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03/01/2010
4 - FRASES DE 2009
NÃO SE RESOLVE O PROBLEMA DA SIDA COM A DISTRIBUIÇÃO DE PRESERVATIVOS. PELO CONTRÁRIO, O SEU USO AGRAVA O PROBLEMA
BENTO XVI em visita pastoral a Angola
D. MIGUEL I
D. Miguel I Monarca de Portugal | |
D. Miguel I, Rei de Portugal | |
Ordem: | 31.º Monarca de Portugal |
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Cognome(s): | O Absolutista O Tradicionalista O Usurpador (pelos liberais) O Sacrificado (pelos absolutistas) |
Início do Reinado: | 11 de Julho de 1828 |
Término do Reinado: | 26 de Maio de 1834 |
Aclamação: | Palácio da Ajuda,11 de Julho de 1828 |
Predecessor(a): | D. Maria II |
Sucessor(a): | D. Maria II |
Pai: | D. João VI |
Mãe: | D. Carlota Joaquina |
Data de Nascimento: | 26 de Outubro de 1802 |
Local de Nascimento: | Palácio de Queluz, Portugal |
Data de Falecimento: | 14 de Novembro de 1866[1] |
Local de Falecimento: | Jagdschloss Karlshöhe (Esselbach, Baviera) |
Local de Enterro: | Convento dos Franciscanos de Engelberg, Alemanha |
Consorte(s): | D. Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg, |
Príncipe Herdeiro: | D. Miguel II (no exílio) |
Dinastia: | Bragança |
D. Miguel I de Portugal (nome completo: Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e Bourbon; Queluz, 26 de Outubro de 1802 - Esselbach, Baviera, 14 de Novembro de 1866) foi o terceiro filho do rei Dom João VI de Portugal.
Dúvidas sobre a paternidade
Algumas fontes sugerem que D. Miguel seria fruto das alegadas ligações adúlteras de sua mãe, Carlota Joaquina. Aparentemente, o próprio D. João VI teria confirmado não ter tido relações sexuais com a sua esposa durante mais de dois anos e meio antes do nascimento de D. Miguel, tempo durante o qual D. João e Carlota Joaquina terão vivido em guerrilha conjugal, permanente conspiração e só se encontravam em raras ocasiões oficiais.
Segundo esta teoria, D. Miguel poderia ter sido filho do marquês de Marialva (com quem se assemelhava fisicamente), ou do jardineiro do palácio da rainha, ou de um outro serviçal do Ramalhão (o palácio localizado perto de Sintra, onde Carlota Joaquina vivia separada de seu real esposo).
Os defensores desta teoria não conseguem contudo explicar o porquê de D. João, se tinha de facto dúvidas quanto à paternidade de D. Miguel, ter reconhecido este último como seu filho. Repudiando D. Miguel, o monarca teria a mais soberana das oportunidades de anular o seu casamento com Dª Carlota Joaquina. Se não o fez, é lícito afirmar que não tinha quaisquer dúvidas quanto à paternidade de D. Miguel e que essas dúvidas são fruto de meros mexericos sem base sólida e muito explorados por alguma propaganda pró-liberal e por alguns monárquicos da actualidade que pretendem privar os descendentes de D. Miguel da condição de pretendentes ao trono de Portugal.
Por outro lado, dado que as dúvidas sobre a paternidade de D. Miguel acima referidas têm como base fundamental as memórias de Laure Permon, mulher de Junot, onde sobressai uma profunda antipatia pela Corte Portuguesa e por Carlota Joaquina, a sua veracidade torna-se mais duvidosa ainda. É um facto que, ao longo da História, são inúmeros os casos em que a fidelidade conjugal de reis e rainhas é posta em causa, mas, neste caso específico, esta veracidade torna-se ainda mais remota se atendermos também ao facto de que nenhum dos historiadores liberais de referência do período pós-miguelista (Luz Soriano e Alexandre Herculano) coloca em dúvida a paternidade de D. Miguel, mesmo apesar de terem sido seus inimigos confessos e de inclusivamente terem combatido contra ele durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).
Rei
Foi rei de Portugal entre 1828 e 1834, cobrindo o período da Guerra Civil Portuguesa (1831-1834), embora, segundo os pedristas, tenha sido um usurpador do título monárquico de sua sobrinha D. Maria da Glória. Por seu turno, os miguelistas contrapunham que D. Pedro I do Brasil perdera o direito à Coroa Portuguesa e, por isso, a designar um seu sucessor (no caso, sua filha, Dona Maria da Glória) desde o momento em que erguera armas contra Portugal, declarara a independência do Brasil e se tornara Imperador desse novo país. Com efeito, de acordo com as Leis Fundamentais do Reino, um príncipe-herdeiro que levantasse armas contra Portugal ou ascendesse ao trono de um estado estrangeiro, perderia o direito ao trono português. D. Miguel seria assim o legítimo sucessor de D. João VI, vindo a ser legitimado pelas Cortes, em 1828, em conformidade com as Leis tradicionais vigentes antes e após a revolta liberal de 1820.
Assim, para os pedristas, D. Miguel passou à história como o Absolutista ou o Usurpador (por alegadamente ter arrebatado o trono que seria de sua sobrinha), enquanto os miguelistas lhe atribuem o cognome de o Tradicionalista (por ter sido aclamado em Cortes, no respeito da Tradição legal portuguesa).
