15 Agosto 2009 Pensar Alto
Às bandeiras despregadas
A partida (...) apenas corresponde ao estado actual da causa monárquica: touradas e beija-mão.Apoiantes da causa monárquica substituíram a bandeira do município de Lisboa por uma azul e branca. Género brincadeira de carnaval. No gesto não se vislumbra nenhuma tentativa de discutir as ideias do dito projecto e a metodologia para relançar essa questão ultrapassada. A partida nada lhe acrescenta. Apenas corresponde ao estado actual da causa monárquica: touradas e beija-mão.
Enfim, vale o que vale e os seus autores não se levam a sério. Até agora (e bem) também ninguém o tinha feito. Geriu-se a coisa com a transigência que qualquer desobediência civil simbólica e pacífica merece. Afinal, para a República existir, é imprescindível essa respiração e liberdade. Democracia e tolerância. Embora, quando os responsáveis são outros (como activistas sociais), não falte quem chame pela polícia e os chame de fundamentalistas.
Mas, entretanto, o episódio deu bandeira e os alpinistas da varanda camarária foram levados pela PJ e constituídos arguidos. Ou seja, chegaram os devotos da lei e ordem, os beatos do Estado de direito. A desproporção. A paranóia e a perseguição. Mais apatetado do que hastear o trapo azul e branco é esta acção policial. Confirma-se: está-se em plena silly season.
Joana Amaral Dias,
Docente Universitária
(pensaralto@gmail.com)
in "correio da manhã"