Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
25/06/2009
EXAMES MÉDICOS EM ADOLESCENTES
No JORNAL DE NOTICIAS escreve PAULO MARTINS
No DIÁRIO DE NOTÍCIAS escreve MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO
apxxdxdocorreio@gmail.com
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PAULO MARTINS
Questão de saúde pública
Pode um adolescente ser submetido a exames médicos sem consentimento expresso dos pais? Formulada assim, no terreno meramente teórico, a resposta natural à pergunta é não. Contudo, descendo às circunstâncias concretas, a negativa deixa de ser tão absoluta.
O programa "Cuida-te", que tanta celeuma tem suscitado por proporcionar a adolescentes a realização de testes anónimos de despistagem de HIV, procura responder a uma situação que tendemos a fazer de conta que não existe. Crescem os comportamentos de risco entre os mais novos e, como a sida não escolhe idades, o vírus foi já detectado em quase 200 jovens, entre 10 e 19 anos. A questão tem de ser, portanto, colocada no plano da saúde pública. Não são para aqui chamadas motivações políticas e ideológicas ou sequer impedimentos legais.
Não espanta que uns quantos encarem a medida como um ataque à autoridade da família. São os mesmos que se revoltam contra a Educação Sexual nas escolas ou o acesso dos jovens a preservativos - chega a ouvir-se que incentivam práticas sexuais! Acreditarão, sinceramente, que os filhos vão a correr contar-lhes as suas aventuras?
Esperava-se de instituições respeitáveis como a Confederação de Associações de Pais e a Associação de Famílias Numerosas que apresentassem soluções alternativas de prevenção, em vez de reagirem como se aí viesse a proibição dos pais de vigiarem a saúde dos filhos. Os testes de HIV já são feitos, em centros de detecção da doença e em unidades do Instituto da Juventude, a pedido de menores, garantindo confidencialidade. Os dirigentes das associações andam, pois, distraídos. Mas a ministra da Educação, assustada, tratou logo de assegurar que a guerra não é dela, que nada se fará nas escolas. Pois não, faz-se à porta.
O argumento legal também não colhe. Dito de outra forma: se a realidade mudou, mude-se a lei. A maioridade é uma convenção - atinge-se hoje aos 18 anos, mas tempos houve em que a tutela paternal se prolongava até aos 21. A partir dos 16 anos, os jovens podem trabalhar e são penalmente imputáveis. Supor que não podem decidir sozinhos sobre um exame médico é, no mínimo, uma atitude preconceituosa.
O limite de 16 anos não tem forçosamente de se aplicar neste domínio. A autorização paternal pode até ser dispensada em idades mais precoces. Como em tudo na vida, que prevaleça o bom senso. E, já agora, a confiança nos profissionais de saúde. O que faz sentido é depositar na ética dos médicos a decisão sobre a maturidade dos adolescentes que solicitam testes. Não passa pela cabeça de ninguém que a tomem sem a devida ponderação ou sem fundamento científico.
MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO
Brincar com coisas sérias
O Instituto Português da Juventude - que ainda hoje não sei ao certo para que serve - teve uma ideia: realizar testes de sida nas escolas, contemplando com este "brinde" alunos entre os 12 e os 25 anos.
Fiquei estupefacta com a notícia desta iniciativa e assaltaram-me várias dúvidas. Qual o papel do Ministério da Saúde? Financiar o projecto? Então este projecto, claramente de saúde, com objectivos de prevenção da sida, envolvendo rastreios, só tem a chancela de um instituto público fora da sua tutela? Para além do ridículo da inversão dos papéis - o Ministério paga um projecto alheio que devia ser próprio e o Instituto executa um projecto próprio para o qual não tem nem vocação nem competência - os riscos são evidentes. A quem reportam os técnicos de saúde? Quem assume a responsabilidade pelos resultados? Quem assegura uma resposta imediata para os jovens cujo teste seja positivo? Quem averigua da legalidade ou ilegalidade da ministração de testes a menores? Quem assume, e com que direito, uma acção altamente intrusiva no poder paternal?
O mais extraordinário, porém, é considerar que uma criança com doze anos pode receber, sozinha, a notícia de que tem sida. Que nesse momento em que o chão lhe fugirá debaixo dos pés, a única garantia que lhe dão é que nenhum ombro paterno, nenhum colo materno, estarão à sua espera. Em contrapartida asseguram-lhe a confidencialidade. E o que pode significar a confidencialidade numa situação destas, se não o ficar perdido e só no seu labirinto?
Por motivos da minha vida profissional estive no primeiro embate desta doença devastadora e para a qual ninguém parecia preparado, nem os doentes, nem os profissionais de saúde, nem a sociedade em geral. Recordo-me das primeiras medidas tomadas no Banco de Sangue da instituição que dirigia; das conversas lancinantes com dadores contaminados, dos primeiros casos de doença, da criação de uma pequena equipa pluridisciplinar para os apoiar naquela revelação inicial; daquilo que era, então, uma sentença de morte. Lembro, particularmente, o olhar vazio de uma prostituta, do seu longo silêncio enquanto, com a melhor das intenções, lhe explicávamos a necessidade de exigir ao "cliente" o uso do preservativo, e da sua expressão amarga - aquela coisa da sida era apenas mais uma na sua vida de usura e violência - quando, antes de se ir embora, murmurou "eu tenho é de trabalhar". Recordo- -me também de ver no hospital de Ca-xias um grupo de doentes, espectros ambulantes à espera da morte, auxilian- do-se mutuamente durante as longas horas nocturnas em que não havia nem médico nem enfermeiro por falta de recursos.
A doença não foi considerada de declaração obrigatória e sabíamos que cada um que passava a porta estava perdido para nós, para o sistema de saúde, para tudo. Aquilo parecia-me demencial, que não fosse possível referenciar estes casos, encaminhá-los para estabelecimentos onde pudessem ser atendidos segundo o estado da arte que era, na época, ainda rudimentar. Mas não. Mais importante que declarar a doença e cuidar dos doentes, era impedir a descriminação. Devo reconhecer que as primeiras reacções foram assustadoras, como se tivéssemos recuado a uma idade das trevas, a uma peste negra, a um salve-se quem puder, parecendo legitimar atitudes discriminatórias totalmente irracionais.
A doença passou a ser declarada, mas havia já um enorme prejuízo acumulado: a ocultação agravara a ignorância e uma cultura de indiferença face a algo que se acreditava só acontecer aos "outros". Há alguns anos, um inquérito nacional revelava que a maioria dos portugueses acreditava que a sida se contagiava através de um aperto de mão. Mas a ocultação dificultou, também, um conhecimento da real situação da doença e dos doentes em Portugal e, por isso, a adopção de políticas eficazes.
Parece que o IPJ veio dar uma mãozinha: confusão, leviandade, correcção política e zelo pré-eleitoral. Uma brincadeira de mau gosto.
P A L Í N D R O M O
é o caso do conhecido:
Diante do interesse pelo assunto (confesse, já leu a frase ao contrário), tomei a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões... Se souber de algum, acrescente e passe adiante.
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A DROGA DA GORDA
A MALA NADA NA LAMA
A TORRE DA DERROTA
LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA:
ANIL É COR AZUL
O CÉU SUECO
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA O BOLO
O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO
RIR, O BREVE VERBO RIR
A CARA RAJADA DA JARARACA
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ
ESTE PRESIDE À UNIÃO EUROPEIA
O primeiro ministro Checo enerva-se, e dá uma estalada ao ministro da
saúde por motivo dos maus resultados obtidos.
E são eles que presidem à União Europeia! Uma vergonha!
Eu diria mais é gente desta que governa os povos!