Antes de ascender ao trono - uma vez que o primeiro filho de D. João VI, o Infante Antônio Francisco de Assis de Bragança e Bourbon, Príncipe da Beira falecera na infância - D. Miguel usou os títulos destinados aos secundogénitos de Senhor do Infantado e Duque de Beja; foi ainda feito pelo seu pai Conde de Samora Correia, na sequência da Vilafrancada; após o período do seu reinado efectivo, já no exílio, usou o título de Duque de Bragança, com os demais subsidiários (marquês de Vila Viçosa, conde de Arraiolos, de Barcelos, de Neiva e de Ourém).
Ideologia
D. Miguel era um homem de ideais católicos e tradicionalistas, os quais defendia com frontalidade. Era pouco popular entre a burguesia, mais aberta à influência do ideário liberal, mas gozava de grande popularidade entre o povo, que, caído na miséria após as guerras contra Espanha e França, via num rei forte a figura de um salvador. A isto acresce que era a Igreja quem muitas vezes matava a fome do elevadíssimo número de mendigos e deserdados de mais de 30 anos de guerras, pelo que a inimizade dos liberais face a esta instituição terá levado a que o povo se colocasse ainda mais do lado miguelista.
D. Miguel era também um admirador do chanceler Metternich da Áustria, embora afirmasse não ser adepto de uma monarquia absoluta mas apenas pretender libertar Portugal das influências estrangeiras, principalmente das ideias da Maçonaria, que considerava nefastas.
Na década de 1820, D. Miguel liderou um movimento militar contra as forças parlamentares - a Vilafrancada - de que vem a resultar a dissolução das Câmaras e o restabelecimento do poder régio absoluto (independente) de seu pai, D. João VI, que nomeou seu filho "Generalíssimo e chefe do Exército". A reacção dos parlamentaristas organizou-se e projectou destronar o rei e restabelecer a Constituição de 1822, ao que D. Miguel respondeu com o que veio a ficar conhecido pela Abrilada. Em 30 de Abril de 1824, D. Miguel tenta travar a conspiração convocando as tropas de todos os quartéis de Lisboa. O corpo diplomático, contudo, intervém levando D. João VI para bordo do navio de guerra inglês HMS Windsor Castle, onde pressionam o rei a demitir D. Miguel do comando do Exército e a ordenar o seu exílio [8].
Dois anos depois, quando o rei D. João VI morre, D. Miguel estava ainda exilado na corte de Viena de Áustria. Morto o rei D. João VI, a regência de D. Isabel Maria, em Lisboa, considerou que o imperador do Brasil, D. Pedro, seria o herdeiro do trono de Portugal. No Brasil, o imperador D. Pedro é chamado a assumir o trono português, mas este abdica em favor de sua filha mais nova, D. Maria da Glória (depois D. Maria II) e outorga uma Carta Constitucional ao reino de Portugal.
Para poder voltar a Portugal, D. Miguel aceita então ficar noivo da sobrinha, D. Maria da Glória e, para poder ser nomeado Regente na menoridade desta, jura a Carta Constitucional de 1826 perante a corte austríaca, com "reserva de todos os seus direitos" e a expressa determinação de esta ser previamente aceite pelos Três Estados do reino, conforme seu decreto de outorga. À sua chegada a Lisboa D. Miguel repete, nos mesmos termos, o juramento de fidelidade à Carta e à rainha, sua prometida mulher. Pouco depois, convoca a reunião dos Três Estados do reino em Cortes, para decidir a sucessão no trono de Portugal.
Em 23 de Junho de 1828, é proclamado Rei pelas Cortes Gerais do Reino, que anulam a vigência da Carta Constitucional e repõem as Leis constitucionais tradicionais. Foi reconhecido pelo Papa, Espanha e Estados Unidos da América, ficando as restantes potências na expectativa, mas aceitando porém tratar com o seu governo enquanto entidade que "de facto" exercia o poder político sobre a quase totalidade do território nacional.
A não aceitação da decisão das Cortes Gerais pelo seu irmão D. Pedro e pelos liberais desencadeou a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) entre miguelistas e pedristas.
D. Miguel tentou o reconhecimento internacional para seu regime, tendo até 1830 a simpatia da França e da Inglaterra. Porém, naquele ano, grandes mudanças ocorrem na conjuntura europeia: na França uma rebelião colocara no trono Luís Felipe em lugar de Carlos X; no Reino Unido, caíra o governo do duque de Wellington, antes que fosse concedido o reconhecimento a D. Miguel como monarca. A acção diplomática de Metternich, cujo soberano era sogro de D. Pedro, e pretendia que a sua neta, Habsburgo por sua mãe, estivesse no trono de Lisboa, começou também a desenvolver-se contra D. Miguel.
Em 1831, o imperador D. Pedro abdica do trono do Brasil em favor do filho, Pedro II, e parte para a Europa em busca de apoios para a causa de sua filha. Após obter armas e dinheiro, por intermédio de Juan Álvarez Mendizábal, reúne em Inglaterra uma força de aproximadamente sete mil soldados britânicos, regressando a Portugal para liderar em pessoa o partido liberal, na guerra contra os miguelistas. Toma o arquipélago dos Açores, de onde lança ataques navais a Portugal.
