passos Coelho.
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
INDA HÁ GENTE SÉRIA
“Para além do enquadramento legislativo e regulamentar vigente, quais as orientações do Governo referentes ao estatuto remuneratório, e prémios, dos gestores/administradores de empresas públicas ou com participação do Estado e similares. Existiu alguma orientação específica para os anos de 2008, 2009 e 2010?”, pergunta António José Seguro, num requerimento a que a agência Lusa teve acesso.
No mesmo requerimento dirigido a Teixeira dos Santos, o ex-ministro de António Guterres e ex-líder parlamentar do PS pede ao ministro das Finanças a “lista das empresas públicas ou com participação do Estado e similares, as remunerações dos respectivos gestores/administradores e quais os indicados pelo Estado”.
Não sei se com esta linha de actuação o António José Seguro alguma vez ganhará o PS. Acredito, contudo, que ganhará o país que, agora mais do que nunca, está farto de ver cada vez mais pratos vazios.
Recorde-se (ver: “Remunerações do presidente da EDP são obscenas”) que no domingo, numa nota publicada no seu site Antóniojoseseguro.com, o dirigente socialista considerou “obscenos” os valores das remunerações referentes a 2009 pagas ao presidente executivo da EDP, António Mexia, que terão atingido 3,1 milhões de euros.
“Em fase de enormes dificuldades e de exigência de sacrifícios aos portugueses é incompreensível como se atingem estes valores remuneratórios. É uma imoralidade!”, refere o ex-ministro de António Guterres.
Na mesma nota, António José Seguro observou ainda que a EDP é a empresa mais endividada do mercado de capitais português com 14,007 mil milhões de euros (mais 117 milhões do que em 2008)”.
Certamente que Teixeira dos Santos dirá, voluntariamente ou não, que António Mexia e similares são a verdadeira alma do célebre Programa de Estabilidade e Crescimento. Descartáveis, ao contrário do que pensa António José Seguro, são os 700 mil desempregados tal como os perto de 40% de portugueses que vão assiduamente ao oculista porque não conseguem ver comida nos pratos.
Recorde-se que Rui Pedro Soares, o antigo administrador da PT, envolvido na polémica tentativa de compra da TVI, recebeu em 2009, 1,533 milhões de euros de salários, dos quais 1,035 milhões são relativos a remuneração variável e prémios de gestão.
Na mesma linha, sob proposta da Parpública (ou seja, do Estado), a REN vai atribuir bónus a José Penedos pelo trabalho realizado em 2009 como presidente da empresa.
Por sua vez, Fernando Soares Carneiro, também envolvido na questão TVI, e que só entrou para a Comissão Executiva da operadora em Março de 2009, recebeu um salário fixo de 364.100 euros, acrescentando 21.200 euros recebidos nos três meses antes, quando era apenas não executivo.
Segundo Francisco Louçã, os "3,1 milhões euros que António Mexia ganhou num ano, como prémio de desempenho, significa que ganhou em cada mês 25 anos de salário médio de cada português, mais do que o presidente da Microsoft, a maior empresa do mundo”.
É mesmo caso, apenas mais um, para se dizer: é fartar vilanagem!
BERNARDINO MACHADO
Bernardino Machado | |
Presidente de Portugal | |
Mandato: | 6 de Agosto de 1915 até 5 de Dezembro de 1917 (1º mandato) 11 de Dezembro de 1925 até 31 de Maio de 1926 (2º mandato) |
Precedido por: | Teófilo Braga (1º mandato) Manuel Teixeira Gomes (2º mandato) |
Sucedido por: | Sidónio Pais (1º mandato) Mendes Cabeçadas (2º mandato) |
| |
Nascimento: | 28 de Março de 1851 Rio de Janeiro, Brasil |
Falecimento: | 28 de Abril de 1944 Famalicão, Portugal |
Primeira-dama: | Elzira Dantas Gonçalves Pereira Machado |
Partido: | Partido Democrático |
Profissão: | Professor na Universidade de Coimbra |
Bernardino Luís Machado Guimarães (Rio de Janeiro, 28 de março de 1851 — Famalicão, 28 de abril de 1944) foi o terceiro e o oitavo presidente eleito da República Portuguesa.
Estudou Filosofia e Matemática na Universidade de Coimbra. Teve um importante percurso como dirigente da maçonaria (na Loja "Perseverança" do Grande Oriente Lusitano).
Foi presidente da República Portuguesa por duas vezes. Primeiro, de 6 de agosto de 1915 até 5 de dezembro de 1917, quando Sidónio Pais, à frente de uma junta militar, dissolve o Congresso e o destitui, obrigado-o a abandonar o país.
