Situação económica na ÁSIA

Avizinha-se uma explosão de raiva social na Ásia
Walden Bello* - 24.06.09

À medida que as mercadorias se amontoam nos portos de Banguecoque a Xangai e os trabalhadores são despedidos em números recorde, os cidadãos do Sudeste asiático começam a compreender que, não só estão a experimentar um agravamento das suas condições económicas, como estão também a viver o fim duma era.


Durante 40 anos, a vanguarda da economia da região foi a industrialização com vista à exportação (EOI, na sigla em inglês). Taiwan e a Coreia do Sul foram os primeiros a adoptar esta estratégia de crescimento, a meados dos anos sessenta, quando o ditador coreano Park Chung-Hee convenceu os empresários do seu país a exportarem, recorrendo, entre outras medidas, ao corte de electricidade das suas fábricas caso se negassem a acatar a ordem.

O êxito da Coreia e de Taiwan convenceu o Banco Mundial de que a EOI era o futuro.

A meados dos anos setenta, o então presidente do Banco Mundial, Robert McNamara, consagrou-a como doutrina, manifestando que «em muitos países devem ser desenvolvidos esforços especiais para afastar a sua indústria produtora dos pequenos mercados, associados à substituição de importações, aproximando-a das melhores oportunidades, oferecidas pela promoção das exportações».

A EOI converteu-se num dos pontos-chave do consenso entre o Banco Mundial e os governos do Sudeste asiático. Aperceberam-se ambos que a industrialização com vista à importação só podia prosperar se o poder de compra nacional aumentasse através duma significativa redistribuição dos ganhos e da riqueza, e isso estava fora de questão para as elites da região. Os mercados para a exportação, especialmente o relativamente aberto mercado norte-americano, apresentaram-se como um substituto indolor.

O capital japonês cria uma plataforma de exportação

O Banco Mundial apadrinhou a criação de zonas de processamento de exportações, onde o capital estrangeiro se podia unir a uma mão-de-obra (normalmente feminina) barata. Também apoiou incentivos fiscais para os exportadores e, com menos êxito, promoveu a liberalização do comércio. Não obstante, só a meados dos anos oitenta é que as economias do Sudeste asiático descolaram, e não tanto graças ao Banco Mundial como à agressiva política comercial norte-americana. Em 1985, com o acordo que ficou conhecido como o Acordo Plaza [1], os Estados Unidos forçaram a drástica reavaliação do iene japonês relativamente ao dólar e a outras divisas importantes. Tornando as importações japonesas mais caras para os consumidores norte-americanos, Washington esperava reduzir o seu défice comercial com Tóquio. Os custos de trabalho no Japão tornaram-se proibitivos, forçando os japoneses a transferir os trabalhos mais intensivos para zonas de salários baixos, principalmente a China e o Sudeste asiático. Entre 1985 e 1990, pelo menos 15 mil milhões de dólares de investimento directo japonês fluíram para o Sudeste asiático.

A entrada de capital japonês permitiu aos «novos países industrializados» do Sudeste asiático escaparem da restrição de crédito do início dos anos oitenta, provocada pela crise da dívida do Terceiro Mundo, superar a recessão global de meados dos anos oitenta e passar a um processo de rápido crescimento. A centralidade da endaka, ou reavaliação da moeda, reflectiu-se na taxa de afluência de investimentos estrangeiros directos para a formação do grande capital, que se acelerou espectacularmente no final dos anos oitenta e durante a década de noventa na Indonésia, Malásia e Tailândia.

Onde melhor puderam ver-se as dinâmicas do crescimento promovido pelo investimento estrangeiro foi na Tailândia, que recebeu 24 mil milhões de dólares de investimento das nações ricas em capital - Japão, Coreia e Taiwan - em apenas cinco anos, entre 1987 e 1991. Fossem quais fossem as preferências do governo tailandês em matéria de política económica - proteccionista, mercantilista ou pró-mercado - esta enorme quantidade de capital chegado do Sudeste asiático à Tailândia não podia senão fazer disparar o seu rápido crescimento. O mesmo é válido para outras duas nações favorecidas no Nordeste asiático: Malásia e Indonésia.

No entanto, o mais importante não foi a escala do investimento japonês durante um período de cinco anos, foi sobretudo o modo como se fez. O governo japonês e os keiretsu, ou conglomerados, planearam e cooperaram estreitamente nas transferências para instalações fabris no Sudeste asiático. Uma dimensão chave deste plano foi transferir não só para as grandes empresas, como a Toyota ou a Matsushita, mas também para as pequenas e médias empresas, que forneciam os componentes e outros dispositivos para o processo de produção. Outra foi integrar as operações de fabrico complementares, que se espalharam por toda a região, em vários países. O objectivo era criar uma plataforma do Pacífico asiático para reexportar para o Japão e exportar para mercados de países terceiros. Esta foi a política e a planificação industrial em grande escala, gerida em consenso pelo governo japonês e pelas empresas, e levada a cabo pela necessidade de fazer ajustes após o Acordo Plaza. Como afirmou um diplomata japonês com bastante candura, «o Japão está a criar um mercado exclusivamente japonês, no qual as nações do Pacífico asiático estão a ser integradas no chamado sistema keiretsu (bloco financeiro-industrial).»