Na primavera de 1834, a guerra civil vai entrar em fase decisiva. Em 22 de Abril, pelo tratado de Londres, a Inglaterra e a França decidem pôr fim ao reinado de D. Miguel em Portugal e às pretensões de Carlos María Isidro de Borbón em Espanha. Enquanto o almirante Napier desembarca tropas na Figueira da Foz, avançando por Leiria, Ourém e Torres Novas, o general espanhol José Ramón Rodil y Campillo entra em Portugal através da Beira e Alto Alentejo com uma expedição de 15 mil homens em apoio do partido de D. Pedro e de sua filha D. Maria da Glória. Na batalha de Asseiceira, as forças militares portuguesas são derrotadas pela conjugação das forças estrangeiras aliadas às forças do duque da Terceira, sendo o rei D. Miguel forçado a abdicar em favor de D. Maria II através da Concessão de Évoramonte (26 de Maio de 1834). Parte para o exílio, em Julho do mesmo ano, tendo pernoitado pela última vez em solo português na vila alentejana de Alvalade. Já ao largo da Baía de Cascais, ao embarcar para o exílio, D. Miguel denuncia a Concessão, afirmando que também esta fora firmada sob coacção. Ao fazê-lo, perde voluntariamente o direito à pensão vitalícia que Portugal ficara obrigado a pagar-lhe nos termos daquele acordo, não lhe restando, a partir de então, qualquer fortuna pessoal, visto que já mandara entregar as suas jóias ao irmão, como contribuição para o esforço de reconstrução do País após a guerra. Passou pois a viver da boa-vontade do Papa e dos seus partidários. A oferta do seu tesouro pessoal para ajudar na reconstrução de Portugal suscitou a D. Pedro IV o comentário emocionado: "Isto são mesmo coisas do mano Miguel".
Em 26 de Novembro de 1836, D. Miguel nomeou simbolicamente o chamado "Remexido", líder de um grupo de guerrilheiros e ex-soldados do Algarve e do Alentejo, Governador do Reino do Algarve e Comandante em Chefe Interino de Todas as Tropas Realistas, Regulares e Irregulares do Exército de Operações do Sul, talvez pela fidelidade deste, que manteve a acesa resistência miguelista do território do Algarve até ao norte do Alentejo durante mais de quatro anos após a Concessão.
D. Miguel viveu o resto de sua vida na Alemanha, onde se casou com a Princesa Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg, que lhe deu seis filhas e um filho, Miguel, Duque de Bragança.
D. Miguel I jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, para onde foi transladado juntamente com sua mulher D. Adelaide.
Os dois ramos só se reconciliaram quase um século mais tarde, quando o rei D. Manuel II, não tendo tido filhos, reconheceu os descendentes de D. Miguel como seus sucessores. Entretanto, nesse meio tempo, Portugal já se tornara uma república, em 1910.
Um dos actuais pretendentes ao trono português, D. Duarte Pio de Bragança, é bisneto de D. Miguel I, por legítima varonia.
Descendência
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Nome | Nascimento | Morte | Casamento | |
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Infanta Maria das Neves de Bragança | 1852 | 1941 | Casou-se, em 1871, com o infante Afonso da Espanha, filho do pretendente Carlos de Espanha. | |
Miguel II Maria Carlos de Bragança | 1853 | 1927 | Casou-se em 1877 com a princesa Isabel de Thurn e Taxis, e em 1893 com a princesa Maria Teresa de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg. | |
Infanta Maria Teresa de Bragança | 1855 | 1944 | Casou-se, em 1873, com o arquiduque Carlos Luís da Áustria. | |
Infanta Maria José de Bragança | 1857 | 1943 | Casou-se, em 1874, com Carlos Teodoro, duque da Baviera. | |
Infanta Aldegundes de Bragança | 1858 | 1956 | Casou-se, em 1876, com Henrique de Bourbon-Parma, conde de Bardi. | |
Infanta Maria Ana de Bragança | 1861 | 1942 | Casou-se, em 1893, com o grão-duque Guilherme IV do Luxemburgo. | |
Infanta Maria Antónia de Bragança | 1862 | 1959 | Casou-se, em 1884, com o duque Roberto de Parma. |
D. Miguel teve ainda uma filha de mãe desconhecida, Maria Ana de Assunção de Bragança, gerada ainda enquanto era rei de Portugal (12 de Março de 1831 - Julho de 1897).
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ADELAIDE ROSENBERG
D. Adelaide Sofia Amélia Luísa Joana Leopolodina de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg (em alemão, Adelheid Sophie Amelie Louise Johanne Leopoldine von Löwenstein-Wertheim-Rosenberg), princesa de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg (3 de Abril de 1831 - 16 de Dezembro de 1909), era filha do príncipe Constantino de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg e da princesa Inês de Hohenlohe-Langenburg, dois pequenos principados então existentes na Alemanha.
Casou em 24 de Setembro de 1851, em Kleinheubach, com o exilado rei D. Miguel de Portugal, de quem teve os seguintes filhos:
- Infanta Maria das Neves de Bragança (5 de Agosto de 1852 - 1941), casada em 1871 com o infante Afonso de Espanha, filho do pretendente Carlos de Espanha;
- Miguel II Maria Carlos de Bragança (19 de Setembro de 1853 - 11 de Outubro de 1927), avô do actual duque de Bragança;
- Infanta Maria Teresa de Bragança (24 de Agosto de 1855 - 1944), casada em 1873 com o arquiduque da Áustria Carlos Luís;
- Infanta Maria Josefa de Bragança (19 de Março de 1857 - 11 de Março de 1943), casada em 1874 com Carlos Teodoro, duque da Baviera;
- Infanta Aldegundes de Bragança (10 de Novembro de 1858 - 15 de Abril de 1956), casada em 1876 com Henrique de Bourbon-Parma, conde de Bardi;
- Infanta Maria Ana de Bragança (13 de Julho de 1861 - 1 de Agosto de 1942), casada em 1893 com o Grão-Duque do Luxemburgo Guilherme IV;
- Infanta Maria Antónia de Bragança (28 de Novembro de 1862 - 14 de Maio de 1959), casada em 1184 com o Roberto, Duque de Parma .