Mais tarde, em 1925, volta à presidência da República para, um ano depois, voltar a ser destituído pela revolução militar de 28 de maio de 1926, que instiuirá a Ditadura Militar e abrirá caminho à instauração do Estado Novo.
Vida pessoal
Bernardino Machado era filho de António Luís Machado Guimarães, primeiro barão de Joane, e de sua segunda mulher, Praxedes de Sousa Guimarães.
Recebeu no baptismo o nome próprio do avô materno, Bernardino de Sousa Guimarães, capitalista estabelecido em terras brasileiras.
Passou a infância no Brasil até aos nove anos, quando a família se estabeleceu em Joane, concelho de Famalicão. Em 1866 inscreveu-se na Universidade de Coimbra, em Matemática, tendo optado depois por Filosofia. Foi um brilhante aluno, tendo-se doutorado em Coimbra, onde foi professor.
Em 1872 atingiu a maioridade e optou pela nacionalidade portuguesa.
Casou no Porto em 1882 com Elisa Dantas Gonçalves Pereira, também nascida no Brasil, filha do conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, de quem teve 18 filhos.
Política
Durante a monarquia, Bernardino Machado foi deputado pelo Partido Regenerador (1882), par do Reino (1890), e ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria (1893).
Aderiu ao Partido Republicano em 1903.
Com o advento da República foi ministro dos Negócios Estrangeiros e o primeiro embaixador de Portugal no Brasil (1913).
Segunda eleição presidencial
Primeiro escrutínio
- Bernardino Machado 124 votos
- Duarte Leite 33 votos
- Gomes Teixeira 5 votos
- Betencourt Rodrigues 1 voto
- Belo de Morais 1 voto
- Afonso Costa 1 voto
- Jacinto Nunes 1 voto
- Votos brancos 4
Segundo escrutínio
- Bernardino Machado: 148 votos
- Duarte Leite: 5
- Betencourt Rodrigues:1
- Votos brancos: 6.
ACTIVIDADE PÓS-PRESIDENCIAL
Depois de entregar os poderes presidenciais ao almirante Mendes Cabeçadas em 31 de Maio, manteve-se em Portugal até às derrotas das revoltas de 3 e 7 de Fevereiro de 1927, sendo então novamente expulso do País. Exilado primeiro na Galiza e posteriormente em França, continuou a lutar contra o regime vigente em Portugal.
Foi autorizado a regressar em Junho de 1940, na altura em que as forças nazis invadem a França. Proibido de residir em Lisboa, fixou residência no Alto Douro onde veio a falecer, em 28 de Abril de 1944, dia do 55.º aniversário de Oliveira Salazar.
OBRAS PRINCIPAIS
A sua obra literária é vasta e reconstitui o percurso das diversas actividades a que o autor se dedicou. Assim, A Introdução à Pedagogia, escrito em 1892, O Ensino, de 1898, O Ensino Primário e Secundário, de 1899, e O Ensino Profissional, de 1900, estabelecem as conclusões acerca da sua experiência pedagógica.
Pela Liberdade, de 1900, Da Monarquia para a República, 1903, Conferências Políticas, 1904, Pela República, 1908, A Irresponsabilidade Governativa e as Duas Reacções Monárquica e Republicana, de 1924, reflectem o seu pensamento político.
O Ministério das Obras Públicas, 1893, A Indústria, 1898, A Agricultura, 1900, Os Meios de Comunicação e o Comércio, 1903, No Exílio, 1920, são exemplos que vêm corroborar aquilo que se acaba de dizer.
* SITE OFICIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
* WIKIPÉDIA
ANTÓNIO MARIA DA SILVA
António Maria da Silva (1872 - 1950) foi um político português. Engenheiro de Minas pela Escola do Exército, foi um dos membros da Alta-Venda que dirigia a organização revolucionária republicana Carbonária Portuguesa, tendo-se exilado em Espanha, quando as suas actividades foram descobertas.
Depois da implantação da República foi director-geral interino da estatística e administrador-geral dos Correios.
Cargos
Ocupou muitos e variados cargos políticos:
- Deputado às Constituintes e mais tarde Ministro do Fomento nos governos de Afonso Costa, de 1913 a 1914 e de 1915 a 1916
- Ministro do Trabalho e da Previdência Social, no ministério da União Sagrada, presidido por António José de Almeida, de 16 de Março de 1916 a 25 de Abril de 1917.
- Ministro das Finanças, no governo de Sá Cardoso, de 3 a 15 de Janeiro de 1920.