A China domina o modelo

Se Taiwan e a Coreia foram pioneiras no modelo, e o Sudeste asiático as acompanhou de muito perto, e com êxito, no seu despertar, a China aperfeiçoou a estratégia da industrialização com vista à exportação. Com o seu exército de reserva de mão-de-obra barata sem paralelo em nenhum outro país, a China converteu-se na «fábrica do mundo», conseguindo 50 mil milhões de dólares anuais de investimento estrangeiro durante a primeira metade desta década. Para sobreviverem, as empresas multinacionais foram obrigadas a transferir as suas operações de trabalho intensivo para a China, de modo a conseguirem vantagens no que chegou a ser conhecido como «preço chinês», provocando nesse processo uma enorme crise nas forças de trabalho organizado dos países de capitalismo avançado.

Este processo dependia do mercado norte-americano. Enquanto os consumidores norte-americanos esbanjassem o seu dinheiro, as economias do Sudeste asiático podiam continuar a funcionar em pleno rendimento. O baixo índice de poupança das famílias norte-americanas não era obstáculo enquanto o crédito estivesse disponível para qualquer pessoa, e em grande escala. A China e outros países asiáticos não deixaram escapar os bónus do tesouro norte-americano, e emprestaram maciçamente às instituições financeiras norte-americanas, que por sua vez emprestavam aos consumidores e compradores de casas. Mas agora a economia de crédito norte-americano implodiu e, durante muito tempo, não parece que o mercado norte-americano vá gerar a mesma forte dinâmica de procura. Resultado: as economias de exportação asiáticas ficaram isoladas.

A ilusão de independência económica

Durante vários anos a China foi vista pelas economias menores do Japão e do Sudeste asiático como uma alternativa dinâmica ao mercado norte-americano. A procura chinesa, apesar de tudo, tirou as economias asiáticas, incluindo a da Coreia e do Japão, dos abismos da estagnação e das cinzas da crise financeira asiática da primeira metade desta década. Em 2003, por exemplo, o Japão rompeu com uma década de estagnação, ao deparar com a ânsia chinesa de capital e mercadorias tecnológicas avançadas. As exportações japonesas dispararam para níveis recorde. A China converteu-se, a meio da década, no «impulsionador por excelência do crescimento exportador de Taiwan e Filipinas, e no maior comprador de produtos do Japão, Coreia do Sul, Malásia e Austrália.»

Embora a China se apresentasse como um novo impulsionador do crescimento através das exportações, algumas análises ainda consideravam que a possibilidade dum «arranque» da locomotiva norte-americana era uma quimera. Uma investigação dos economistas C.P. Chandrasekhar e Jayati Ghosh, por exemplo, sublinhou que a China estava a importar mercadorias e componentes do Japão, Coreia e países da ASEAN, mas apenas para os colocar como produtos terminados, principalmente para a exportação para os Estados Unidos e a Europa, e não para o mercado nacional. Assim, «se a procura de exportações chinesas pelos Estados Unidos e pela Europa desacelerar, como provavelmente ocorrerá em caso de recessão nos Estados Unidos», afirmavam, «não só afectará a produção industrial chinesa, como também a procura de importações chinesas por parte dos países asiáticos em vias de desenvolvimento.»

A queda do principal mercado asiático fez esquecer qualquer possibilidade de «descolamento». A imagem das locomotivas desatreladas - uma parando, a outra avançando aos solavancos por outra via - já não é válida, se é que alguma vez o foi. Além disso, hoje em dia as relações económicas entre os Estados Unidos e o Sudeste asiático fazem lembrar uma cadeia de prisioneiros acorrentados, que ata a China não apenas aos Estados Unidos, mas a uma multidão de economias satélites das anteriores, e todas têm de marchar a um só passo: todas elas estão acorrentadas ao poder de compra da classe média, financiado pela dívida nos Estados Unidos, que caiu a pique.

O crescimento da China caiu para 9% em 2008, quando no ano anterior tinha sido de 11%. O Japão encontra-se agora numa profunda recessão e as suas poderosas indústrias, orientadas para a exportação de bens de consumo, vacilam com a queda das vendas. A Coreia do Sul, de longe a mais resistente das economias asiáticas, viu a sua moeda cair 30% face ao dólar. O crescimento do Sudeste asiático em 2009 será provavelmente metade do de 2008.