Dona Adelaide, juntamente com a Princesa Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen, são as únicas esposas legitimamente casadas com um rei de Portugal que não foram oficialmente rainhas desse reino, uma vez que, à data dos casamentos, os seus respectivos maridos, D. Miguel e D. Manuel II haviam sido depostos. Enviuvando aos 35 anos, professou na Ordem Beneditina, após a educação de seus filhos. Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, juntamente com seu marido D. Miguel para onde foram transladados.
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MARQUÊS DE MARIALVA
Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto marquês de Marialva e oitavo de conde de Cantanhede, (c. 1775 — Paris, 22 de novembro de 1823) foi um nobre e militar português. Serviu como conselheiro de Estado e estribeiro-mor de Dom João VI.
Biografia
Filho do 5° Marquês de Marialva, Pedro entrou para o exército como cadete em outubro de 1786, no mesmo regimento de cavalaria Alcântara, no qual seu pai foi coronel (1777-1796). Depois, ele foi nomeado ajudante-de-ordens do Duque de Lafões, enquanto que seu pai tornou-se o Ajudante General do Exército.
Em 1801, Pedro foi promovido a coronel e a comandante do regimento de cavalaria de Mecklemburgo, preparando o exército português para a Guerra das Laranjas.
Tendo participado na junta que reformou os artigos de guerra do tempo do Conde de Lippe, e que formavam o Código Penal militar, Pedro foi, em setembro de 1802, nomeado diretor do Arquivo Militar para a conservação das cartas militares, geográficas e marítimas, função que manteve até à chegada do exército francês de ocupação, comandado por Junot. Ele fez parte da delegação enviada a França por Junot pra cumprimentar Napoleão, sofrendo por isso as vicissitudes por que esta passou.
Em 1814, Marialva, como embaixador extraordinário, foi encarregado de cumprimentar Luís XVIII, quando esse regressou a França. Manteve-se como embaixador em Paris, tendo também negociado o casamento da arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria com o príncipe D. Pedro, depois Pedro I do Brasil.
O Marquês de Marialva morreu na capital parisiense quando regressava ao seu posto de embaixador, solteiro e sem filhos. As más línguas daquele tempo dizem que ele era amante de Carlota Joaquina, junto com João dos Santos,um rapaz que trabalhava como Jardineiro no palácio da Quinta do Ramalho, um dos dois pode ser o pai de Sangue do Príncipe D. Miguel.
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ALEXANDRE HERCULANO
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobo, Azóia de Baixo, Santarém, 13 de Setembro de 1877) foi um escritor da era do romantismo, um historiador, um jornalista, e um poeta português.
Biografia
Alexandre Herculano nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, em 28 de Março de 1810 numa modesta família de origem popular; a mãe, Maria do Carmo de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público). Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas. Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária.
Com apenas 21 anos, participará, em circunstâncias nunca inteiramente esclarecidas, na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7 500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832,na praia do Mindelo (na verdade, um pouco mais a sul, na praia de Arnosa de Pampelido, um pouco a Norte do Porto - hoje "praia da Memória"), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto. Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar. Passado à disponibilidade pelo próprio D. Pedro IV, foi por este nomeado segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto. Aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa,revista de caráter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a 1839. Em 1842 retomou o papel de redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do Romance Histórico em Portugal no século XIX.
Mas a obra que vai transformar Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero. Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854.
Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 de 1855), cargo que abandona rapidamente. Em 1857, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale Lobos (Azóia, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual - ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos. Em Vale de Lobos, Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara. Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia dupla de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877.
Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial. Descontente com o governo de Miguel I de Portugal, exilou-se na França, onde escreveu os seus melhores poemas. Voltou a Portugal, em 1832, continuou a fazer poesia, como A Voz do Profeta em 1836 e A Harpa do Crente em 1838.
No jornal Panorama por volta de 1840; publicou obras de ficção, como Eurico, o Presbítero de 1844, e ganhou fama como historiador; publicou a História de Portugal, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal.
Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Morreu na sua quinta de Vale de Lobos, Azóia de Baixo, (Santarém) a 13 de Setembro de 1877.
A obra
Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polêmicas da época, que se somam à sua intensa atividade jornalística. A parte mais significativa da obra literária de Herculano se concentra em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao gênero conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX. A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé,entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.
As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da historia da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.
O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. Assim, a partir disto, as narrativas históricas foram gradualmente focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.