- Primeiro Ministro (Presidente do Ministério) entre 26 de Junho de 1920 e 19 de Julho de 1920.
- Primeiro Ministro (Presidente e Ministro do interior), de 7 de Fevereiro de 1922 a 15 de Novembro de 1923.
- Ministro da Instrução Pública (interino), de 23 de Junho de 1923 a 2 de Julho de 1923
- Primeiro Ministro (Presidente e Ministro da Guerra), de 1 de Julho a 1 de Agosto de 1925.
- Primeiro Ministro (Presidente e Ministro do Interior), entre 18 de Dezembro de 1925 a 30 de Maio de 1926.
BERNARDINO MACHADO - Curiosidades
* Na escola redigiu um jornal manuscrito "A BALANÇA DA JUSTIÇA"
* Privou com Antero de Quental e Eça de Queiroz *
*Na livraria Bertrand no Chiado tendo o costume de cumprimentar toda a gente, estendeu também a mão a um inglês, presente na roda de amigos seus conhecidos. Este observou-lhe que não tinha ainda a honra de o conhecer. Bernardino respondeu-lhe de imediato: - Ah sim? Julguei que já lhe tinha dado essa honra.
*A biblioteca pessoal de Bernardino tinha dezenas de milhar de títulos. Com as sucessivas mudanças de residência, eram os filhos que passavam muitas horas a ajudar o pai a desencaixotar, a limpar o pó e a arrumar os livros nas prateleiras da nova casa.
in "www.patrimoniodefamalicao.org"
ALVES DOS REIS
Artur Virgílio Alves dos Reis (Lisboa, 3 de Setembro de 1898 — 9 de Julho de 1955) foi certamente o maior burlão da história portuguesa e possivelmente um dos maiores do Mundo. Foi o cabecilha da maior falsificação de notas de banco da História: as notas de 500 escudos, efígie Vasco da Gama, em 1925.
Inícios
Filho de uma família modesta—o pai era cangalheiro, tinha problemas financeiros e acabou por ser declarado insolvente—Alves Reis quis estudar engenharia. Efectivamente, começou o primeiro ano do curso, mas abandonou-o para casar com Maria Luísa Jacobetty de Azevedo, no mesmo ano em que a casa comercial do pai faliu. Em 1916, emigrou para Angola, para tentar fazer fortuna e assim escapar às humilhações que lhe eram impostas pela abastada família de Luísa, devido à diferença de condição social. Começa como funcionário público nas obras públicas de esgotos.
Para ir para Angola, fez-se passar por engenheiro, depois de ter falsificado diploma de Oxford, aliás de uma escola politécnica de engenharia que nem sequer existia: a Polytechnic School of Engineering. De acordo com esse diploma falsificado, teria estudos de ciência da engenharia, geologia, geometria, física, metalurgia, matemática pura, paleografia, engenharia eléctrica e mecânica, mecânica e física aplicadas, engenharia civil geral, engenharia civil e mecânica, engenharia geral, design mecânico e civil. Ou seja, quase tudo...
Com um cheque sem cobertura, comprou a maioria das acções da companhia dos Caminhos de Ferro Transafricanos de Angola, em Moçâmedes. Tornou-se rico e ganhou prestígio.
O caso Ambaca
De volta a Lisboa em 1922, compra uma empresa de revenda de automóveis americanos. Depois tenta apoderar-se da Companhia Ambaca. Para o conseguir, passou cheques sem cobertura e usou depois o dinheiro da própria Ambaca para cobrir os cheques sobre a sua conta pessoal. No total, apropriou-se ilegitimamente de 100 mil dólares americanos. Com esse dinheiro comprou também a Companhia Mineira do Sul de Angola. No entanto, antes de controlar toda a Ambaca, foi descoberto e preso no Porto, em Julho de 1924, por desfalque. Foi acusado também de tráfico de armas.
O caso das notas Vasco da Gama
Foi durante o tempo da prisão — só esteve preso 54 dias e foi libertado em 27 de Agosto de 1924 por pormenores processuais — que concebeu o seu plano mais ousado. A sua ideia era falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal – o banco central emissor de moeda, e que na altura era uma instituição parcialmente privada – que lhe permitiria obter notas ilegítimas mas impressas numa empresa legítima e com a mesma qualidade das verdadeiras.
Em 1924, Alves dos Reis contactou vários cúmplices e outros colaboradores de boa-fé para pôr o seu plano em marcha. Entre os seus cúmplices e colaboradores encontrava-se o financeiro holandês Karel Marang van Ijsselveere; Adolph Hennies, um espião alemão; Adriano Silva; Moura Coutinho; Manuel Roquette e especialmente José Bandeira. Um pormenor importante era que José Bandeira era irmão de António Bandeira, o embaixador português em Haia.