Aproxima-se a raiva

O fim repentino da era das exportações vai ter desagradáveis consequências. Nas últimas três décadas, o rápido crescimento reduziu, em muitos países, o número de pessoas que viviam abaixo da linha de pobreza. Em praticamente todos os países, no entanto, a desigualdade de rendimento e de riqueza aumentou, mas a expansão do poder de compra do consumidor evitou que os conflitos sociais chegassem ao limite. Agora que a era do crescimento rápido chegou ao fim, uma crescente pobreza, aliada a enormes desigualdades, será uma combinação explosiva.

Na China, cerca de 20 milhões de trabalhadores ficaram sem trabalho nos últimos meses, sendo muitos obrigados a regressar ao campo, onde dificilmente encontrarão trabalho. As autoridades estão razoavelmente preocupadas pela possibilidade daquilo a que chamam «incidentes de massas», que aumentaram na última década, ficarem fora de controlo. Com a válvula de segurança da procura estrangeira para os trabalhadores indonésios e filipinos despedidos, centenas de milhares de trabalhadores estão a regressar aos poucos empregos e quintas moribundas. É provável que o sofrimento seja acompanhado de protestos crescentes, como sucedeu no Vietname, onde as greves estão a estender-se como pólvora. A Coreia, com a sua tradição de protesto de carácter militante de operários e camponeses, é uma bomba-relógio. Mais ainda: é possível que o Sudeste asiático esteja a entrar num período de protestos radicais e revolução social, que aparentemente passou de moda quando a industrialização com vista à exportação se converteu em tendência há três décadas atrás.


* Walden Bello, professor de ciências políticas e sociais na Universidade das Filipinas (Manila), é membro do Transnational Institute de Amesterdão e presidente da Freedom from Debt Coalition, bem como analista sénior na Focus on the Global South.



Nota do Tradutor
[1] O nome do hotel onde foi assinado, N. do T.

* Walden Bello é analista político e ex-director executivo do Instituto de Investigação e Activismo para o Sul Global, com sede em Banguecoque e vice-presidente do Fórum Social Mundial


Este texto foi publicado em
www.sinpermiso.info

Tradução de Luzia Paramés

"O fim repentino da era das exportações vai ter desagradáveis consequências. Nas últimas três décadas, o rápido crescimento reduziu, em muitos países, o número de pessoas que viviam abaixo da linha de pobreza. Em praticamente todos os países, no entanto, a desigualdade de rendimento e de riqueza aumentou, mas a expansão do poder de compra do consumidor evitou que os conflitos sociais chegassem ao limite. Agora que a era do crescimento rápido chegou ao fim, uma crescente pobreza, aliada a enormes desigualdades, será uma combinação explosiva".

COMPREENDA AS MULHERES



Génio da lâmpada !!!...mas que génio! !!


Um homem caminhava pela praia de Cascais e tropeçou numa velha lâmpada.
Pegou nela, esfregou-a e...um génio saltou lá de dentro, que disse:
' O.K.! Libertaste-me da lâmpada, blá, blá, blá! Esquece aquela história dos 3 desejos! Tens direito a um desejo apenas e ponto final! '
O homem disse:
'Eu sempre quis ir aos Açores, mas tenho um medo enorme de
voar...e no mar costumo ficar enjoado. Podes construir uma ponte até aos Açores, para eu poder ir de carro? '

O génio riu muito e disse:
'Impossível. Pensa na logística do assunto. Como é que os pilares chegavam ao fundo do Oceano Atlântico? Pensa em quanto betão armado, em quanto aço, em quanta mão-de-obra...
Não, de maneira nenhuma! Pensa noutro desejo.'
O homem compreendeu e tentou pensar num desejo realmente possível.
' Fui casado e divorciado 4 vezes. As minhas mulheres disseram sempre que eu não me importava com elas e que era um insensível.
Então, é meu desejo compreender as mulheres; saber como se sentem por dentro e o que estão a pensar quando não falam connosco; saber porque estão a chorar...
saber realmente o que querem quando não dizem nada...saber como faze-las realmente felizes!'
.................
O génio respondeu:
'Queres a porra da ponte com duas ou quatro faixas?'

enviado por JVA

MÁRIO CRESPO


Maiorias não, obrigado!

Maiorias não, obrigado!