Obras
Poesia
Teatro
- O Fronteiro de África ou três noites aziagas (drama histórico português em 3 actos) – (Representou-se em Lisboa, em 1838, no teatro do Salitre, foi editado no Rio de Janeiro em 1862)
- Os Infantes em Ceuta – 1842
Romance
Romance histórico
- O Bobo (1128) – 1843.[3]
- O Monasticon
- Eurico, o Presbítero: Época Visigótica - 1844[4]
- O Monge de Cister; Época de D. João I - 1848
- Lendas e narrativas - 1851
- 1.º tomo: (eBook)
- 2.º tomo: (eBook)
- Destruição de Áuria: Lendas Espanholas (século VIII)[9]
- A Dama Pé de Cabra: Romance de um Jogral (Século XI)[10]
- O Bispo Negro (1130)[11]
- A Morte do Lidador (1170)[12]
- O Emprazado: Crónica de Espanha (1312)[13]
- O Mestre Assassinado: Crónica dos Templários (1320)[9]
- Mestre Gil: Crónica (Século XV) [9]
- Três Meses em Calecut: Primeira Crónica dos Estados da Índia (1498)[14]
- O Cronista: Viver e Crer de Outro Tempo[15]
[editar] História
- História de Portugal: 1.ª época, desde a origem da monarquia até D. Afonso III - 1846-1853
- História das Origens e Estabelecimento da Inquisição em Portugal - 1854/1859
- Portugaliae Monumenta Historica – 1856-1873
Opúsculos
- Opúsculos I: Questões Públicas, Tomo I (eBook)
- A Voz do Profeta (1837)
- Teatro, Moral, Censura (1841)
- Os Egressos (1842)
- Da Instituição das Caixas Económicas (1844)
- As Freiras de Lorvão (1853)
- Do Estado dos Arquivos Eclesiásticos do Reino (1857)
- A Supressão das Conferências do Casino (1871)
- Opúsculos II: Questões Públicas, Tomo II (eBook)
- Monumentos Pátrios (1838)
- Da Propriedade Literária (1851-2)
- Carta à Academia das Ciências (1856)
- Mousinho da Silveira (1856)
- Carta aos Eleitores do Círculo de Cintra (1858)
- Manifesto da Associação Popular Promotora da Educação do Sexo Feminino (1858)
- Opúsculos III: Controvérsias e Estudos Históricos, Tomo I (eBook)
- A Batalha de Ourique:
- I. Eu e o Clero (1850)
- II. Considerações Pacificas (1850)
- III. Solemnia Verba (1850)
- IV. Solemnia Verba (1850)
- V. A Ciência Arábico-Académica (1851)
- Do estado das classes servas na Península, desde o VIII até o XII Século (1858)
- A Batalha de Ourique:
- Opúsculos IV: Questões Públicas, Tomo III (eBook)
- Os Vínculos (1856)
- A Emigração (1870-1875)
- Opúsculos V: Controvérsias e Estudos Históricos, Tomo II (eBook)
- Historiadores portugueses (1839-1840):
- Fernão Lopes
- Gomes Eanes de Azurara
- Vasco Fernandes de Lucena - Rui de Pina
- Garcia de Resende
- Cartas Sobre a História de Portugal (1842)
- Resposta às Censuras de Vilhena Saldanha (1846)
- Carta ao Redactor da Revista Universal
- Da Existência e não Existência do Feudalismo em Portugal (1875-1877)
- Esclarecimentos:
- A. Sortes Góticas
- B. Feudo
- Historiadores portugueses (1839-1840):
- Opúsculos VI: Controvérsias e Estudos Históricos, Tomo IV (eBook)
- Uma Vila-Nova Antiga
- Cogitações Soltas de um Homem Obscuro
- Arqueologia Portuguesa:
- Viagem de Cardeal Alexandrino;
- Aspecto de Lisboa;
- Viagem dos Cavaleiros Tron e Lippomani
- Pouca luz em muitas trevas
- Apontamentos para a historia dos bens da coroa
- Opúsculos VII: Questões Públicas, Tomo IV (eBook)
- Duas Épocas e Dois Monumentos ou a Granja Real de Mafra
- Breves Reflexões Sobre Alguns Pontos de Economia Agrícola
- A Granja do Calhariz
- Projecto de Decreto
- O País e a Nação
- Representação da Câmara Municipal de Belém ao Governo
- Representação da Câmara Municipal de Belém ao Parlamento
- Projecto de Caixa de Socorros Agrícolas
- Sobre a Questão dos Forais
- Opúsculos VIII (eBook)
- Opúsculos IX: Literatura (eBook)
- Qual é o Estado da Nossa Literatura? Qual é o Trilho que Ela Hoje Tem a Seguir?
- Poesia: Imitação—Belo—Unidade
- Origens do Teatro Moderno: Teatro Português até aos Fins do Século XVI
- Novelas de Cavalaria Portuguesas
- Historia do Teatro Moderno: Teatro Espanhol
- Crenças Populares Portuguesas ou Superstições Populares
- A Casa de Gonçalo, Comédia em Cinco Actos: Parecer
- Elogio Histórico de Sebastião Xavier Botelho
- D. Maria Teles, Drama em Cinco Actos: Parecer
- D. Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna
- Opúsculos X
Outras obras
- De Jersey a Granville (1831)
Algumas obras disponíveis em formato digital na Internet
- O Bispo Negro
- O Bobo
- Eurico o Presbítero
- A Harpa do Crente
- Historia da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal
- História de Portugal
- Lendas e Narrativas
- Opúsculos
- Obras de Alexandre Herculano no Project Gutenberg
ALMEIDA GARRETT
Nascimento | 4 de Fevereiro de 1799 Porto, Portugal |
---|---|
Morte | 9 de Dezembro de 1854 Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Escritor, dramaturgo, poeta, político |
Escola/tradição | Romantismo |
João Baptista da Silva Leitão de Almeida e mais tarde visconde de Almeida Garrett, (Porto, 4 de Fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de Dezembro de 1854) foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, Par do Reino, ministro e secretário de Estado honorário português.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
Biografia
Primeiros anos
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799. No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na Ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra. Foi também aí que engravidou sua companheira Luisa Castelo. De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.