Alves dos Reis preparou um contrato fictício e conseguiu que este contrato fosse reconhecido notarialmente. Através de José Bandeira, obteve também a assinatura de António Bandeira. Conseguiu ainda que o seu contrato fosse validado pelos consulados da Inglaterra, da Alemanha e França. Traduziu o contrato em francês e falsificou assinaturas da administração do Banco de Portugal.
Através de Karel Marang, dirigiu-se a uma empresa de papel-moeda holandesa, mas esta remeteu-os para a empresa britânica Waterlow & Sons Limited de Londres, que era efectivamente a casa impressora do Banco de Portugal. Em 4 de Dezembro de 1924, Marang explicou a sir William Waterlow que, por razões políticas, todos os contactos ligados à impressão das novas notas deveriam ser feitos com a maior das discrições. O alegado objectivo das notas era conceder um grande empréstimo para o desenvolvimento de Angola. Cartas do Banco de Portugal para a Waterlow & Sons Limited foram também falsificadas por Alves dos Reis. William Waterlow escreveu uma carta confidencial ao governador do Banco de Portugal Inocêncio Camacho Rodrigues em que referia os contactos com Marang. Mas, aparentemente, a carta extraviou-se.
No caderno de encargos de impressão das notas, estipulava-se que estas viriam a ter posteriormente a sobrecarga Angola dado que, como se disse acima, alegadamente se destinariam a circular aí. Por essa razão, as notas tinham números de série de notas já em circulação em Portugal.
Waterlow & Sons Limited imprimiu assim 200 mil notas de valor nominal 500 escudos (no total quase 1% do PIB português de então), efígie Vasco da Gama chapa 2, com a data de 17 de Novembro de 1922. O número total de notas falsas de 500 escudos era quase tão elevado como o de notas legítimas. A primeira entrega teve lugar em Fevereiro de 1925, curiosamente cerca de um ano depois das notas verdadeiras de 500 escudos, efígie Vasco da Gama terem começado a circular. As notas passavam de Inglaterra a Portugal, com a ajuda dos seus cúmplices, José Bandeira, que utilizava as vantagens diplomáticas de seu irmão, Karel Marang e ligações ao cônsul da Libéria em Londres.
Alves dos Reis, embora o mentor da fraude e o falsificador de todos os documentos, ficava só com 25% das notas. Ainda assim, com esse dinheiro fundou o Banco de Angola e Metrópole em Junho de 1925. Para obter o alvará de abertura deste banco, recorreu também a diversas outras falsificações. Investiu na bolsa de valores e no mercado de câmbios. Comprou também o Palácio do Menino de Ouro (actualmente o edifício em Lisboa do British Council) ao milionário Luís Fernandes. Adquiriu três quintas e uma frota de táxis. Além disso, gastou uma avultadíssima soma em jóias e roupas caras para a sua mulher quando das estadias em Paris no Hotel Claridge, e para a amante de José Bandeira, Fie Carelsen, uma actriz holandesa. Compraram uns fantástico Hispano-Suiza. Tentou também comprar o Diário de Notícias.
O objectivo de Alves dos Reis era afinal comprar acções, e conseguir controlar o próprio Banco de Portugal, de forma a cobrir as falsificações e abafar qualquer investigação. Durante o Verão de 1925, directamente ou através de diversos "testa-de-ferro", comprou sete mil acções do Banco de Portugal. No final de Setembro já tinha nove mil acções, e no final de Novembro dez mil. Seriam necessárias 45 mil acções para controlar o banco central.
Burla revelada
Ao longo de 1925 começaram a surgir rumores de notas falsas, mas os especialistas de contrafacção dos bancos não detectaram nenhuma nota que parecesse falsa. A partir de 23 de Novembro de 1925, Alves dos Reis e os negócios pouco transparentes do Banco de Angola e Metrópole começam a atrair a curiosidade dos jornalistas de O Século – o mais importante diário português de então. O que os jornalistas tentavam perceber era como era possível que o Banco de Angola e Metrópole concedesse empréstimos a taxas de juro baixas, sem precisar de receber depósitos. Inicialmente pensou-se que se tratava de uma táctica alemã — para perturbar o país e obter vantagens junto da colónia angolana.