As maiorias absolutas de Cavaco Silva e José Sócrates e a maioriazinha limiana de Guterres tiveram em comum o acesso a imensas verbas da Comunidade Europeia. Apesar disso, estes governos deixaram legados que se traduzem nos terríveis números da insolvência. A maior responsabilidade vem da primeira maioria do PSD com aumentos eleitoralistas de ordenados do funcionalismo público, que não foram suportados pelo crescimento da produtividade, mas por verbas da CEE que deviam ter tido outro destino. Eram dinheiros previstos no Tratado de Adesão assinado por Soares e Mota Pinto, para modernizar o sistema produtivo. Desfeito o Bloco Central, as dádivas comunitárias foram desaparecendo, desbaratadas por má administração e saque.

Foram montantes colossais os que Cavaco Silva mandou Álvaro Barreto negociar a Bruxelas, mandatando-o para abreviar os períodos de integração da economia nacional na CEE a troco de dinheiro. Sem prazos de salvaguarda para proteger áreas económicas críticas (muitos países comunitários ainda os detêm) Portugal enfrentou a competitividade brutal das economias mais desenvolvidas do Mundo.

Entre formação profissional que nunca foi dada, programas de modernização que não se implantaram, auto-estradas a mais e portos de pesca a menos, o dinheiro gastou-se. O arranque das vinhas e oliveiras a troco de ECU destruiu a base agrícola do país. A bizarra política do abate dos meios de pesca transformou uma nação de pescadores num povo que mendiga à Pescanova espanhola que venha implantar em Portugal os seus tanques de linguados transgénicos que se reproduzem entre antibióticos e essências de sabor a camarão e lagosta. É nestas delícias do mar que se encontra agora o destino a que nos condenaram as maiorias do PSD e do PS. Um destino visível nas diferenças que hoje ressaltam nos sectores pesqueiros de Peniche e Vigo.

Do lado de cá, o porto que em tempo teve mais de 100 traineiras tem hoje cerca de dez, que não fainam sequer todos os dias. De Vigo partem os grandes navios-fábrica que vão pescar aquilo que comemos. Se em Portugal a indústria da construção naval enfrenta crises de identidade que levam às bizarras arquitecturas dos ferry dos Açores, que mais parecem a barca em que Karonte transporta as almas para o Inferno, nos estaleiros de Vigo constroem-se colossos como o grande França-Morte que de português só tem o espírito de coragem dos seus armadores. Tudo o mais, do aço à tecnologia, é espanhol.

A nação que construiu o Creoula em 100 dias nos estaleiros da CUF, na doca de Alcântara, já cá não está. Tal como Cavaco, Sócrates em quatro anos nada fez que mudasse estruturalmente Portugal. Exulta com a eficácia da sua máquina de recolher impostos que lhe deram temporariamente uma ilusão de equilíbrio orçamental. Mas, sem reformas reais, chegada a fase eleitoral, tal como Cavaco o tinha feito, também Sócrates opta por comprar votos com aumentos aos funcionários.

Só que desta vez nem dinheiro tem para isso. E assim, cumprindo a tradição de indignidade de Cavaco e Guterres, também Sócrates se vai embora deixando o país de tanga. A única diferença é que desta vez podemos ver como os outros vivem através da Internet no minúsculo ecrã de um Magalhães comprado na Feira da Ladra com dinheiro emprestado. Terá sido um bom investimento, se finalmente aprendermos que só há uma maneira da nação recuperar pacificamente a dignidade da iniciativa. É evitando que estas maiorias se repitam.

in "JORNAL DE NOTÍCIAS"

Bairro Alto: PERIGO!

Pessoa em quem confiamos enviou-nos esta notícia com pedido de publicação

Na altura do Carnaval, ouviu-se falar de um caso que nos arrepiou imenso. Duas jovens universitárias tinham sido interpeladas por um grupo de rapazes bem parecidos, no Bairro Alto, que lhes fez uma pergunta:-"Morte, violação ou boca de palhaço?"
As jovens, pensando tratar-se de uma brincadeira de Carnaval, responderam prontamente:
- "Boca de palhaço".
Foram esfaqueadas dos lábios às orelhas. Sabemos que ainda hoje estão traumatizadas e que nenhuma cirurgia plástica as irá deixar como eram antes.

No passado fim de semana, voltou a acontecer a outra jovem que em pleno Largo Camões, a jovem esperava por um táxi vazio que a levasse para casa.
Pois quem a levou foram quatro rapazes, que lhe fizeram a mesma pergunta arrepiante e o resultado é o mesmo. Esfaqueada, com um "sorriso" de palhaço.

Achamos estranho que nenhum telejornal faça referência a isto, porque pressupomos de que já aconteceu mais vezes. Sendo assim, e como acreditamos no poder do passa a palavra, por favor divulguem esta história a toda a gente.
É preciso que toda a gente saiba. É preciso que tenhamos cuidado. É preciso que andemos acompanhadas.

É URGENTE ALGUÉM FAZER ALGUMA COISA!!!

enviado por VITAMINA