Presença nas lutas liberais
Almeida Garrett participou na revolução liberal de 1820, de seguida foi para o exílio na Inglaterra em 1823, após a Vilafrancada. Antes casou-se com uma muito jovem senhora Luísa Midosi, que tinha apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se reflectiriam na sua obra posterior.
Em 1824, pode partir para França e assim o fez, nessa viagem escreveu o muitíssimo conhecido Camões (1825) e Dona Branca (1826)não tão conhecido mas não menos importante, poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal. No ano de 1826 foi chamado e regressou à pátria com os últimos emigrados dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o semanário O Cronista (1827).
Teria de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei absolutista D. Miguel. Ainda no ano de 1828 perdeu a sua filha recém-nascida. Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828).
Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.
Vida política
A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde lê Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett afasta-se da vida política até 1852. Contudo, em 1850 subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.
Garrett sedutor
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dândi, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos.Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal. Separado da esposa, Luisa Midosi, com quem se casou, em 1822, quando esta tinha 14 anos de idade, passa a viver em mancebia com D. Adelaide Pastor até a morte desta, em 1841.
A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, andaluza casada, desde 1837, com o oficial do exército português Joaquim António Velez Barreiros, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas caídas.
Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal datado de 25 de Junho de 1851 Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta do Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de Saldanha.
Falece em 1854, vítima de cancro, em Lisboa, na sua casa situada na actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique.
Obras
Teatro
Dá início ao seu projecto de regeneração do teatro português, levando à cena em 1838 Um Auto de Gil Vicente, pouco antes Filipa de Vilhena e, em 1842, O Alfageme de Santarém, todas sobre temas da história de Portugal.
Em 1844 é publicada a sua obra-prima, Frei Luís de Sousa, que um crítico alemão, Otto Antscherl, considerou a "obra mais brilhante que o teatro romântico produziu". Estas peças marcam uma viragem na literatura portuguesa não só na selecção dos temas, que privilegiam a história nacional em vez da antiguidade clássica, como sobretudo na liberdade da acção e na naturalidade dos diálogos.
Prosa
Em 1843, Garrett publica o Romanceiro e o Cancioneiro Geral, colectâneas de poesias populares portuguesas, e em 1845 o primeiro volume d'O Arco de Santana (o segundo apareceria em 1850), romance histórico inspirado por Notre Dame de Paris de Victor Hugo. Esta obra seduz não só pela recriação do ambiente medieval do Porto, mas sobretudo pela qualidade da prosa,longe das convenções anteriores e muito mais próxima da linguagem falada.
A obra que se lhe seguiu deu expressão ainda mais vigorosa a estas tendências: Viagens na minha terra, livro híbrido em que impressões de viagem, de arte, paisagens e costumes se entrelaçam com uma novela romântica sobre factos contemporâneos do autor e ocorridos na proximidade dos lugares descritos (outra inovação para a época, em que predominava o romance histórico). A naturalidade da narrativa disfarça a complexidade da estrutura desta obra, em que alternam e se entrecruzam situações discursivas, estilos, narradores e temas muito diversos.
Poesia
Na poesia, Garrett não foi menos inovador. As duas coletâneas publicadas na última fase da sua vida (Flores sem fruto, de 1844, e sobretudo Folhas Caídas, de 1853) introduziram uma espontaneidade e uma simplicidade praticamente desconhecidas na poesia portuguesa anterior.
Ao lado de poemas de exaltada expressão pessoal surgem pequenas obras-primas de singeleza ímpar como «Pescador da barca bela», próximas da poesia popular quando não das cantigas medievais. A liberdade da metrificação, o vocabulário corrente, o ritmo e a pontuação carregados de subjectividade são as principais marcas destas obras.
Cronologia das obras
- Primeiras edições ou representações
- 1819 Lucrécia
- 1821 O Retrato de Vénus; Catão (representação); Mérope (representação)
- 1822 O Toucador
- 1825 Camões
- 1826 Dona Branca
- 1828 Adozinda
- 1829 Lírica de João Mínimo; Da Educação (ensaio)
- 1830 Portugal na Balança da Europa (ensaio)
- 1838 Um Auto de Gil Vicente
- 1841 O Alfageme de Santarém (1842 segundo algumas fontes)
- 1843 Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomo 1; Frei Luís de Sousa (representação)
- 1845 O Arco de Sant'Ana - tomo 1; Flores sem fruto
- 1846 Viagens na minha terra; D. Filipa de Vilhena (inclui Falar Verdade a Mentir e Tio Simplício)
- 1848 As profecias do Bandarra; Um Noivado no Dafundo; A sobrinha do Marquês
- 1849 Memória Histórica de J. Xavier Mouzinho da Silveira
- 1850 O Arco de Sant'Ana - tomo 2;
- 1851 Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomos 2 e 3
- 1853 Folhas Caídas
- 1871 Discursos Parlamentares e Memórias Biográficas (antologia póstuma)
[editar] Publicações periódicas
- 1827 O cronista
Bibliografia ordenada e completa
Poemas
- Hino Patriótico, poema. Porto, 1820
- Ao corpo académico, poema. Coimbra 1821
- Retrato de Vénus, poema Coimbra, 1821
- Camões, poema. Paris, 1825
- Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Paris, 1826 (pseud. de F. E.)