A burla é publicamente revelada em 5 de Dezembro de 1925 nas páginas de O Século. No dia anterior, o Banco de Portugal enviara para o Porto o inspector do Conselho do Comércio Bancário João Teixeira Direito para investigar os vultuosos depósitos pelo Banco de Angola e Metrópole em notas de 500$00 novas na firma cambista Pinto da Cunha. Só a altas horas conseguem detectar uma nota duplicada, com o mesmo número de série, nos cofres da delegação do Porto do Banco Angola e Metrópole. Depois, como são dadas instruções para que as agências bancárias ponham as notas em cofre por ordem de número, para controlar duplicações, muitas mais notas com números repetidos apareceram.
O património do Banco de Angola e Metrópole foi confiscado e obtidas provas junto da Waterlow & Sons Limited. Alves dos Reis é preso a 6 de Dezembro, quando se encontrava a bordo do "Adolph Woerman" ao regressar de Angola. Tinha 28 anos no momento da prisão. Adolph Hennies, que estava consigo, fugiu.
A maior parte dos seus associados são presos .
Julgamento e prisão
Alves dos Reis esteve preso, aguardando julgamento, desde 5 de Dezembro de 1925 até 8 de Maio de 1930. Durante esse tempo conseguiu convencer um juiz de instrução que a própria administração do Banco de Portugal estava implicada na fraude, tendo falsificado documentos na prisão e tentado suicidar-se.
Foi finalmente julgado em Lisboa no Tribunal de St.ª Clara em Maio de 1930, e condenado a 20 anos: 8 de prisão e 12 de degredo ou, em alternativa, 25 anos de degredo. Durante o julgamento, alegou que o seu objectivo era simplesmente desenvolver Angola. Na prisão, converteu-se ao protestantismo. Foi libertado em Maio de 1945. Foi-lhe oferecido um emprego de empregado bancário; recusou. Ainda veio a ser condenado por uma burla de venda de café de Angola, mas já não cumpre a pena. Morreu de ataque cardíaco em 9 de Junho de 1955, pobre.
José Bandeira teve idêntica condenação. Morreu em 9 de Junho 1957, sem fortuna. Hennies fugiu para Alemanha. Reapareceu mais tarde, sob o seu verdadeiro nome, Hans Döring. Morreu em 1957, sem fortuna. Karel Marang foi preso e julgado na sua Holanda natal, mas sentenciado a 11 meses de cadeia. Posteriormente, naturalizou-se francês e terminou os seus dias, muito rico, em Cannes.
Epílogo
O escudo, a moeda portuguesa, teve perturbações cambiais e perdeu muito da sua credibilidade. As notas de 500 escudos começaram a ser retiradas de circulação a 7 de Dezembro de 1925.
A 6 de Dezembro, o Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos. Inicialmente a troca das notas foi autorizada até 26 de Dezembro. Durante estes 20 dias, saíram de circulação 115 mil notas legítimas ou não. No entanto, em Abril de 1932, o Banco de Portugal determinou que fossem abonadas aos portadores de reconhecida boa fé as notas de 500 escudos (...), quer sejam autênticas, quer façam parte das que foram entregues por Waterlow & Sons a Marang e seus cúmplices. Isso implicou um enorme prejuízo para o Banco Central.
Na verdade, um pequeno grupo de notas – a que se veio a chamar notas camarão – foram recusadas para troca pelo Banco de Portugal. O nome provinha de terem sido banhadas numa solução de ácido cítrico, com o objectivo de as livrar do cheiro de tinta fresca. O resultado foi uma ligeira descoloração, resultando numa cor semelhante ao daquele marisco.
De acordo com a lei portuguesa, as notas retiradas de circulação em 1925 puderam ser trocadas no Banco de Portugal até 1995. Naturalmente que esta prescrição não era relevante dado que o valor de colecção das notas (legítimas e falsas) a partir dos anos 50 passou a ser muito superior ao seu valor facial.
A fraude criou uma enorme crise de confiança na população em relação aos poderes públicos. Embora os desenvolvimentos desse período sejam complexos, essa crise pode ter facilitado a revolução de 28 de Maio de 1926, que derrubou o presidente da República Bernardino Machado e deu origem à ditadura e, a partir de 1932, ao Estado Novo de Salazar.
O Banco de Portugal processou a Waterlow & Sons nos tribunais londrinos: um dos mais complexos casos da história judiciária britânica até então. Sir William Waterlow foi demitido de presidente da casa impressora em Julho de 1927. Em 1929, foi eleito presidente da câmara (mayor) de Londres. O caso foi resolvido em 28 de Abril de 1932. A mesma pagou uma indemnização ao Banco de Portugal e faliu.
Em 27 de Outubro de 2005 decorreu um leilão com umas das notas falsas de Alves dos Reis com base de licitação estimada no valor de 6 500 euros.
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