- Adozinda, poema. Londres, 1828
- Lyrica de João Mínimo. Londres, 1829
- Miragaia, poesia. Lisboa, 1844
- Flores sem Fruto, poesia. Lisboa, 1845
- Os Exilados, À Senhora Rossi Caccia , poesia. Lisboa, 1845
- Folhas Caídas, poesia. Rio de Janeiro e depois Lisboa,1853
- Camões, poema. 4ª ed. revista, com estudo de Camilo Castelo Branco. Porto, 1854
- Obras póstumas
- Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Porto Alegre, 1859
- Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Nova York, 1860
- Bastardo do Fidalgo, poema. Porto, 1877
- Odes Anacreônticas: Ilha Graciosa. Évora, 1903
- A Anália, poesia inédita de Garrett. Lisboa 1932 (redac., Porto 1819)
- Magriço ou Os Doze de Inglaterra, poema. Coimbra, 1948
- Roubo das Sabinas, poemas libertinos I. Lisboa, 1968
- Afonseida, ou Fundação do Império Lusitano, poema. Lisboa 1985 (pseud.: Josino Duriense, redac., Angra 1815-16)
- Poesias Dispersas. Lisboa, 1985
- Magriço e os Doze de Inglaterra, poema incompleto, Lisboa, 1914
Peças teatrais
- Catão, tragédia. Coimbra, 1822
- Catão, tragédia. Londres, 1830
- Catão, tragédia. Rio de Janeiro, 1833
- Mérope, tragédia. Lisboa, 1841
- O Alfageme de Santarém ou A Espada do Condestável. Lisboa, 1842
- Um Auto de Gil Vicente. Lisboa, 1842
- Frei Luís de Sousa, 1843 (eBook)
- Dona Filipa de Vilhena, comédia. Lisboa, 1846
- Falar Verdade a Mentir, comédia. Lisboa 1846
- A Sobrinha do Marquês, 1848
- Camões do Rossio, comédia. Lisboa, 1852 (co-autoria de Inácio Feijó)
- Obras póstumas
- Um noivado no Dafundo ou cada terra com seu uso cada roca com seu fuso: provérbio n'um acto. 1ª ed. Lisboa, 1857 (redac., Lisboa, 1847)
- Átala, drama. Lisboa, 1914 (redac., Coimbra 1817),
- Lucrécia, tragédia, Lisboa, 1914
- Afonso de Albuquerque, tragédia; Lisboa, 1914
- Sofonisba, tragédia; Lisboa, 1914
- O Amor da Pátria, elogio dramático; Lisboa, 1914
- La Lezione Agli Amanti, ópera bufa; Lisboa, 1914
- Conde de Novion, comédia; Lisboa, 1914
- Édipo em Colona, tragédia. Lisboa, 1952 (redac.: Porto 1820)
- Ifigénia em Tauride, tragédia. Lisboa, 1952 (redac., Angra do Heroísmo 1816)
- Falar Verdade a Mentir, comédia. Rio de Janeiro, 1858
- As Profecias do Bandarra, comédia. Lisboa, 1877 (redac., Lisboa 1845)
- Os Namorados Extravagantes, drama. Coimbra 1974 (redac., Sintra 1822)
- Impronto de Sintra, comédia. Lisboa, Guimarães, Libanio, ???? (redac., Sintra, 1822)
Artigos, ensaios, biografias e folhetos
- Proclamações Académicos, Coimbra, 1820, folhetos
- O Dia Vinte e Quatro de Agosto, ensaio político. Lisboa, 1821, 53 p.
- Aos Mortos no Campo da Honra de Madrid, folheto. Lisboa, Jornal da Sociedade Literária Patriótica, 1822
- Da Europa e da América e de Sua Mútua Influência na Causa da Civilização e da Liberdade, ensaio político. Londres 1826
- Da Educação. Londres, 1829
- Portugal na Balança da Europa: do que tem sido e do que ora lhe convém ser na nova ordem de coisas do mundo civilizado, Londres, 1830
- Relatório dos Decretos nº 22, 23 e 24 (Reorganização da Fazenda, Administração Pública e Justiça). Lisboa, 1832, folheto
- Manifesto das Cortes Constituintes à Nação, folheto. Lisboa, 1837
- Necrologia do Conselheiro Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato, Lisboa, 1838
- Relatório ao Projecto de Lei sobre a Propriedade Literária e Artística, Lisboa, 1839
- Memória Histórica do Conselheiro A. M. L. Vieira de Castro, Lisboa, 1843
- Conselheiro J. B. de Almeida Garrett, autobiografia. Lisboa, 1844
- Memória Historica da Duqueza de Palmella: D. Eugénia Francisca Xavier Telles da Gama, Lisboa, 1845
- Memória Histórica do Conde de Avilez, 1ª ed., Lisboa, 1845
- Da Poesia Popular em Portugal, ensaio literário. Lisboa, 1846
- Sermão pregado na dedicação da capela de Nª Srª da Bonança, folheto, Lisboa, 1847
- A Sobrinha do Marquês, Lisboa, 1848, 176 p.
- Memória Histórica de J. Xavier Mousinho da Silveira, Lisboa, 1849
- Necrologia de D.ª Maria Teresa Midosi, Lisboa, 1950
- Protesto Contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, abaixo-assinado/folheto. Lisboa 1850 (subscrito, à cabeça, por Alexandre Herculano e mais cinquenta personalidades, contra o projecto de «lei das rolhas» apresentado pelo governo)
- Obras póstumas
- Discursos Parlamentares e Memorias Biographicas, Lisboa, Imprensa Nacional, 1871, 438, p.
- Necrologia do Sr. Francisco Krus; Monumento ao Duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein, Lisboa, 1899 (redac., Lisboa, 1839);
- Memórias Biográficas, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1904
- Necrologia à Morte de D. Leocádia Teresa de Lima e Melo Falcão Vanzeler, Lisboa, 1904 (redac., Lisboa, 1848)
- Apontamentos Biográficos do Visconde d'Almeida Garrett, autobiografia. Porto, 1916
- Entremez dos Velhos Namorados que Ficaram Logrados, Bem Logrados, Lisboa, 1954 (redac., 1841)
Romances, cancioneiros e contos
- Bosquejo da História da Poesia e da Língua Portuguesa, Paris, 1826
- Lealdade, ou a Vitória da Terceira, canção. Londres, 1829
- Romanceiro e Cancioneiro Geral, vol. I. Lisboa, 1843
- O Arco de Sant'Ana, romance. Lisboa, na Imprensa Nacional, 1845, vol. 1
- Viagens na Minha Terra, romance. Lisboa, Typ. Gazeta dos Tribunais, 1846, 2 v. (Vol. I (eBook); Vol. II (eBook); 2 vol. juntos (eBook))
- O Arco de Sant'Ana, romance. Lisboa, na Imprensa Nacional, 1850, vol. 2
- Romanceiro e Cancioneiro Geral, vols. II e III, Lisboa 1851
- Obras póstumas
- Helena: fragmento de um romance inédito. Lisboa, 1871
- Memórias de João Coradinho, aventuras picarescas. Lisboa, 1881 (redac., 1825)
- Joaninha dos Olhos Verdes. Lisboa, 1941
- Komurahi - História Brasileira, conto. 1956 (redac., 1825)
- Cancioneiro de romances, xácaras e soláus e outros vestígios da antiga poesia nacional. Lisboa, 1987 (redac., 1824)
Cartas e diários
- Carta de Guia para Eleitores, em Que se Trata da Opinião Pública, das Qualidades para Deputado e do Modo de as Conhecer, ensaio político. Lisboa, 1826
- Carta de M. Cévola ao futuro editor do primeiro jornal liberal que em português se publicar, panfleto político. Londres, 1830 (pseud.: Múcio Cévola)
- Carta sobre a origem da língua portuguesa, ensaio literário. Lisboa, 1844
- Obras póstumas
- Diário da minha viagem a Inglaterra, Lisboa 1881 (redac., Birmingham, 1823
- Cartas a Agostinho José Freire, Lisboa, 1904, 132 p. (redac., Bruxelas, 1834)
- Cartas Íntimas, edição revista, coordenada e dirigida por Teófilo Braga. Lisboa, Empresa da História de Portugal, 1904, 172 p.
- Cartas de Amor à Viscondessa da Luz, Lisboa, 1955
- Correspondência do Conservatório, Lisboa, 1995 (redac.: Lisboa 1836 – 1841)
- Cartas de Amor à Viscondessa da Luz
Discursos
- Oração Fúnebre de Manuel Fernandes Tomás, Lisboa, 1822
- Parnaso Lusitano ou Poesias Selectas de Autores Antigos e Modernos, Paris, 1826-1827, 5 v.
- Elogio Fúnebre de Carlos Infante de Lacerda, Barão de Sabrozo, Londres, 1830
- Da formação da segunda Câmara das Côrtes: discursos pronunciados pelo deputado J. B. de Almeida Garrett nas sessões de 9 a 12 de Outubro de 1837, Lisboa, Imprensa Nacional, 1837
- Discurso do Sr. Deputado pela Terceira J. B. de Almeida Garrett na discussão, Lisboa, 1840
- Discurso do Sr. Deputado por Lisboa J. B. de Almeida Garrett, na discussão da Lei da Decima, Lisboa, 1841
- Discussão da Resposta ao Discurso da Coroa, pronunciado na sessão de 8 de Fevereiro de 1840, Lisboa, 1840
- Elogio Histórico do Sócio Barão da Ribeira de Saborosa, Lisboa, 1843
- Parecer da Comissão sobre a Unidade Literária, Lisboa, 1846 (dito Parecer sobre a Neutralidade Literária, da Associação Protectora da Imprensa Portuguesa, assinado por Rodrigo da Fonseca Magalhães, Visconde de Juromenha, Alexandre Herculano e João Baptista de Almeida Garrett)
- Obras póstumas
- Política: reflexões e opúsculos, correspondência diplomática. Lisboa, 1904, 2 v.
Participação em publicações periódicas
- Toucador - Periódico sem política, dedicado às senhoras portuguesas. Lisboa, 1822 (direcção e redacção)
- Heraclito e Demócrito. Lisboa, 1823
- Português - Diário político, literário e comercial. Lisboa, 1826 – 1827 (direcção e redacção)
- Cronista - Semanário de política, literatura, ciências e artes. Lisboa, 1827 (direcção e redacção)
- Chaveco Liberal. Londres, 1829 (direcção e redacção)
- Precursor. Londres, 1831
- Português Constitucional. Lisboa, 1836 (direcção e redacção)
- Entreacto, Jornal de Teatros. Lisboa, 1837 (fundação, direcção e redacção)
- Jornal do Conservatório. Lisboa, 1841 (fundação)
- Jornal das Belas-Artes. Lisboa, 1843 – 1846 (fundação)
- Ilustração - Jornal Universal. Lisboa, 1845 – 1846 (fundação)
No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à de Camões. A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação, assinalando os aspectos mais fracos da produção garrettiana.
No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett, até pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.
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